sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

As 30 mudanças nas nossas carteiras que chegam amanhã.

A maior parte das medidas de contenção anunciadas durante o ano que agora acaba entram em vigor amanhã. Famílias e empresas começam o ano com mais impostos e menos salários e benefícios sociais.PUBLICO.

Governo desmente aumento de vencimentos nas chefias de quatro institutos da Segurança Social. ?!?!?!

As promoções estão claramente escritas e descritas no DR! É preciso ter muita lata, ou sem vergonha nenhuma, para fazer promoções com um ano de retroactividade! Há portugueses de 1ª de 2ª e já de terceira, com este governo de Sócrates! 

“O Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social assegurou que as chefias de quatro institutos da Segurança Social terão vencimentos mais baixos a partir de 2011, negando assim uma notícia de que a tutela decidiu promover todas as chefias para compensar os cortes salariais no próximo ano.” PUBLICO.

Dez olhares sobre a Europa | 8 - No paraíso das negociações.

É a grande, a mais bela ideia da UE: sentar-se à mesa a dialogar, com tolerância e estilo. E não importa se o mundo avança mais depressa do que as nossas discussões. A defesa do modelo europeu pelo historiador romeno Mircea Vasilescu. Presseurop

Dez olhares sobre a Europa | 6 - A utopia à nossa porta

A UE comporta-se como uma adolescente complexada, que não sabe o que fazer do seu corpo em evolução, observa o investigador francês Philippe Perchoc. É, no entanto, na procura de novos sonhos com os países que se querem juntar a ela que crescerá e assumirá o seu papel no mundo. Presseurop

Dez olhares sobre a Europa | 5 - E-u-r-o-p-a.

Enquanto os índices bolsistas estavam na estratosfera, queimavam-se vacas na Europa. Hoje, todavia, o culto do valor apaga-se, em benefício do verdadeiro valor das coisas. Visão do escritor português Gonçalo M. Tavares. Presseurop

Dez olhares sobre a Europa I 4 - Gosto dela como do meu carrinho

Não é grande inspiração para os artistas, a Europa. O escritor alemão Thomas Brussig vê-a mesmo como um automóvel, objecto de idolatria para alguns, que tem o mérito de nos levar onde queremos. Presseurop

Dez olhares sobre a Europa | 3 A alegria da meia-idade.

A Europa está numa encruzilhada mas continua a ser atractiva. Deveria partilhar o seu modelo político, social e económico com o resto do mundo, escreve Paweł Świeboda. Presseurop

Dez olhares sobre a Europa | 2 - O desconcerto da Europa.

Dada a confusão política, social e religiosa que assola a Europa, o filósofo espanhol Fernando Savater pede um novo espírito de abertura a talentos, ideias e credos. Presseurop

DEZ VOZES PARA A EUROPA | 1 - Pária, logo europeu.

O escritor holandês Arnon Grunberg precisou de se instalar em Nova Iorque para se sentir europeu. Na sua família têm sido frequentemente o exílio e o expatriamento a construir a identidade familiar. Uma história que hoje vale para muitos de nós. Presseurop

Dez olhares sobre a Europa | 7 - Quando a minha filha usar a burca…

A mulher é o futuro da Europa, pode ler-se em algumas revistas. Mas muito perspicaz será aquele que for capaz de prever como será esse futuro. A romancista checa Petra Hůlová apresenta a sua visão trágico-cómica.

Petra Hůlová

"Esta já está a preparar-se para usar a burca", diz o meu marido, apontando, a sorrir, para a nossa filha de seis meses, que acaba de puxar instintivamente o cobertor até aos olhos. Gracejamos muitas vezes, ao imaginarmos como poderá ser a Europa do futuro dos nossos filhos: quando a Internet se tiver tornado um símbolo de um passado distante, como aconteceu com o telegrama e com o fax, e quando, ao recordarmos as nossas representações actuais do futuro, as pessoas se torcerem de riso, como com todos esses filmes de ficção científica da época do cinema mudo. Mas, de facto, não podemos deixar de pensar no futuro. Experimentem! Aliás, não é verdade que se espera que todos os europeus responsáveis se preparem para o futuro? É certo que o cidadão europeu não pertence a um povo primitivo, não é como esses fatalistas que vivem sem se ralar com o amanhã, ainda que não ter Internet, nem bicicleta, nem autoclismo na casa de banho, não faça de alguém um ser inferior. O mesmo se pode dizer do uso da burca, apesar de, na Europa, os muçulmanos não serem muito apreciados. No entanto, estes sentem-se em casa na Internet e, em muitos casos, muito melhor do que na França ou na Alemanha onde nasceram.

O futuro da Europa pertence às mulheres?

Hoje, o debate sobre os muçulmanos e a Europa está no auge. Até no meu país natal, a República Checa, onde encontrar um muçulmano nas ruas de uma das  cidades não é coisa muito fácil. "Não interessa", afirmam alguns dos polemistas checos de direita. "Que vão todos para o diabo!" Até agora, no meu país, à falta de um número suficiente de muçulmanos, estes dirigem os seus ataques contra os ciganos, os vietnamitas e, por vezes, as mulheres. Até as revistas mais conformistas, cheias de belas imagens, dedicadas à área casa e jardim, dizem que o futuro da Europa pertence às mulheres. Afirmar isto não tem, pois, nada de extraordinário e as pessoas que se opõem a tal ideia são apenas aquelas que têm qualquer coisa contra as mulheres ou que imaginam as europeias do futuro usando burcas e pensam que, vestidas dessa maneira, terão maior dificuldade em governar. Desde que, evidentemente, ainda haja alguma coisa para governar – no fundo, a questão mais importante. A espécie europeia está em vias de se extinguir, lentamente e, segundo alguns, a culpa é das mulheres emancipadas, às quais deveria pertencer o futuro da Europa. Quanto mais elevado é o seu grau de formação, mais independentes são financeiramente e menos filhos têm, essas desgraçadas! Algumas feministas defendem que a culpa é dos homens, porque foram eles que inventaram a pílula contraceptiva, para poder gozar plenamente os prazeres da carne, sem o risco da procriação. Mas será que o regresso colectivo ao preservativo iria inverter a situação? Dificilmente.

Na República Checa somos particularmente alérgicos às instruções

Quando olho para a nossa filha, da qual só vejo espreitar, sob as cobertas, dois pequenos olhos azuis e uma cabecinha careca de bebé, imagino-nos às duas, europeias, dentro de 30 ou 40 anos. Então, já terei ido juntar-me ao exército das reformadas exasperantes. Iremos invadir as ruas, aos magotes, umas velhas amargas, daquelas para quem o passado era melhor, como sempre acontece quando os velhos olham para trás, para a sua própria juventude. Um pouco senil e sem ilusões, irei protestar, com os meus contemporâneos, contra a quarta geração de livros digitais, daqueles que se podem meter no bolso como um bilhete de amor, sempre com o meu telemóvel de décima segunda geração ligado, para o caso de os meus netos quererem falar comigo, enquanto a minha filha, a caminho de uma reunião, voa a 500 km/h numa auto-estrada virtual. Com o vidro aberto, a burca a flutuar elegantemente ao vento. A auto-estrada estará cheia de mulheres idênticas. As europeias dos anos 2040 voltarão a lutar (quantas vezes o fizeram já!) pela emancipação. Desde que, evidentemente, tudo corra bem e consigamos lá chegar. Não estou com isto a referir-me às euro-regiões, à moeda única ou à ideia da Europa, mas sim às cidades, aos patrimónios e às pessoas. Como nos filmes-catástrofe, imagino um desastre ecológico, o colapso da Internet, o aparecimento de uma epidemia. Perante a possibilidade de tais catástrofes se verificarem, as perspectivas da extinção lenta da espécie europeia ou de haver na Europa uma maioria de muçulmanos parecem bem aprazíveis. Quanto às mulheres, mesmo que voltassem a ficar em casa isso não seria, no fundo, assim tão grave. Na verdade, não seriam precisas muitas coisas para nos livrarmos desta visão sombria do futuro. Bastaria que nascessem mais crianças, que vivêssemos mais modestamente e que fossemos menos gastadores. Olho para a minha filha, deitada ao meu lado, e tomo consciência de que, dentro de alguns anos, serei eu quem falará com ela usando "ses", enquanto ela me vai lançar olhares carregados. "E és tu quem me diz o que devo fazer?" É sempre a mesma coisa. Os estímulos só servem para irritar. Ao fim de 40 anos de experiência comunista, nós, na República Checa, somos particularmente alérgicos aos estímulos. Que ninguém se lembre hoje de querer fazer engenharia do futuro! Excepto, talvez, quando se trate de um fórum ou de um seminário, em que se apresentam comunicações e se discute inocentemente. E chega. Aliás, a História não mostra que os acontecimentos têm sempre um desfecho diferente daquele que se esperava? Sem dúvida. Aqui temos uma conclusão bem simpática. Mas quem acredita realmente nela? Presseurop.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

José Régio - Soneto quase inédito e muito actual...

     

 Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
  
 
JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969. 

 

 






Mitos sobre o vinho.

01 - O vinho, quanto mais velho melhor!
Uma das frases feitas preferidas de portugueses e não portugueses. Quase todos estão convencidos da razoabilidade da afirmação! Infelizmente, são poucos os vinhos que sabem envelhecer bem e ainda mais raros os que conseguem envelhecer com saúde. A quase totalidade dos vinhos mundiais, espumantes, brancos, rosés e tintos, é feita para ser consumida num curto prazo de tempo. A maioria dos rosados tem um período de vida útil de um ano, os brancos de dois anos, enquanto que nos tintos esse prazo se alarga para um máximo de quatro ou cinco anos. Por outro lado, sabendo que as condições de guarda dos vinhos são raramente razoáveis, não espere demasiado tempo para abrir as suas garrafas. Os poucos vinhos pensados para durar anos, décadas, são vinhos excepcionais… e geralmente muito caros. Mas, claro, nada se compara ao prazer de poder desfrutar de um vinho velho em plena saúde. Se tiver disponibilidade de capital e de espaço de guarda, atreva-se neste desiderato. 

02 - Um vinho “Reserva” será sempre melhor do que um vinho “normal”. As palavras “Reserva”, “Colheita Seleccionada” ou “Garrafeira” são uma garantia de qualidade!
Infelizmente, a realidade não confirma esta presunção. Na verdade, este tipo de adjectivação não tem qualquer relacionamento directo com a qualidade de um vinho. Os designativos “Reserva” e “Garrafeira” são normativos legais que em cada região determinam o período mínimo de estágio em barricas e, posteriormente, em garrafa. Não caracterizam mais nada e não existe qualquer correlação com a qualidade real. Indicações como “Colheita dos Sócios”, “Colheita Seleccionada”, “Selecção Especial”, “Reserva Pessoal”, ou outras referências, são opções de “marketing” sem qualquer conexão com a qualidade do vinho. Muitos vinhos triviais e de fraca qualidade ostentam estas palavras nos rótulos, da mesma forma que alguns dos melhores vinhos nacionais não lhe fazem referência. Por si só, estas palavras nada lhe dizem sobre o vinho.

03 - Um vinho “DOC” será sempre melhor do que um vinho “Regional”.
Mais uma vez, a realidade encarrega-se de não confirmar esta suposição. Para que um vinho tenha o direito de ostentar o nome de uma denominação de origem controlada terá de obedecer a regras claras, nomeadamente quanto ao uso das castas autorizadas e recomendadas para essa mesma DOC. Se, por exemplo, um produtor recorrer a castas não contempladas para essa mesma região, mesmo que melhores, ficará impedido de usar o nome da DOC. Algumas denominações de origem mais jovens, com menos historial, por vezes criadas apressadamente, nem sempre fizeram apostas racionais na escolha das castas recomendadas. Como tal, muitos produtores sentem-se constrangidos a recorrer a castas não recomendadas, castas que consideram ser mais adequadas às suas necessidades. É isso que explica por que alguns dos melhores vinhos portugueses são vinhos regionais. Este fenómeno é igualmente válido para outros países europeus, sobretudo Itália.

04 - O vinho de mesa não presta.
Por regra, o vinho de mesa é efectivamente de fraca qualidade e não merece demasiadas considerações. Existem, no entanto, raras excepções, e por vezes o vinho de mesa é a única solução para alguns produtores. Por exemplo, a legislação portuguesa não permite a mistura de vinhos provenientes de duas regiões diferentes. Imagine que existia (e existe) um vinho que emparceirava uvas do Dão e do Douro. Isto seria ilegal face à lei actual, excepto se vendido debaixo do chapéu-de-chuva de vinho de mesa. É esse o caso de um ou outro vinho português de topo. Ou imagine que um vinho não seria capaz de atingir a graduação mínima para poder ser considerado DOC ou Regional. Os vinhos de mesa seriam seguramente um refúgio comum entre os produtores portugueses, não fora a grave limitação de os vinhos de mesa não poderem estampar o nome de castas, e sobretudo, a data de colheita no rótulo. 

05 - Os vinhos mais caros são sempre melhores.
Seguramente que não e os exemplos a provar o contrário abundam. Num mercado livre, o preço dos vinhos é determinado não só pelos custos de produção mas também pela sua escassez, pelo factor moda, pelo eventual empolamento feito pela comunicação social, por boas campanhas de promoção, etc. No entanto é verdade que os melhores vinhos são usualmente mais dispendiosos na elaboração. Melhores barricas, menores produções, mais mimos, melhores rolhas e melhores equipamentos implicam custos acrescidos. Mas mesmo estes custos acrescidos não garantem, de forma alguma, que o produto final seja melhor ou sequer bom…

06 - O vinho branco não consegue envelhecer e tem de ser bebido o mais depressa possível.
Embora a afirmação não seja universal, existem razões mais do que suficientes para o depoimento. São poucos os vinhos feitos para envelhecer e ainda menos os vinhos brancos que têm capacidade para envelhecer. Por outro lado, existem exemplos vivos de vinhos brancos que envelhecem de forma admirável. Os vinhos da casta Alvarinho, de Monção e Melgaço, e os vinhos da casta Encruzado, no Dão, são os melhores exemplos portugueses. Fora de Portugal, a capacidade de guarda dos Riesling alemães é afamada, podendo viver em perfeita saúde por mais de 40 ou 50 anos.

07 - O vinho rosé é uma mistura de vinho branco com vinho tinto.
Não, não é, mesmo se a convicção se encontra firmemente enraizada no nosso imaginário. O vinho rosado é feito a partir de uvas tintas. A polpa da quase totalidade das uvas tintas é incolor, incapaz de acrescentar pigmentação ao mosto. São as peles, ou melhor, os corantes existentes nas películas das uvas tintas que acrescentam coloração ao vinho tinto. Quanto maior for o contacto com as peles, quanto maior for a extracção, mais intensa será a cor resultante. Os vinhos rosados passam pouco tempo de maceração em contacto com as películas e, como tal, não têm tempo suficiente para extrair muita matéria corante. O vinho resultante frui assim de uma cor mais aberta e rosada.

08 - O vinho branco tem de ser produzido com uvas brancas.
Na verdade… não! O vinho branco pode ser elaborado a partir de uvas tintas. Como acabámos de ver, a polpa das uvas tintas não tem matéria corante e, portanto, o sumo resultante é incolor. Se as uvas forem prensadas em bica aberta, ou seja, sem contacto com as peles, o vinho resultante é branco, esbranquiçado ou muito levemente salmonado. Como tal, é possível, e por vezes comum, que os vinhos brancos sejam elaborados recorrendo a uvas tintas. O caso mais paradigmático ocorre em Champagne, onde as castas Pinot Noir e Pinot Meunier, ambas tintas, são por regra vinificadas em branco. Quando assim é, o champanhe é categorizado como “blanc de noirs”. Em abono da verdade, convém referir que se exceptuarmos o caso particular dos vinhos espumantes, raramente vemos esta técnica aplicada.

09 - O Vinho Verde é feito com uvas vindimadas ainda verdes, em oposição ao vinho maduro, que é elaborado com uvas completamente maduras.
A imagem é comum, mesmo entre alguns apreciadores informados, mas não tem qualquer fundamento. Vinho Verde é o nome de uma região portuguesa, tal como as regiões do Douro, Ribatejo ou Bairrada. A região ganhou o nome de Vinho Verde por ser a região mais verde e húmida de Portugal, o Minho. Pela mesma razão, a região de turismo chama-se Costa Verde. Como seria de esperar, os vinhos provenientes da região do Vinho Verde são elaborados com uvas maduras, tal como nas restantes regiões portuguesas.

10 - Os verdadeiros grandes vinhos não sabem bem enquanto são jovens e só melhoram com a idade.
Não acredite nisso! Os bons vinhos são sublimes desde a nascença e não é por um milagre tardio que se transfiguram de bestas em bestiais. Claro que os vinhos que envelhecem bem poderão ser duros e severos enquanto jovens, mas a qualidade tem de se mostrar desde o primeiro instante. A história do patinho feio não tem cabimento no mundo do vinho. Um mau vinho nunca se transformará num bom vinho!

PGR abre processo disciplinar a procuradores do Freeport.

As capelinhas…

“O procurador-geral da República (PGR), Fernando Pinto Monteiro, abriu um processo disciplinar a vários magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) responsáveis pela investigação do processo Freeport, confirmou ontem o PÚBLICO, após a TVI ter avançado que a directora do DCIAP, Cândida Almeida, e os procuradores Vítor Magalhães e Paes de Faria são visados no processo.” PUBLICO.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mais descontos.

Tudo o que for prestação regular em dinheiro ou espécie estará sujeita a contribuição. Em ano de crise económico-financeira, os trabalhadores por conta de outrem vão fazer mais descontos para a Segurança Social. Tudo porque existem componentes de remuneração que estavam até agora isentos e que vão ser taxados a 11%.

Nenhum condutor que se queixou de obras nas auto-estradas foi reembolsado.

Porque será que estas entidades, criadas pelos governos, nunca respondem como devem aos cidadãos? ficamos sempre com a impressão que foram criadas para desresponsabilizar as entidades, que supostamente vigiam…

“Isto porque, até hoje, nunca o Instituto de Infra-estruturas Rodoviárias (InIR), enquanto regulador do sector, confirmou a existência de irregularidades ou de alguma situação de incumprimento. Resultado: "Não existiu nenhum ressarcimento aos utentes" das auto-estradas, confirmou fonte do InIR ao PÚBLICO.
Curiosamente, não foram muitos os pedidos de reembolso entregues directamente ao instituto regulador, usando o formulário que está disponível na pagina da Internet. Desde que entrou em vigor a legislação - pela Lei 24/2007, de 18 de Julho, regulamentada, quase um ano depois, pelo Decreto Regulamentar 12/2008, de 9 de Junho - o InIR recebeu apenas 41 pedidos de reembolso. As reclamações recebidas pelo instituto regulador diziam respeito a obras no lanço entre Condeixa e Coimbra, na A1; no lanço entre Coina e Palmela da A2 e, na A8, entre Lisboa e Malveira.
Já os pedidos de reembolso efectuados junto das concessionárias foram muitos mais. Só no caso da A8 (entre Lisboa e Leiria, concessionada à Auto-estradas do Atlântico) foram 290 os pedidos de devolução de taxas noticiados. Porém, é sempre o regulador quem tem de atestar a situação de incumprimento que poderá justificar o reembolso da portagem. E até agora o InIR não passou nenhum.

Obras não dão reembolso

PUBLICO.

Miklos Fehér

A Benfica SAD entende, à semelhança da seguradora Fidelidade Mundial, que a morte súbita de Fehér, ocorrida há seis anos, durante um jogo em Guimarães, resultou de causas naturais. Mas o Tribunal da Relação de Lisboa, num acórdão revelado ontem pelo CM, deu como provado um acidente de trabalho e determinou o pagamento aos pais do jogador de uma pensão anual vitalícia de 76 776 euros.

Concessão da Fertagus.

“ MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
Decreto-Lei n.o 78/2005 de 13 de Abril
A concessão da exploração do serviço de transporte ferroviário de passageiros do eixo norte-sul foi atribuída à sociedade FERTAGUS—Travessia do Tejo, Transportes, S. A., adjudicatária no concurso público internacional regulado pela Portaria n.o 565-A/97, de 28 de Julho, conforme o despacho conjunto n.o 731/98, dos Ministros das Finanças e do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, publicado no Diário da República, 2.a série, de 19 de Outubro de 1998.
O contrato de concessão da exploração do serviço de transporte ferroviário de passageiros do eixo norte-sul, celebrado entre o Estado, na qualidade de concedente, e a sociedade FERTAGUS—Travessia do Tejo, Transportes, S. A., na qualidade de concessionário, prevê, na sua cláusula 12.a, n.o 2, a possibilidade de renegociação do contrato no seu todo, caso se constatasse que durante o período inicial da concessão o volume de tráfego não atingia o limite inferior da banda inferior de tráfego. Tendo-se verificado que, durante todo o período inicial (que cobriu parte do ano de 1999 —desde a data do início efectivo da exploração até 31 de Dezembro desse ano— e os anos de 2000, 2001 e 2002), o volume de tráfego não atingiu o limite inferior da banda inferior de tráfego contratualmente definida, quer o concedente quer o concessionário revelaram disponibilidade para renegociar global e integralmente o contrato.
Nesse sentido, o concedente e o concessionário celebraram um acordo sobre a renegociação do contrato de concessão da exploração do serviço de transporte ferroviário de passageiros do eixo norte-sul, visando enquadrar juridicamente o procedimento renegocial a desenvolver.”

ANEXO
Bases da concessão do eixo ferroviário norte-sul
Base I
Objecto da concessão

1—A concessão tem por objecto principal a exploração, pelo concessionário, em regime regular e contínuo,

do serviço de transporte ferroviário suburbano de passageiros no eixo ferroviário norte-sul, entre as

estações de Roma-Areeiro, Entrecampos, Sete Rios, Campolide, Pragal, Corroios, Foros de Amora, Fogueteiro,

Coina, Penalva, Pinhal Novo, Venda do Alcaide, Palmela e Setúbal.

2—Por acordo entre o concedente e o concessionário, pode ser alterado o ponto extremo do serviço

concessionado, estendendo-se a concessão, na margem norte, até à Gare do Oriente, e ou, na margem sul,

até Praias do Sado.

3—O concessionário explora ainda o serviço complementar de transporte rodoviário nos termos a prever

no contrato de concessão.”

Despedimento de gestores de empresas públicas de transportes…

Seria interessante de ver, o demitir e, pedir responsabilidades civis e criminais, a estes Srs..

“Esta conclusão decorre do Relatório de Auditoria ao Cumprimento da Unidade da Tesouraria do Estado por Entidades Públicas Empresariais, disponibilizado no dia 22 e que está na base da manchete de hoje do jornal I, e decorre do desrespeito daquela regra, com 82,2 por cento das verbas do sector de transportes e gestão de infra-estruturas aplicadas no final do ano passado fora do Tesouro, na banca comercial.
Sendo mais gravosa no caso dos transportes, que abrange quatro empresas e onde se incluem a CP, o Metropolitano de Lisboa e a Refer, esta situação é comum a outros sectores, como a cultura e educação, economia e saúde, onde um conjunto de 18 entidades tinham (36 por cento do total de entidades destes sectores) tinham 315 milhões de euros aplicados fora do Tesouro, mas nalguns casos com expressão residual No entanto, só a CP representa mais de dois terços deste valor, com 235 milhões, seguindo-se o Metropolitano de Lisboa, com 22,5 milhões, o Centro Hospital de Trás-os-Montes e Alto Douro com quatro milhões, o Centro Hospital do Tâmega e Sousa, com 1,4 milhões, e o Centro Hospitalar da Cova da Beira com um milhão. A empresa “considera que o Regime da Tesouraria do Estado não lhe é aplicável, visto que a sua actividade não é desenvolvida essencialmente com base na execução orçamental”, lê-se no relatório…”PUBLICO.

Os ABBA vão voltar aos palcos?

Eu gostava de ver!

Agnetha Fältskog, uma das cantoras dos ABBA, admitiu a possibilidade de o histórico grupo sueco voltar aos palcos, para eventos de beneficência, mas excluiu uma eventual digressão do quarteto. PUBLICO.

Qual crise!

"Ora aqui vai outro importante contributo, para que o Ministro das Finanças não continue a fazer de nós parvos, dizendo com ar sonso que não sabe em que mais cortar.

Acabou o recreio!

Se todos vocês falarem, com amigos e familiares e reencaminharem como eu faço, ao fim de algum tempo seremos centenas de milhar de "olhos mais bem abertos".

Orçamento do Estado

Todos os ''governantes'' [a saber, os que se governam...] de Portugal falam em cortes das despesas, mas não dizem quais, e aumentos de impostos, a pagar pela malta.

Não ouvi foi nenhum governante falar em:

. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três Presidentes da República retirados, uma vez que qualquer cidadão é igual perante a lei (ou será que vivemos numa monarquia encapotada, com uma "família real" dos antigos PR?) e, quando um PR volta à condição de cidadão "normal", deve ser tratado como tal.

. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações,tudo à custa do pagode

. Acabar com os milhares de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e têm funcionários e administradores com 2º ou 3º emprego.

. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euros mês e que não servem para nada, antes acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821, etc

. Redução drástica das Juntas de Freguesia.

. Acabar com o pagamento de 200 € por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 € nas Juntas de Freguesia

Acabar com o Financiamento aos Partidos. Que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem para conseguirem verbas para as suas actividades

. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País.

. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias, e até os filhos das amantes.... Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.

. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos às escolas, ir ao mercado a compras, etc. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis...

. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total.

HÁ QUADROS QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DA COISA PÚBLICA...

. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCEPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder...

. Acabar com a internet nas repartições públicas (Câmaras, Hospitais e demais locais de trabalho), acesso só em local próprio e por requisição, ficando sob controlo e registado o que o funcionário fez.
Se quiserem andar no Facebook, MSN, Google, etc., façam-no em casa e a expensas próprias que não ás custas do contribuinte.

. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar..

. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e de entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.

. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e quejandos, onde quer que estejam.
. E por aí fora. Recuperaremos depressa a nossa posição, sobretudo a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado .

. Já estamos cansados, fica assim.

. Expliquem porque o Presidente da Assembleia da República tem ao seu dispor dois automóveis (de serviço). Deve ser um para a "pasta" e

outro para a "lancheira".

ACRESCENTE AQUI O QUE SABE DE DESVIOS A UMA BOA GESTÃO DA COISA PÚBLICA E OS CASOS DE CORRUPÇÃO QUE EM GERAL OU NO PARTICULAR CONHEÇA E DIFUNDA...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Água no combustível em bomba da BP avariou 30 automóveis.

Será que ainda é água do mar, do Golfo do México depois do afundamento de uma plataforma petroleira?

Empresa assume o problema na A11, que subsistiu alguns dias, e terá já contactado os lesados para pagamento, por uma seguradora, dos prejuízos. PUBLICO.

Os mais inteligentes deitam-se tarde.

“As "corujas" são mais criativas e as "cotovias" mais organizadas. Entre cérebros "artísticos" e "pragmáticos" era essa a diferença imposta pelos ritmos de actividade. Mas agora um estudo veio quebrar este equilíbrio com uma conclusão, no mínimo, controversa: as pessoas que se deitam tarde têm tendência para ser mais inteligentes do que as outras.” Por Luís Francisco Público.

O chefe prevarica, o partido paga, o Estado devolve.

Que maravilha!

“O PCP viu uma coima passar de três mil para trinta mil euros. Tudo por causa da "responsabilidade pessoal" dos dirigentes partidários” Público.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Dois terços da ajuda anticrise foram parar ao sector bancário.

Como é isto possível?!?!?!

“As ajudas aprovadas em 2009 pelo Governo para combater os efeitos da crise internacional em Portugal foram absorvidas pelos bancos e pelas empresas.” PUBLICO.

Começou a grande limpeza.

Croácia, Kosovo, Montenegro: em duas semanas, os dirigentes ou antigos líderes destes três países foram postos em causa ou detidos. O seu ponto comum, observa um semanário montenegrino, é que a União Europeia quer limpar o caminho antes da adesão. Milka Tadić Mijović . Presseurop

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Administrador da CGD (José Araújo e Silva) vive em prédio da CGD.

Um administrador da CGD, José Araújo e Silva, arrendou uma casa ao grupo bancário onde trabalha, apesar do ponto de vista legal essa questão ser controversa. No mesmo prédio, que pertence à CGD, vive também o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. O prédio onde habita José Araújo e Silva, localiza-se em Lisboa, junto à Praça do Saldanha, e pertence ao grupo CGD. Recorde-se que a legislação em vigor impede os gestores do grupo de manterem relações de negócio com a instituição. A CGD confirmou ao PÚBLICO que o seu administrador “José Araújo e Silva mantém um contrato de arrendamento com uma instituição pertencente ao Grupo CGD, desde meados de 2008, na Rua das Picoas”.
Segundo o grupo estatal o seu inquilino “paga pela renda os preços de mercado”, que esclareceu ainda “que mensalmente paga ao proprietário”, leia-se a CGD, “1.100 euros”. O banco público salienta que no final do ano as rendas que recebe do seu gestor perfazem, ao fim do ano, “13.200 euros”. Na CGD Araújo e Silva tem os pelouros da da gestão de imóveis, SOGRUPO GI, do marketing, do financiamento imobiliário, Caixa Seguros, recuperação de crédito e crédito especializado.
Antes de Araújo e Silva ser inquilino da CGD, fonte oficial do banco refere que o andar na Rua das Picoas estava arrendado por 100 euros. O PÚBLICO não sabe se o Conselho Fiscal do grupo estatal, presidido por Eduardo Paz Ferreira, foi chamado a apreciar a questão. PUBLICO.

PT vai dar prémio de 1200 euros a todos os trabalhadores.

Como é um bom negócio, para a PT, dá este bónus aos trabalhadores efectivos pois, todos aqueles, e já são milhares, que trabalham em empresas contratadas pela PT, nada receberão!

“A operadora decidiu premiar os funcionários pelo negócio da venda da Vivo, que rendeu à empresa 7,5 mil milhões de euros.” PUBLICO.

Caixa BI paga 1,1 milhões de euros em prémios de produtividade?!?!?!

Com o dinheiro dos portugueses, estes Srs.., vivem bem. Esquecem-se que a CGD é do Estado, portanto de todos os portugueses!

“A Caixa BI (banco de investimento da Caixa Geral de Depósitos) prepara-se para pagar este ano prémios comerciais e de produtividade de mais de um milhão de euros - uma parte deste valor já foi entregue no último trimestre do ano.” PUBLICO

Benfica, FC Porto e Sporting têm que pagar 156,2 ME à banca no próximo ano!

Eu quero ver isso acontecer!

Derrubem Lukashenko, não o seu povo!

O Presidente bielorrusso deverá cumprir o seu quarto mandato, na sequência de novas eleições manipuladas. Ainda assim, o Ocidente não deveria virar as costas a este vizinho de Leste, defende o Rzeczpospolita.

Jerzy Haszczyński

Mais uma vez, as eleições presidenciais na Bielorrússia tornaram-se um problema para o Ocidente. O espancamento, pela polícia, de rivais do candidato à reeleição, maus-tratos a manifestantes antigovernamentais e a dirigentes da oposição – são fatores que em nada contribuem para encorajar uma abertura em relação à Bielorrússia de Lukashenko. Pelo contrário: parece tratar-se de um regresso aos terríveis tempos em que Alexander Lukashenko era classificado como o "último ditador da Europa". Os resultados da consulta de domingo (79,67% dos votos para o candidato à reeleição) estão a ser postos em causa em Minsk e fontes da oposição estimam que a votação em Lukashenko se situará em metade da que lhe é atribuída pela sondagem à boca das urnas encomendada pelo Governo. Assim, qual deverá ser a nossa reação aos resultados oficiais?  Deveremos voltar a impor sanções ao regime bielorrusso, voltar a proibir os seus funcionários de visitar o Ocidente, excluir Lukashenko dos encontros amigáveis com Berlusconi? É mais fácil dizer qual deveria ser a nossa reação ao espancamento do candidato da oposição Vladimir Neklyayev: duras críticas e indignação. Contudo, não deveríamos tomar decisões apressadas e emocionais. Não estou a sugerir que devamos fingir que nada aconteceu. Aconteceu muita coisa e devemos dizer isso alto e bom som. Têm de ser pedidas explicações sobre a contagem dos votos e sobre os ataques da polícia aos líderes da oposição.

A Bielorrússia nem sempre é um parceiro fácil

No entanto, o Ocidente não deve vacilar entre sanções e promessas, entre ameaçar o regime com um pau, num dia, e oferecer-lhe a cenoura, noutro dia. Aqueles que, antes das eleições, ofereceram um molho de cenouras estavam realmente à espera de que as regras democráticas fossem respeitadas? Esperavam, por exemplo, que a mentalidade dos responsáveis pelo escrutínio mudasse de um dia para o outro? A Bielorrússia não é o único país a leste da UE onde os resultados eleitorais deixam, para dizer o mínimo, margem para dúvidas. E o Ocidente não vê nada de mal em ter conversações com outros dirigentes regionais e em negociar com eles. Há um certo país a leste da UE chamado Rússia, onde a polícia ataca uma senhora de 82 anos e isso não causa a deterioração das relações com o Ocidente. Lukashenko tem muitos pecados na consciência e, um dia, talvez o seu próprio povo o obrigue a responder por eles. Mas a Bielorrússia reforçou a sua soberania sob o reinado de Lukashenko. Não se trata de um parceiro fácil para ninguém. E isso não vai mudar. O Ocidente deveria ponderar seriamente se deve voltar as costas a Lukashenko. E não deve, de modo algum, voltar as costas aos bielorrussos. A Bielorrússia ainda não está irremediavelmente perdida para o mundo ocidental.

Visto de Moscovo

Obrigado à Europa e à Rússia

A principal vitória de Alexander Lukashenko foi arrancada no terreno da política externa”, comenta a Gazeta.ru. E acrescenta: “No entanto, ainda há 3 ou 4 meses, teria sido difícil esperar muito”: “O Ocidente pedia-lhe que liberalizasse a política interna e a Rússia minava-lhe a economia”. Mas, “em vez de receber uma chuva de ameaças, a Bielorrússia foi alvo de uma corte intensa”, diz o jornal digital russo. “Os responsáveis europeus chegaram a Minsk com ofertas de cooperação, depois a Rússia retomou o fornecimento de petróleo livre de impostos, em troca do acordo bielorrusso para a criação de um Espaço Económico unificado. Do lado europeu, foram mencionadas ajudas financeiras no valor de três mil milhões de euros, do lado russo, o custo da medida foi avaliado em dois mil milhões de dólares por ano.” “A demonstração feita por Lukashenko de que seria capaz de obrigar o Kremlin a encontrar meios para recuperar o seu ‘aliado estratégico’”, sublinha a Gazeta.ru. “A situação da Europa é muito mais simples. Precisa mais de um processo do que de um resultado, coisa que pode obter com Lukashenko à cabeça do Estado e que, aliás, já está a produzir-se." Presseurop

Máxima do reformado!

 

Descrição: []

Máxima do reformado

A minha mulher perguntou-me com sarcasmo:

"Que pensas fazer hoje?"

"Nada."

Diz-me ela:

"Isso foi o que fizeste ontem!"

"Sim, mas ainda não acabei."

A maldição das agências de notação de crédito.

O destino económico dos países está, em grande medida, nas mãos das agências de notação de crédito Moody's, S&P's e Fitch. Não eleitas, sem obrigação de prestar contas e com poderes altamente inflacionados, precisam de ser controladas, defende um colunista do diário "The Guardian". Presseurop.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Animal de estimação


 


Voos (2)

Confesso que, num primeiro momento, pareceu-me que podia havia pessoas legitimamente confundidas. Agora acho que já estamos do domínio da pura desonestidade. Na imprensa, nos blogues e em alguns comentários que por aí se produzem.
A mistura da questão dos voos da CIA para Guantanamo com os voos de repatriamento, vindos de Guantanamo, é uma atitude que releva da mais sofisticada má fé e de uma clara opção pela política do "vale tudo". Tenho muita pena de ver pessoas que estimo entre quantos continuam a procurar explorar, sem qualquer pudor, esta confusão. A chicana política deveria ter a decência como limite. Mas não tem. Pelo menos em Portugal.
E deixem-me que lhes diga, acho uma suprema ironia ver figuras que sempre demonstraram, por doutrina de vida, a maior desconfiança na palavra dos americanos virem agora tomar à letra, como doutrina de fé, os relatos dos telegramas das missões dos EUA por esse mundo fora.

As festas.

Em princípio, a partir de hoje e nos tempos mais próximos, este blogue vai entrar num registo de alguma acalmia "postal". Mas como a realidade é, às vezes, mais imaginativa que os homens, não se admirem se assim não acontecer.
E, desde já, ficam os meus votos para quem por aqui passar: Bom Natal e um ano de 2011 bem melhor do que aquele por que todas estamos à espera.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Está lançada a grande batalha orçamental (Presseurop)

 
"Os ricos vão congelar o orçamento da UE dentro de dois anos", titula o Dziennik Gazeta Prawna. (News in brief)

Mariza

A genialidade de Mariza foi premiada pela França, com a atribuição à cantora, através do meu colega francês em Lisboa, Pascal Teixeira da Silva, do grau de "Chevalier des arts et des lettres".
Esta decisão do ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand é um gesto que importa sublinhar. A voz de Mariza, bem como o nosso fado, já fazem hoje parte integrante do cruzamento de culturas que enriquece a diversidade francesa.
Para recordar a nova "cavaleira", aqui deixo o seu magnífico "Cavaleiro Monge".

Duhamel

 

Alain e Patrice Duhamel são duas figuras de relevo do mundo audiovisual francês. Com um percurso na rádio, na televisão e no jornalismo que não esteve isento de polémicas, algumas bem fortes, estes dois irmãos simbolizam, de certo modo, um estilo de jornalismo que não pode ser indiferente a quem se interessa pela vida francesa.
Há dias, saiu um livro em que os dois Duhamel são entrevistados no Renaud Revel. Embora, por vezes, entrando num detalhe de "name dropping" um tanto complexo para um leitor fora do meio ou que por aqui não viveu nas últimas décadas, essas conversas são um percurso fascinante pelo mundo das relações entre os políticos e o jornalismo, desde os tempos de Giscard d'Estaing até à atualidade, com referências muito curiosas a diversos momentos anteriores. Um livro muito útil.

A PAC, complexa e essencial.

A 18 de Novembro, a Comissão Europeia apresenta as linhas gerais da reforma da Política Agrícola Comum. Principal desafio: re-equilibrar as despesas entre Estados e as ajudas entre produtores.

Rolf Gustavsson

A velha caricatura tem uma vida dura. No centro, um camponês francês, de boné enterrado na cabeça e com um cigarro da marca Gauloises ao canto da boca. Na Bretanha, fabrica, em condições difíceis, queijo de cabra não pasteurizado e, com alguma regularidade, participa em manifestações contra as decisões da Bruxelas, bloqueia as autoestradas e incendeia uns pneus velhos. Uma imagem cómoda, que suscita comentários superficiais. Ao mesmo tempo, serve os interesses daqueles que maior partido tiram da política agrícola europeia, tanto no setor agrícola como no "agrobusiness" – cujos grupos de pressão têm o cuidado de não queimar pneus nas ruas de Bruxelas.

Uma política vital elaborada longe do homem comum

A velha política agrícola dos anos 1960 está prestes a ser reformada. A questão reside em saber o que irá substituí-la. Não há nenhum dossiê europeu que afete mais direta e quotidianamente os cidadãos do que a Política Agrícola Comum. Esta estabelece as condições de produção do nosso pão de cada dia, tal como dos outros alimentos que vão ser produzidos e consumidos.

Através das cotações e dos impostos, a PAC tem repercussões imediatas nas carteiras – tanto do consumidor como do produtor. Além disso, desempenha um papel central na satisfação das grandes ambições europeias em matéria de clima, ambiente e saúde pública.

As orientações da política agrícola assumem também uma importância capital nas relações da UE com o resto do mundo, nas negociações sobre comércio livre e na cooperação para o desenvolvimento.

Todos os dossiês políticos europeus estão em maior ou menor grau ligados à Política Agrícola Comum e, por isso, esta deveria despertar o interesse de todos os responsáveis políticos – que não deveriam vê-la apenas como uma enorme rubrica de despesa.

No entanto, esta política, literalmente vital, foi elaborada bem longe do homem comum, encerrada num quadro regulamentar tecnocrático que só os peritos dominam e que é acompanhado por uma pesada burocracia. Se, ao menos uma vez, os dirigentes políticos europeus levassem a sério a sua promessa de aproximar a União Europeia dos cidadãos, teriam – aqui e agora – uma oportunidade excelente para o fazer. Chegou a altura de estabelecer prioridades.

Uma minoria de Estados preconiza uma mudança radical

Pela primeira vez, todos os Governos dos 27 Estados-Membros da UE vão participar nas negociações. Além disso, o Tratado de Lisboa fez do Parlamento Europeu um parceiro de pleno direito no processo de codecisão.

Uma vez que a conceção da política agrícola faz parte do novo orçamento a longo prazo, para o período pós-2013, aplica-se a regra segundo a qual as decisões são tomadas por unanimidade, o que quer dizer que oficialmente todos os países têm direito de veto. Todas essas negociações extraordinariamente complexas deverão estar terminadas durante a presidência dinamarquesa da UE, no primeiro semestre de 2012 – numa altura em que, em França, se realizarão as eleições presidenciais.

A proposta da Comissão Europeia (CE) vai provavelmente esboçar vários cenários diferentes mas tudo leva a crer que a CE irá recomendar reformas limitadas, por assim dizer uma atualização do status quo.

Para satisfazer os diversos interesses nacionais, a Comissão tem de colocar a tónica na unicidade e na multiplicidade, manter os princípios comuns e modelar aplicações por medida para os diferentes países, tudo isto ao mesmo tempo que simplifica a política agrícola. É difícil imaginar como conseguirá, na prática, resolver esta equação.

A prudência da Comissão reflete a interpretação que faz do clima que reina na maioria dos Estados-membros da UE. A Suécia, o Reino Unido e a Holanda formam uma minoria que preconiza uma mudança muito mais radical. Resta saber se essa minoria terá algum êxito na defesa do seu ponto de vista.

De momento, é impossível saber qual será a posição final do Parlamento Europeu. O Parlamento inclui nas suas fileiras reformistas muito ativos mas, também, representantes de peso dos interesses tradicionais dos produtores e a primeira linha de combate é transversal aos grupos políticos. O Parlamento poderá desempenhar um papel decisivo nas transações finais.

Grandes proprietários de terras: destinatários das ajudas

Entre as propostas esperadas, destaca-se o ajustamento do regime atual de pagamento por exploração, em favor do desenvolvimento das zonas rurais, das medidas ambientais e de outras medidas coletivas.

É de prever uma contração do quadro orçamental, o que seria um seguimento lógico daquilo que se verifica há perto de 20 anos. Desde 1988, a política agrícola tem sido reformada gradualmente, com um orçamento cada vez mais limitado.

A questão mais delicada continua a ser a equidade. Em especial, a equidade entre os antigos e os novos Estados-membros, uma vez que o sistema de ajuda por hectare se baseia nos dados históricos da antiga UE. Assim, na Grécia, a ajuda por hectare é cinco vezes superior à aplicada na Letónia. Trata-se também de equidade social em matéria de distribuição dos fundos europeus.

O fluxo das ajudas europeias não é dirigido para os pequenos agricultores da Bretanha. Os seus principais destinatários são um grupo relativamente restrito de grandes proprietários de terras e de grandes empresas. As ajudas atribuídas à Casa Real de Inglaterra são frequentemente erigidas em símbolos da falta de equidade da Política Agrícola Comum.

Números

Um orçamento em alta

"O orçamento da PAC, que, em 1988, constituía 65% do orçamento comunitário, representa hoje apenas 43%", recorda La Tribune. Este diário de Paris precisa que "essa percentagem está em baixa constante, segundo as perspetivas orçamentais: em 2013, deverá situar-se nos 40,3%. Mas, graças ao aumento do orçamento europeu, a dotação financeira global está em ascensão e deverá ultrapassar a barra dos 60 mil milhões de euros em 2011, e atingir os 61 mil milhões de euros em 2013”. Presseurop

Está lançada a grande batalha orçamental.

Os ricos vão congelar o orçamento da UE dentro de dois anos”, titula o Dziennik Gazeta Prawna. A 18 de dezembro, numa carta endereçada a José Manuel Durão Barroso, a França, a Alemanha, a Holanda e a Finlândia, encabeçados pelo Reino Unido, exigiram que, a partir de 2014, os futuros orçamentos europeus não aumentem mais do que a inflação. Ora, como explica La Croix, Londres, Paris e Berlim puseram-se de acordo para que “a variável de ajustamento não seja a política agrícola comum (PAC), mas os fundos estruturais. Estes fundos representarão em 2011 cerca de 56% das despesas europeias (53 300 milhões de euros), constituindo a principal fatia do orçamento europeu”. O diário parisiense sublinha que a utilização destes fundos é contestada, porque “cada vez mais, servem para o relançamento das economias da Europa de Leste”. Especialmente da Polónia, que “se arvora em utilizador exemplar dos fundos comunitários”. O Dziennik Gazeta Prawna escreve que a França tem interesse em preservar o orçamento da PAC, de que é a principal beneficiária. A Polónia, principal beneficiária dos fundos estruturais, está por isso ameaçada. Citando o eurodeputado Jacek Saryusz-Wolski, o diário de Varsóvia explica que a Polónia “pode contar com o apoio de todos os Estados membros da Europa Central. Mas precisa, igualmente, de procurar o apoio de ‘antigos’ países, em particular a Itália, a Espanha, Portugal e a Grécia”. O Dziennik Gazeta Prawna acrescenta que a Comissão Europeia poderá, também, ser um aliado. “A verdadeira batalha orçamental só começará a partir de junho de 2011, quando a Comissão apresentar a sua primeira proposta formal de perspetivas financeiras para o período de 2014-2020”, adianta El País. Mas esta batalha orçamental será difícil, previne o Dziennik Gazeta Prawna, porque os principais contribuintes do orçamento da UE “não pensam em reduzir o fosso entre a ‘nova’ e a ‘velha’ Europa, mas sim num meios de eles próprios sobreviverem”.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Orwell & Kafka, SA

No mês de agosto, os confrades blogueiros do Delito de Opiniião convidaram-me para publicar naquela prestigiosa coluna informática um texto. Nele contei uma história verídica, passada com um amigo estrangeiro, que atravessou algumas inesperadas agruras. Esse amigo veio, este fim-de-semana, visitar-me a Paris. Achei que era o momento para reproduzir aqui essa historieta. Ela aqui fica:
"Esta é uma história verdadeira.
Um amigo meu, estrangeiro, funcionário superior de uma organização internacional, notou que o seu passaporte era regularmente retido, nos controlos de fronteira, um pouco mais de tempo do que seria razoável. De início, achou estranho mas não se importou excessivamente. Porém, quando essa espera afetava as filas onde se colocava, levando a movimentos de impaciência dos restantes utentes, começou a ficar irritado e, simultaneamente, preocupado. Das vezes em que inquiriu dos controladores dos passaportes sobre a razão da demora, recebeu respostas vagas e nada esclarecedoras.
Um dia, à chegada aos EUA com a mulher, a situação tornou-se caricata: foi mandado esperar isolado numa sala, foi sujeito a um interrogatório estranho e só foi libertado ao final de mais de uma hora de conversa.
Viajar para o estrangeiro estava, assim, a tornar-se um pequeno pesadelo. O meu amigo lembrou-se então que tinha um conhecimento nos serviços de "intelligence" do seu país. Procurou-o e explicou o seu embaraço. O homem ficou de estudar o assunto. Chamou-o, semanas depois.
E foi então que esse meu amigo ficou a saber o que se passava, ou melhor, recebeu disso algumas ideias. Aparentemente, ele havia estado, por mais de uma vez, no lugar errado no momento errado ou, se tal não acontecera, havia indícios de tal poder ter acontecido. Não podendo ser mais específico, o contacto desse meu amigo deu alguns exemplos: uma foto de multidão, numa manifestação violenta por ocasião de uma reunião do G8, trazia uma cara que podia ser a sua; ele havia pernoitado num determinado hotel, na véspera de uma bomba ter explodido nessa cidade; por duas vezes, viajara num avião que também levava pessoas sobre as quais recaíam fortes suspeitas de ligações radicais, eventualmente de apoio ao terrorismo; etc, etc. Tratava-se de cerca de uma dezena de "infelizes coincidências".
O meu amigo estava siderado! Todas essas circunstâncias eram facilmente "desconstruíveis", desde a primeira, em que provaria, com facilidade, que estava noutro lugar, até às restantes, em que as suas deslocações haviam sido feitas por decisões e motivos oficiais a que era alheio. Ao mesmo tempo, sentiu-se aliviado. Tudo era esclarecível. Com quem poderia falar para explicar cada um dos factos, com vista a anular as suspeitas?
O seu conhecido das "secretas" desiludiu-o: não podia falar com ninguém, não havia interlocutor algum com quem ele pudesse discutir o circunstancialismo que lhe afetava a imagem, nem sequer estava autorizado a utilizar publicamente a informação agora recebida. Os dados a seu respeito provinham de "serviços de informação" variados, estavam já cruzados numa rede comum, acessível a muita gente, embora grande parte dos utilizadores apenas tivesse, como nota relevante, a noção de que havia "algo de errado" em torno da pessoa em causa. Não era suspeito de nada, não era acusado de nada, pelo que não havia nada a fazer. Ou melhor: apenas havia que esperar que novos dados "comprometedores" não aparecessem, que pudessem "agravar" a sua situação.
Nos últimos meses, não tenho falado com este meu amigo. Só espero que não tenha ido passar férias à Rússia, por ocasião dos incêndios…"

Contraditório.

Uma das constatações mais positivas que faço, ao ler alguns comentários a posts publicados neste blogue, é a saudável circunstância de que muitas das pessoas que simpaticamente o continuam a consultar não estão necessariamente de acordo comigo, não se revêem em algumas das ideias que por aqui vou deixando ou que por aqui se intuem.

Portugal em obras.


 
Uma rua essencial para o acesso da cidade de Vila Real ao seu hospital encontra-se bloqueada, desde há semanas, por obras de ligação da rede de águas.
Durante vários dias, nenhum operário apareceu nessas obras. Seria uma greve? Uma crise laboral? Não, parece que o empreiteiro levou os trabalhadores para as suas vindimas...
País bizarro, este!

Facebook

Hoje, acordei "no" Facebook. Sem que nada tivesse feito para tal, sem nunca me ter passado pela cabeça entrar na "rede social", alguém me "colocou" no Facebook, com fotografia (retirada da Wikipedia e tudo).
E, logo, alguns conhecidos, simpaticamente, já se "ligaram" à minha página...
Alguém me pode dizer como conseguir "desarriscar-me" (como se diz no "argot" de Vila Real)?

Chile

A propósito do salvamento dos mineiros chilenos, alguém me dizia ontem, num jantar, que é muito bom para o mundo que haja uma história famosa que acabe bem.
De facto, fartos andamos nós de desgraças e tragédias, como alimento do nosso quotidiano mediático.

Alfredo Margarido (1928-2010)

O Daniel Ribeiro, correspondente do "Expresso" em Paris, acaba de dar-me conta da morte, em Lisboa, de Alfredo Margarido.
Margarido foi uma espécie de figura mítica para a minha geração. Oriundo das artes, viria a revelar-se como uma personalidade de recorte cultural eclético - da ficção à sociologia, da pintura à antropologia, da história das ideias às questões africanas. Viveu em vários lugares, que sempre marcaram o seu percurso intelectual. Paris foi, a partir de 1964, o seu "porto de abrigo". Aqui dirigiu os "Cadernos de Circunstância", uma revista policopiada, de edição irregular, que marcou um tempo importante nos meios portugueses no exilio em França (e de que, por sorte, tenho todos os exemplares das muito raras edições originais, embora os seus textos tenham sido editados em Portugal depois do 25 de abril, creio que pela "Afrontamento", não sei se em versão completa).
Presumo que datará da sua estada em S. Tomé, nos anos 50, o encontro com aquela que iria ser sua mulher, Manuela, uma figura muito interessante, também já falecida, de que já aqui falei um dia.

Direitos do homem

O que mais me impressiona na reação chinesa à atribuição do prémio Nobel da Paz a um seu dissidente interno é aquilo que pode ser lido como uma "overreaction" de uma das maiores potências mundiais. As autoridades chinesas não podem desconhecer que, ao reagir como o fizeram, não estão minimamente a mobilizar parceiros que partilhem a sua indignação, estão simplesmente a magnificar o facto e a dar-lhe um relevo que, objetivamente, não serve os seus interesses. O que nos deve levar a uma outra constatação: a de que essas autoridades não estão a agir por calculismo e que, verdadeiramente, acreditam na legitimidade intrínseca das medidas repressivas que aplicaram àquele cidadão. A assim ser, como tudo parece indicar, há que concluir, sem hesitações, que a "emergida" e cada vez mais importante China vive, definitivamente, num outro mundo de valores e que a tese da universalidade dos Direitos Humanos, bem como da convergência a prazo de todas as sociedades para esses mesmos padrões, é apenas um grande mito, de que todos temos que ter plena consciência.

Ernâni Lopes (1942-2010)

Há dias em que um país entra de luto. Este deve ser um deles. A morte de Ernâni Lopes é uma perda imensa para Portugal, para a nossa lucidez, para o nosso patriotismo. É-o também para a nossa diplomacia, onde ele exerceu, com brilho muito raro, funções da maior importância, que ajudaram o país em momentos negociais delicados. É-o, igualmente, para a política portuguesa, onde a sua coragem e a sua visão souberam afrontar momentos de rara dificuldade.
Nas últimas duas décadas, cruzei-me bastante com Ernâni Lopes, que teve a simpatia de discutir abertamente comigo algumas coisas sobre a Europa em que ambos acreditávamos. E, também, sobre esse triângulo entre Portugal, o Brasil e a África, que tanto o entusiasmava e que ele desenvolvia nas iniciativas da SAER. Sobre alguns temas, nem sempre estive de acordo com a sua leitura das coisas, mas reconhecia nela uma genuinidade que era forçoso respeitar, pela seriedade que sempre lhe estava subjacente.
Longe de uma intimidade pessoal que nunca tivémos, reconciliei-me ao tratamento por tu que ele generosamente me impôs, como que a sublinhar a proximidade de algumas das ideias que partilhávamos. Recordo-me, muito em especial, os tempos que passámos juntos numa "task force" criada, em 2003, para assessorar o primeiro-ministro de então, na fase terminal do defunto Tratado Constitucional. Notava-se que o exercício estava a ser algo penoso para ele, a quem esse mesmo governo não tinha autorizado a apresentar, no termo da Convenção Europeia em que ele representara Portugal, e que lançara as bases desse malogrado tratado (inspirador, no essencial, do Tratado de Lisboa), uma declaração de voto em que, de forma frontal, clarificava o seu afastamento (e o que achava dever ser o de Portugal) quanto ao equívoco consenso que resultou do trabalho dos "convencionais". Talvez valesse a pena, para a história da nossa política europeia, conhecer-se, agora, o texto desse projeto de declaração de voto.
A palavra livre de Ernâni Lopes vai fazer muita falta a Portugal.

Richard Holbrooke (1941-2010)

A morte de Richard Holbrooke é uma perda importante para a diplomacia americana. Embora alguns discutam a eficácia efetiva da ação que recentemente vinha a desenvolver no Afeganistão e Paquistão, o seu passado de cidadão da diplomacia revela uma vida de intenso trabalho, com papéis importantes em vários cenários geopolíticos. No seio da administração democrática americana foi sempre um defensor do uso ponderado da força, atitude que, algumas vezes, não soube gerir com total equilíbrio. Mas ficam-se-lhe a dever os acordos de Dayton-Paris, sobre a Bósnia-Herzegovina, que permitiram estancar uma tragédia que já parecia eterna, embora eu saiba, por antecipação, que entre os leitores habituais deste blogue há quem não coincida comigo na avaliação da "bondade" desta ação diplomática.
Conheci-o pessoalmente num interessante almoço, em Nova Iorque, em 1999, ao qual acompanhei o presidente Jorge Sampaio e José Ramos Horta, que era amigo de sua mulher. Estávamos num tempo muito complexo da vida de Timor Leste e essa refeição fazia parte de uma estratégia de abordagem da diversificada da administração americana, essencial para alguns aspectos entendidos como vitais para uma solução positiva do problema. Holbrooke era então chefe da missão americana junto das Nações Unidas, função que ocuparia até Janeiro de 2001. Por pouco mais de um mês, não coincidi com ele em funções no "palácio de vidro".
A biografia de Holbrooke está hoje por todos os jornais. O seu papel de grande negociador foi central na sua vida pública e - disse-me quem o conheceu bem - Richard Holbrooke era uma homem de palavra firme, o que lhe garantia uma grande credibilidade nos momento complexos de decisão. O facto de representar uma grande potência e de se saber adepto de soluções musculadas também deve ter ajudado à eficácia prática de alguns dos seus êxitos. Fica a sensação que Holbrooke esperaria ter uma função nesta administração americana muito superior à que acabou por ter. Isso ter-se-á ficado a dever à escolha de Obama, em detrimento de Hillary Clinton.
Gostaria de destacar um dos seus "feitos", que pode parecer lateral mas que teve uma importância decisiva na facilitação do funcionamento da máquina da ONU: a resolução do diferendo que envolvia as contribuições americanas para a organização, a que ele ajudou a pôr termo, no final de 1999. Com habilidade, utilizou nessa difícil negociação a contribuição dada por Ted Turner, o patrão da CNN, que assim financiou parte da dívida, através de uma milionária doação às Nações Unidas. A convite pessoal de Kofi Annan, tive o prazer de ser um dos dois embaixadores escolhidos para integrar o "board" executivo do "United Nation Fund for International Parnerships", que selecionava os projetos a financiar por esse fundo. Indiretamente, fico a dever a Holbrooke essa magnífica oportunidade.
Finalmente, gostava de mencionar que Holbrooke deixou um livro muito interessante, que vivamente recomendo: "To end a war", sobre a sua experiência na Bósnia-Herzegovina.

a minha avozinha é metaleira

 
 
 

CP paga 250 mil euros por estudo preparatório de privatização.

“A administração da CP decidiu contratar “por ajuste directo”, por 250 mil euros e com urgência um consultor para preparar a privatização da exploração das linhas ferroviárias suburbanas de Lisboa e Porto. Bloco questiona o Governo. O deputado Heitor de Sousa do Bloco de Esquerda perguntou ao Governo (clique para ler texto na íntegra), através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, se considera “aceitável que a CP decida promover uma consultoria externa especializada, por um valor de referência de 250.000€, “ quando se conhecem as graves dificuldades económicas e financeiras que a empresa atravessa”. O Conselho de Administração da CP aprovou, no passado dia 7 de Dezembro, a contratação de um consultor “por ajuste directo”, para preparar rapidamente a privatização do serviço de transporte ferroviário de passageiros nas linhas suburbanas de Lisboa (linhas de Azambuja, Sintra, Cascais e Sado) e do Porto (linhas de Aveiro, Braga, Guimarães e Marco de Canaveses ). O contrato envolve um estudo de viabilização, a preparação de um concurso público e um cronograma de acções para concretizar o programa do concurso. O deputado Heitor de Sousa estranha que a contratação seja justificada por “a empresa não dispor internamente das competências necessárias para a realização de tal tarefa no apertado calendário pretendido pelo Governo”. O deputado do Bloco lembra que a CP é uma empresa qualificada com “experiência e acumulação de saberes no transporte público ferroviários de passageiros e de mercadorias” e que o Governo se comprometeu, no debate do Orçamento de Estado para 2011, a reduzir despesas públicas com consultoria, assistência técnica, estudos e pareceres. Assim, o Bloco de Esquerda pergunta ainda ao Governo: se está informado da decisão do Conselho de Administração da CP e se considera “aceitável” a contratação por parte da CP “de 'um consultor externo' por 'ajuste directo', sabendo-se que a empresa tem várias centenas de quadros técnicos qualificados”. Bloco de Esquerda.

PSD e a linha do Oeste: um partido com duas faces.

“Um grupo de deputados do PSD, chefiado pelo seu líder parlamentar, fez ontem uma excursão pela linha do Oeste para denunciar a existência de um país a duas velocidades, a do TGV e a das linhas de comboio esquecidas. Foi uma incursão a um país de desigualdades que o PSD ajudou a aprofundar, que, no passado, não o parecia incomodar pois até estava de acordo com elas no tempo do Governo de Durão Barroso, mas que agora parece estar a redescobrir. A decadência da Linha do Oeste é um problema concreto que afecta diariamente milhares de pessoas e o tecido económico de toda a região. A modernização desta infraestrutura pode torná-la num eixo fundamental para o desenvolvimento regional e uma alternativa de mobilidade ecologicamente sustentável. Foi em nome desta visão de futuro que mais de seis mil cidadãos e cidadãs dos distritos de Leiria e Lisboa assinaram uma petição pedindo ao governo medidas urgentes para a reconversão e requalificação da linha, nomeadamente a electrificação da via, sua duplicação e correcção de traçado, bem como a criação de serviços mais regulares de transporte de passageiros e mercadorias. Não deixamos de notar que os deputados que hoje passearam pela linha do Oeste, muitos deles signatários da referida petição em Leiria, abstiveram-se no momento de viabilizar uma proposta do Bloco de Esquerda para que a modernização fosse inscrita no Orçamento de Estado de 2011. Deste confronto entre posições distintas e contraditórias, neste caso relativamente à necessidade e urgência em requalificar e modernizar a linha do Oeste, protagonizado por partidos que, nas regiões dizem uma coisa e nas negociações, que gostam de fazer com o Governo, dizem outra, mostra bem o tipo de partido com que estamos confrontados: um partido de duas faces, que faz alarido com os problemas das pessoas mas se encolhe na hora de apoiar e construir as soluções justas.” Bloco de Esquerda.

O dinheiro das reformas privadas suscita a cobiça.

14 Dezembro 2010 Hospodářské Noviny Praga

"A Hungria nacionalizou as quotizações privadas das reformas", espanta-se o diário checo Hospodářské noviny. A 13 de dezembro, o Parlamento húngaro aprovou uma lei que permite reintegrar no sistema público de pensões os sistemas de reforma privados, para os quais os húngaros são obrigados a contribuir, para além do sistema público. O Governo conservador anula, assim, um sistema que funciona desde há 12 anos, que o primeiro-ministro Viktor Orbán qualificou como "má experiência que nos mergulhou em dívidas até às orelhas". O Estado quer usar o dinheiro recuperado para "tapar o buraco" da dívida pública, que atingiu 80% do PIB, e fazer baixar o défice, conforme as promessas feitas à UE e ao FMI. Esta medida só entra em vigor no final de janeiro, e os húngaros arriscam-se a ver baixar o montante das suas pensões. "A confiança dos húngaros [no que diz respeito às pensões do sistema público] era fraca, e foi por isso que se decidiu instituir os fundos privados. Agora, é quase nula. Depois das pensões, tudo poderá ser nacionalizado", escreve o Hospodářské noviny. Atualmente, acrescenta o jornal, "a única certeza dos húngaros é a incerteza sobre as suas economias e as suas reformas". Confrontada com uma situação semelhante, a Polónia adotou uma medida inversa. A 10 de dezembro, o Governo de Donald Tusk obteve da Comissão Europeia o direito de não tomar em conta, no cálculo da sua dívida pública e do seu défice orçamental, as transferências de dinheiro público nos sistemas privados de pensões. Isto vai permitir-lhe mostrar uma dívida de menos de 40% do PIB, em vez de 54%. 

No entanto, afirma o Dziennik Gazeta Prawna, "o sucesso do Governo pode transformar-se em maldição", porque esta alteração de método contabilístico não modifica o valor da dívida e "poderá ser uma desculpa para o Governo aumentar a dívida sem ser punido por isso".

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ministério da Educação não sabe quais as escolas que fizeram os testes PISA.

Perguntem ao Primeiro-Ministro José Sócrates que ele sabe! Pelo que se gabou do desempenho daas suas politicas, saberá concerteza.

É tão ridiculo que só nos envergonha, como portugueses!

“A ministra da Educação, Isabel Alçada, disse hoje, no Parlamento, que o seu ministério não tem a listagem das escolas que participaram nos testes do programa PISA. Em resposta a questões do PÚBLICO, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), responsável por aquele programa, indicou que também não sabe quais as escolas que participaram.” PUBLICO.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pensamento de Adrian Rogers, 1931

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem
os ricos pela prosperidade.
Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem
receber.
O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar,
pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade
entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade,
então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."
Adrian Rogers, 1931

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

TVI = "Agora é que conta"

Chama-se "Agora é que conta", passa na TVI" e é apresentado por Fátima Lopes. O programa começa com dezenas de pessoas a agitar uns papéis.
Os papéis são contas por pagar. Reparações em casa, prestações do carro, contas da electricidade ou de telefone. A maioria dos
concorrentes parece ter, por o que diz, muito pouca folga financeira.
E a simpática Fátima, sempre pronta a ajudar em troca de umas figuras mais ou menos patéticas para o País poder acompanhar, presta-se a pagar duzentos ou trezentos euros de dívida. "Nos tempos que correm", como diz a apresentadora - e "os tempos que correm" quer sempre dizer crise - , a coisa sabe bem. No entretenimento televisivo, o grotesco é quase sempre  transvestido de boas intenções.
Os concorrentes prestam-se a dar comida à boca a familiares enquanto a cadeira onde estão sentados agita, rebolam no chão dentro de espumas enormes ou tentam apanhar bolas de ping-pong no ar. Apesar da indigência absoluta do programa, nada disto é novo. O que é realmente novo são as contas por pagar transformadas num concurso "divertido".
Ao ver aquela triste imagem e a forma como as televisões conseguem transformar a tristeza em entretenimento, não consigo deixar de sentir que esta é a "beleza" do Capitalismo: tudo se vende, até as pequenas desgraças quotidianas de quem não consegue comprar o que se vende.
Houve um tempo em que gente corajosa se juntava para lutar por uma vida melhor e combater quem os queria na miséria. E ainda há muitos que não desistiram. Mas a televisão conseguiu de uma forma extraordinariamente eficaz o que o séculos de repressão nem sonharam: pôr a maioria a entreter-se com a sua própria desgraça. E o canal ainda ganha uns cobres com isso. Diz-se que esta caixa mudou o Mundo.
Sim: consegue pôr tudo a render. Até as consequências da maior crise em muitas décadas.
Entretanto a apresentadora recebe 40.000€ por mês. Foi este o valor da transferência da SIC para a TVI. Uma proposta irrecusável segundo palavras da própria.

Procurado por corrupção, o “Sr.. Europa” anda a monte.

Só me lembra Portugal…

"Fugiu à frente de toda a gente", titula Vecernji list a propósito de Ivo Sanader, que saiu do país a 9 de Novembro, agora que o Ministério Público de Zagreb tinha pedido o levantamento da sua imunidade parlamentar. O antigo primeiro-ministro conservador "construiu uma pirâmide de poder assente no clientelismo e na corrupção", presentemente objecto de um inquérito, nota o diário, que reconstitui o seu percurso, "de Faraó a Mefistófeles": sob a fachada de democrata cristão europeísta, bem integrado nas chancelarias europeias, que clamavam ser ele que iria fazer a Croácia entrar para a UE, escondia-se, de facto, um pequeno déspota. "Ivo Sanader concentrou o Executivo todo nas suas mãos e governou com o apoio de um gabinete informal, formado pelos seus próximos no partido no poder, o HDZ, e pelos seus amigos de confiança", acusa o diário.”Presseurop.

BCP, Americanos, Irão, Wikileaks e José Sócrates!

Porque será que sou tentado a acreditar em todos os intervenientes, exceptuando a presidencia do BCP e os responsáveis do governo português?!

“O Banco de Portugal avisou o BCP de que uma eventual ida para o Irão não estava conforme a lei e que deveria comunicar ao Ministério Público as operações susceptíveis de configurar a prática de crime.” PUBLICO.

Universidade de Lisboa renova contratação de serviços desde há 17 anos.

 Se toda a máquina do Estado fosse passada a pente fino, seria muito vantajoso para o país em geral! Excepção feita para alguns a quem isso não lhes agrada… por motivos óbvios!

“A Universidade de Lisboa (UL) tem renovado vários contratos de prestação de serviços na área da vigilância, da limpeza, da manutenção de software ou dos elevadores desde há 17 anos “sem que tenham sido desencadeados procedimentos de consulta ao mercado de forma a obter as melhores condições, quer ao nível de preço quer da qualidade dos serviços prestados”, aponta o Tribunal de Contas.”PUBLICO.

Movimento de seguros em Portugal.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Morrer pelos bancos? Não, obrigado

Bruxelas devia apoiar o salvamento da falência dos bancos? Não, considera um jurista romeno, porque a manutenção do Estado-Providência é mais importante. E cita o exemplo dos islandeses, que optaram por não financiar o salvamento dos seus bancos. Presseurop.