A cena passa-se nas Nações Unidas, nos anos 80. Foi-me contada, há dias, por um dos ilustres protagonistas. À luz das convenções mais contemporâneas, pode haver quem a considere "politicamente incorreta". Mas eu arrisco.
Um grupo de trabalho sobre questões africanas suspende os trabalhos por uns minutos. Dois diplomatas, um espanhol e um português, trocam graças e, num presumível "portuñol", demonstram uma cumplicidade que surpreende alguns circunstantes.
Um dos diplomatas africanos, oriundo de um país fortemente dividido por conflitos étnicos, pergunta:
- Os espanhóis e os portugueses, sendo vizinhos, não têm conflitos?
- Já os tivemos, e bem fortes, no passado. Mas isso já lá vai - responde o português.
- Sabes, nós, no fundo, pertencemos à mesma tribo - adianta o espanhol.
- Ah! São da mesma tribo! Assim já percebo porque é que vocês se dão tão bem! - conclui o africano.
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