Até para roubar bancos é preciso ter estudos, estar bem relacionado (a palavra-chave é networking) e familiarizado com as novas tecnologias. Olhem bem para o desgraçado destino dos dois brasileiros que no Verão de 2008 tentaram assaltar o balcão do BES de Campolide. Um acabou no cemitério e outro paraplégico. Uma tristeza! Onde já lá vão os tempos de John Dillinger ou do romântico par Bonnie & Clyde. Agora, para roubar um banco não basta ter o cérebro povoado por uma pequena aglomeração de neurónios apenas habituados a orientarem actividades básicas como comer, dormir e disparar armas. Hoje em dia, um bom ladrão de bancos precisa de uma licenciatura em Economia (ou Gestão), de ostentar no curriculum uma passagem pelo Governo ou pelo Banco de Portugal (as duas acumuladas ainda é melhor) e ser senhor de um cérebro habituado ao raciocínio indutivo e aos altos mistérios da especulação. Excepção feita aos dois infelizes do assalto ao BES de Campolide, toda a gente sabe que já não há nas agências bancárias dinheiro vivo que se veja - e que as poucas notas que existem estão guardadas em cofres de abertura retardada. Careca de saber isto, o gangue da retroescavadora optou, inteligentemente, por ir buscar as notas ao local onde os bancos as depositam para as fazer chegar aos clientes - as caixas multibanco. Em 2010, esta quadrilha roubou 16 ATM, entre o Alentejo e o Algarve, em golpes minuciosamente preparados, concretizados de madrugada após pedirem previamente emprestada uma retroescavadora com pá traseira, o modelo adequado ao fim em vista. Jorge Fiel DN
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