“O BPN foi nacionalizado, em 2008, em plena crise financeira, por três ordens de razão: para proteger os depositantes do BPN, ricos e remediados (os pobres, acredito ainda eu, estariam protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos); para proteger os depositantes dos outros bancos, travando o efeito de contágio; para proteger os accionistas dos outros bancos (os accionistas do BPN perderam nesse momento, julgo eu, todo o seu capital). Não me recordo de ter ouvido uma única voz discordante. Dois anos depois, é o que se sabe. O Governo não se mostra capaz de resolver o problema. O banco é mantido de pé, qual cadáver embalsamado, para esconder as perdas e o desemprego. Os prejuízos acumulam-se e sucedem-se observações extraordinárias. Questiona-se a permanência em funções de profissionais que não estão acusados de coisa nenhuma. Pretende-se que os ex-accionistas, e não apenas os contribuintes, paguem os prejuízos, como se o banco não tivesse sido uma sociedade de responsabilidade limitada. Os tribunais jamais serão capazes de identificar e de penalizar os responsáveis pelos crimes que parece terem sido cometidos antes da nacionalização - e que a supervisão foi incapaz de detectar, contra todas as evidências. Estado de direito, Estado de direito, quem poderá defender-te no meu país?
por: Daniel Bessa (www.expresso.pt)
Sem comentários:
Enviar um comentário