quinta-feira, 29 de abril de 2010

La Policía investiga la interferencia "intencionada" en Telemadrid durante el Barça-Inter

Foi demasiado mau o ambiente criado pelos catalães. Desde fogos de artificio durante a noite à porta do hotel, dos jogadores do Inter, passando pelos jornais, pelo regar do campo imediatamente ao jogo acabar, os adeptos a quererem virar o carro onde seguia o Mourinho, etc.. Espero que a UEFA, faça algo em favor do futebol, e não dos marginais e arruaceiros.

Al respecto, el ministro de Industria, Miguel Sebastián, señaló que la dirección de Telecomunicaciones ha abierto un expediente y advirtió de que "el responsable o responsables tendrán que atenerse a las responsabilidades que se determinen". Además, Sebastián aseguró que las interferencias "no tienen nada que ver con la TDT".Por su parte, Esperanza Aguirre anunció que el Gobierno de la Comunidad va a exigir "responsabilidades". 
El vicepresidente y portavoz regional, Ignacio González, manifestó que el informe de Abertis especifica que los problemas de recepción de la señal "estaban producidos por una interferencia externa intencionada atendiendo a su coincidencia con la retransmisión del partido".
El 'número dos' del Ejecutivo que preside Aguirre manifestó que en el momento en que fue detectado el problema en la señal de la cadena autonómica, los servicios de Telemadrid se pusieron en contacto con Abertis, que hoy ha remitido un informe en el que se da cuenta de la existencia de esas "interferencias" durante al emisión del partido. 
"Desde el Gobierno de la Comunidad de Madrid vamos a exigir todas las responsabilidades porque ésta es una cuestión muy seria y no se puede aceptar que cualquiera pueda hacer interferencias cuando no quiere que una emisora de televisión emita un determinado programa de interés", apuntó Aguirre.
Aguirre, que tildó de "increíble" lo ocurrido con la cadena autonómica, señaló que le parece un "escándalo" que cuando se está retransmitiendo "uno de los partidos o eventos deportivos que más interés puede tener para toda la población, se produzcan una serie de interferencias".
En este punto, subrayó que desconocía sin las interferencias eran intencionadas o no, pero la cuestión es que no se pudieron arreglar. "(Se produjeron interferencias), no sé si provocadas o no, pero que la empresa distribuidora, en este caso Abertis, la sucesora de Retevisión, no es capaz de arreglar a lo largo de todo el partido", recordó.
Esta empresa ha hecho pública una nota en la que informa de la presentación de esta denuncia y de que ha puesto además los hechos en conocimiento de la Dirección General de Telecomunicaciones.
A través de una nota, la cadena ha calificado de "extrañas" esas interferencias y ha asegurado que impidieron a miles de madrileños de toda la Comunidad seguir el partido. "La potente señal de origen desconocido desapareció tan sólo unos minutos antes de finalizar el encuentro", según el comunicado de Telemadrid, que considera "intolerable" esa circunstancia.
La cadena trabaja para averiguar el origen y la causa de ese problema y lamenta el problema ocasionado a los televidentes de la región. También agradece a los centenares de espectadores que se pusieron en contacto con la cadena, lo que permitió localizar los puntos con mayores problemas de recepción que ayudaron a dimensionar la situación.
Las interferencias, que comenzaron minutos antes de las 20.45 (hora de inicio del partido) y finalizaron alrededor de las 22.30 horas (cuando el partido había finalizado), afectaron a diversas zonas de Madrid, pero no de forma homogénea.
Según ha precisado Abertis, el martes Telemadrid ya les comunicó que en su centro de clientes se estaban recibiendo quejas de usuarios que habían dejado de recibir correctamente la señal de la cadena autonómica, problemas que desaparecieron al cabo de una hora, aproximadamente. La Vanguardia.

As agências de rating voltam a ser as "culpadas" da crise.

É o regresso aos dias em que a crise do subprime estava no auge, os bancos estavam sob a ameaça da falência e os culpados eram, de acordo com a generalidade dos políticos e líderes financeiros, das agências de rating.

Tal como no final de 2008, quando estas instituições falharam na sua missão de alerta relativamente ao risco dos títulos relacionados com o mercado imobiliário norte-americano e depois contribuíram, com cortes repentinos de ratings, para a entrada em falência de alguns bancos, os dedos estão agora todos a apontar na mesma direcção.
O motivo para a nova onda de indignação contra as agências de rating esteve nas decisões tomadas na terça- feira em relação aos Estados grego e português por uma das três grandes agências internacionais, a Standard & Poor"s. O rating da Grécia foi cortado em três níveis para uma classificação que assume uma elevada probabilidade de default por parte do país. O rating BB-, agora atribuído, não permite, por exemplo, que as obrigações do tesouro gregas possam ser usadas como colateral pelos bancos comerciais nos pedidos de empréstimo ao Banco Central Europeu. Por isso, a situação já muito difícil deste país - desesperadamente à espera do empréstimo prometido pelos parceiros da zona euro e pelo FMI - ficou ainda mais grave, com as taxas de juro de mercado a subirem acima dos 10 por cento.
No caso de Portugal, a redução do rating foi de dois níveis, para A-, o que cimentou a ideia nos mercados de que, a seguir à Grécia, as finanças públicas portuguesas são aquelas que é preciso vigiar e contribuindo para nova alta das taxas de juro, que já se encontram ao mesmo nível registado na Grécia no final do ano passado, quando a possibilidade de uma ajuda internacional começou a ser discutida.
Como dizia uma nota de research do Bank of America, o que a Standard & Poor"s fez foi "atirar gasolina para a fogueira".
Ontem, as autoridades europeias vieram em defesa dos dois Estados-membros, deixando apelos e avisos às agências de notação financeira. Um porta-voz da UE pediu para que "ajam com responsabilidade e de forma rigorosa", acrescentando que "irá continuar a ser vigilante" relativamente à sua actuação.
Do lado do Fundo Monetário Internacional, as críticas foram mais moderadas, mas também foram feitas. O director-geral da instituição com sede em Washington, Dominique Strauss-Kahn, afirmou ontem que "não se deve acreditar de mais" no que dizem as agências de notação financeira, assinalando que elas se limitam a fazer reflectir nas suas classificações as informações que "recolhem sobre o mercado", sendo por isso falíveis, embora com "alguma utilidade".
S&P sem arrependimento
Em Portugal, o Governo já tinha, no próprio dia da decisão de descida do rating, apontado a maior parte das culpas às agências. E do lado dos bancos portugueses, que também viram a S&P baixar os ratings na sequência da decisão tomada para o risco soberano nacional, também vieram críticas. António de Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), interrogou-se sobre "as razões de um corte de rating tão grande". "O que aconteceu ontem é bastante desagradável e, nomeadamente inesperado, pela sua dimensão, porque não houve nenhum acontecimento substantivo do ponto de vista técnico", afirmou, defendendo que o que foi feito foi um simples acompanhamento da tendência revelada pelo mercados. "Mas isso não é a função das agências de rating", disse.
Do lado da Standard & Poor"s não parece haver sinais de arrependimento. Ontem, voltaram à carga, com uma descida do rating da Espanha, embora apenas de um nível. A decisão gerou, para seguir a regra, nova reacção negativa do poder político. A vice-presidente do Governo espanhol, María Teresa Fernández de la Veja, criticou os que classificou com ironia de "paladinos da pureza económica", afirmando que estão a pôr em causa "os pilares sobre os quais se sustém a economia [espanhola]", quando eles próprios "falharam redondamente na hora de prever a crise actual".
O regresso em força deste tipo de críticas deixa no ar uma dúvida. Por que é que os governos - que após os acontecimentos do final de 2008 anunciaram a intenção de alterar as regras a que devem obedecer estas agências, colocando mesmo a hipótese de criar uma agência de carácter público para as substituir - ainda não deram passos concretos para evitar o que dizem ser os "erros" e "manipulações" destas entidades? Será que a nova crise será suficiente para forçar as mudanças? PUBLICO.

Redução do rating português considerada “duvidosa” no Financial Times Deutschland

Será possível manter a credibilidade em agências, duvidosas, que estão ao serviço de especuladores?

“Os dados macroeconómicos de Portugal não pioraram nas últimas semanas e meses”, afirma o chefe do gabinete de estudos económicos do Dekabank, Ulrich Kater, no mesmo jornal.
Outro economista citado pelo Financial Times Deutschland, Roland Doehrn, do Instituto de Pesquisa RWI, defendeu também que a situação económica de Portugal “não é motivo” para agravar a nota da sua dívida.
“Os problemas económicos de Portugal e da Grécia não se agudizaram agora, o que mostra, mais uma vez, que as economias nacionais, durante a crise, se tornam um joguete dos mercados internacionais, com forte apoio das agências de rating”, observou ainda Doehrn.
No artigo chama-se ainda a atenção para o facto de, em Março, Portugal ter subido no Índice ESI da Comissão Europeia, que mede diversos indicadores, de 91 para 95,2 pontos, enquanto a Grécia desceu sucessivamente no mesmo índice nos últimos cinco meses.
Commerzbank considera realista a previsão de crescimento do Governo
Além disso, as previsões de crescimento económico do Governo português – de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto em 2010 e quase um por cento em 2011 – são positivas e na opinião dos analistas do Commerzbank, segundo maior banco privado alemão, são também “bastante realistas”.
O jornal alemão destaca ainda que Governo e oposição chegaram a acordo em fins de Março sobre um novo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e que a dívida pública portuguesa, 78,6 por cento do PIB, “é moderada”, em comparação com os 115 por cento da Grécia.
Porém, na opinião de Charles Wyplosz, professor no Institute of International Studies, de Genebra, citado pelo Financial Times Deutschland, entretanto “já não interessam as perspectivas económicas de um país, quando este cai na mira dos mercados”.
“Nos dias que correm, todos os países com défices e dívidas elevados são vulneráveis a ataques dos mercados, porque, quando os investidores começam a apostar contra um país, os outros vão atrás”, explicou o economista.
Agências alimentam “círculo vicioso”
Wyplosz afirmou ainda que as agências de “rating” desempenham um “papel especial” neste processo, como “os canais de transmissão do círculo vicioso” que amplificam o sentir dos mercados.
É possível, no entanto, travar esta espiral e acalmar os mercados, “não através do anúncio de um pacote de ajudas financeiras de outros países, mas sim através da implementação do mesmo pacote”, refere Ulrich Leuchtmann, perito em macroeconomia do Commerzbank, dando o exemplo do que aconteceu na Hungria.
Quando este país da Europa de Leste iniciou negociações com o FMI, há dois anos, os mercados não reagiram, mas quando as primeiras ajudas chegaram, a taxa de risco da Hungria melhorou.
PUBLICO.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Portugal e a crise


 
Os ataques especulativos que a economia portuguesa está a sofrer são a consequência cumulativa de vários fatores, alguns suscetíveis de controlo por parte do Estado português, outros dependentes de variáveis que não dependem essencialmente de Portugal.
No que toca aos primeiros, o parlamento português aprovou um programa, proposto pelo governo, composto por um conjunto de medidas de contenção e rigor que, a prazo, pretendem atenuar os desequilíbrios recentes das nossas contas públicas, em especial a redução progressiva do nosso défice orçamental e a dívida pública acumulada. Embora por vezes argumentando que outras escolhas ou modelos mais rigorosos nas escolhas feitas poderiam ter sido encaradas, a maioria das forças políticas portuguesas manifestou a sua concordância com o sentido global da ação empreendida pelo Governo. A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, tal como a OCDE, fizeram uma leitura positiva sobre as opções tomadas por Portugal, não deixando, contudo, de ponderar a possibilidade de novas ações poderem ter de ser postas em prática, se o programa agora apresentado vir a revelar-se insuficiente.
Para além desse quadro que é suscetível de gestão interna, a verdade é que a economia portuguesa, como uma economia aberta que é, sofre da circunstância de muitos daqueles que são os mercados para onde exporta a sua produção estarem, eles próprios, a atravessar uma situação de crise, com uma retração na procura que, naturalmente, tem vindo a afetar seriamente Portugal como país fornecedor. O caso da Espanha é talvez o mais flagrante, mas outros mercados europeus tradicionais continuam a não dar sinais de retoma com impacto suficiente na absorção da nossa produção. Dado que o mercado interno português tem, em si mesmo, uma escassa dimensão, não será por seu intermédio que será viável estimular a atividade económica nacional. O recurso a mercados terceiros revela-se uma opção difícil em tempo de retração económica global, embora algumas economias emergentes, como é o caso de Angola, estejam a reagir de forma positiva face à produção portuguesa.
Como sempre acontece em momentos de crise, a ação especulativa tende a estender-se pelas economias mais débeis do sistema. A "proteção" que a pertença ao euro teoricamente representava para os países da "eurolândia" acaba por ser esbatida pela circunstância da economia mais forte do espaço da moeda única estar a demonstrar uma escassa solidariedade com os parceiros mais frágeis. A Alemanha, que - convém que se diga - é a grande beneficiária da abertura do grande mercado europeu, parece demonstrar que não está disposta ao gesto, político e económico, de prestar garantias claras e inequívocas a esses parceiros - não obstante as fortes medidas de rigor que eles colocam em prática, com imensos custos sociais e políticos, sob a observação rigorosa das entidades internacionais.
Neste quadro de dúvidas criadas sobre a solidariedade dentro do espaço da moeda única, as agências de "rating" repercutem tal perpexidade, pelo que fazem um "upgrading" dos níveis de risco para os "produtos" financeiros ligados a esses países. A perversidade desse mecanismo está no facto de. ao tomarem tal ação, essas agências agravarem ainda mais a situação dos países, pela circunstância dessa sua opinião conduzir os mercados a cobrarem mais pelos empréstimos aos Estados cuja situação já era complexa.
O que não deixa de ser curioso é que os índices macroeconómicos portugueses, se bem que agravados nos últimos tempos, continuam a não estar muito distantes dos de um país, por exemplo, como a França. De forma incompreensível, está-se a verificar nos últimos dias que, ao contrário de uma desejável sofisticação analítica por parte de tais agências, a sua "notação" acaba por não conduzir a uma diferenciação entre os países em crise, com um detalhe natural da diversidade das respetivas situações estruturais, bem como uma consideração do histórico das medidas de correção já implementadas por cada um. Essas agências assumem, assim, um lamentável impressionismo que, deliberada ou casualmente, as coloca como os melhores cúmplices dos especuladores internacionais.

Carlos Costa concordou com renovação dos créditos às off-shores investigadas

Por isso os banqueiros estão satisfeitos com a escolha…

“Carlos Costa, escolhido para liderar o Banco de Portugal, deu, em 2001 no BCP, parecer favorável à renovação de créditos das sociedades off-shores criadas para aquisição de acções próprias. PUBLICO.

terça-feira, 27 de abril de 2010

EM VIAS DE SUBDESENVOLVIMENTO

Se fosse, proporcionalmente em Portugal, como seria?

“Os Estados Unidos são um país em vias de subdesenvolvimento. Centenas de milhares de professores nos EUA estão ameaçados de despedimento. Já foram enviadas cartas de demissão a 22 mil na Califórnia, 17 mil no Illinois e 15 mil em Nova York. Estão ameaçados os empregos de 8 mil funcionários escolares no Michigan, 6 mil em Nova Jersey e 5 mil no Oklahoma. O secretário de Estado da Educação, Arne Duncan, declarou esta semana que 100 a 300 mil lugares na educação pública dos EUA estão em perigo. Estes despedimentos em massa fazem-se com a aprovação da administração Obama, o que rometia "mudanças".
A tropa, em contrapartida, continua a recrutar. resistir

Patrões exigem fim do limite mínimo do subsídio de desemprego.

Os lucros não lhes são suficientes! os subsídios também não! só resta mesmo a mão de obra escrava, da população portuguesa. O que até nem é de admirar que acabe por acontecer, com o PS a governar.

“A Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) vai propor ao Governo que o subsídio de desemprego não tenha qualquer limite mínimo. O objectivo da medida, que promete gerar polémica, é evitar que alguém possa ganhar mais estando no desemprego do que a trabalhar. “ .PUBLICO

Tratado de Tordesilhas.

Pelo Tratado de Tordesilhas, assinado a 7 de Junho de 1494, por Portugal e Espanha, os domínios dessas duas nações seriam separados por um meridiano que pausaria a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Todas as terras leste desse meridiano per-tenceriam aos portugueses e as que ficassem a oeste aos espanhóis. Assim, seis anos antes do descobrimento do Brasil, já a pôs-se desse país estava garantida para Portugal.
O meridiano de Tordesilhas nunca foi demarcado. Também o tratado não dizia qual a ilha do arquipélago do Cabo Verde que deveria ser usada para começar a contagem das 370. léguas. Entretanto, a opinião mais generalizada é que o meridiano de Tordesilhas passava no território brasileiro pelos lugares onde depois foram fundadas as cidades de Belém do Pará e Laguna, em Santa Catarina. Nessas condições a superfície do Brasil seria três vezes menor que a actual se continuasse a vigorar até hoje o Tratado de Tordesilhas: não pertenceriam ao território brasileiro os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, quase todo o Pará e extensas regiões de Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Mas nem as bandeiras nem as expedições dos padres que iam ao interior catequizar os índios respeitaram o que estava estabelecido no Tratado de Tordesilhas; terras, que eram espanholas, foram ocupadas e percorridas por expedições que partiam do Brasil. Permitiu até, o governo português, que colonos do sul do Brasil fundassem, em 1680, a Colónia do Sacramento, à margem esquerda do Rio da Prata, em pleno território espanhol, e onde fica hoje a República Oriental do Uruguai. Por tudo isso eram necessários novos tratados para que fossem separados na América do Sul os domínios de Espanha dos de Portugal.
. O primeiro tratado foi o de Lisboa, de 1681: confirmou o direito de Portugal sobre a Colónia do Sacramento, fundada no ano anterior.
Em 1713, Portugal assinou com a França o Tratado de Utrecht, que estabelecia o rio Oiapoque ou Vicente Pinzón como limite entre o Brasil e a Guiana Francesa. Consciência

Carlos Barbosa: Rui Pedro Soares não tinha “aptidões”, mas teve “padrinhos”.

Estas audições tem alguma vantagem, e´o ficar-se a entender os meandros das empresas participadas…

“Esta manhã, durante a audição na comissão de inquérito ao negócio PT/TVI, Carlos Barbosa, actual responsável pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP), disse acreditar que Rui Pedro Soares “teve algumas bênções”: “Se calhar teve padrinhos que nós não tivemos”, disse, em resposta a uma questão da deputada do PSD, Francisca de Almeida.
“A experiência profissional de Rui Pedro Soares não lhe dá capacidade para estar num lugar daqueles, não tem passado de gestão”, prosseguiu, notando ainda que não era segredo o facto de Soares estar “bem informado”, pois tinha “proximidade com pessoas do poder”. E explicitou: “Ele nunca escondeu a sua amizade por José Sócrates e a sua amizade, talvez mais forte, por Mário Lino.”
Carlos Barbosa notou ainda que Rui Pedro Soares teve “um comportamento exemplar” quando trabalharam juntos na PT Compras. Mas ressalvou que Soares “não tinha qualquer espécie de aptidões” para estar na PT Compras e para ascender à administração da operadora: “Tinha entrado por indicação de accionistas”, afirmou, sublinhando que “quem manda na PT são os accionistas Estado e BES”.
E esclareceu: “Nada se passa na PT sem que haja o beneplácito do Estado e do BES para grandes estratégias e nomeações.”
Sobre o negócio PT/TVI, Carlos Barbosa avançou: "Estou convencido de que ele [Rui Pedro Soares] teve de levar uma cábula para Madrid [para onde levou o pré-acordo do negócio]. Um negócio daquela envergadura necessitava de gestores com muita experiência". PUBLICO.”

segunda-feira, 26 de abril de 2010

http://www.excely.com/football/2010-fifa-world-cup-schedule.shtml

http://www.excely.com/football/2010-fifa-world-cup-schedule.shtml

O que a traço grosso parece mal, a traço fino parece bem, como o prémio do dr. Mexia.

Comendador Marques de Correia (www.expresso.pt)

Onde o nosso Comendador reflecte sobre os mais de três milhões que o presidente da EDP recebeu, mostrando certa inveja, mas recolhendo a grandeza suficiente para explicar o porquê das coisas.

Pois, meus caros, a questão vista de longe parece desumanamente imoral. Um gestor, um simples gestor de uma empresa que é praticamente um monopólio e onde o Estado tem vastos interesses, recebe 3,1 milhões de euros em salário e prémios. O povo indigna-se, os cronistas verberam e os políticos interrogam-se. A traço grosso, o dr. Mexia, embora com os 3,1 milhões na carteira, está tramado - é um pária social!

Mas, se olharmos a questão a traço fino, vejamos o que cada um de nós deve ao dr. Mexia. Devemos, desde logo, a luz. Não a luz do sol, mas a luz da EDP.

Sem ele, meus caros, não haveria televisão, privando as senhoras de ver telenovelas, os cavalheiros de ver futebol e os indígenas de ver as notícias. Sem ele, meus caros, não haveria baterias, privando o sr. Godinho das conversas ao telemóvel, o sr. Pinto da Costa das encomendas de fruta e o dr. Pinto Monteiro de sonegar as escutas ao Parlamento. Sem o dr. Mexia, não haveria computadores, privando o engº Sócrates do Simplex e do 'Magalhães'. Sem ele não haveria nada das coisas que interessam, envilecem e engrandecem o país.

O dr. Mexia é, pois, um monumento nacional. Mas como o seu negócio é luz, é natural que ele próprio esteja numa semiobscuridade. Vejamos outro dos grandes recebedores nacionais - o Cristiano Ronaldo, que deve ganhar mais do que o dr. Mexia. O rapaz madeirense brilha em tudo o que é revista e jornal por mandar uns chutos na bola e fazer umas reviengas, levando o povo a pensar que é de sua condição ser rico e levar a massa para casa. Mas que nos dá ele em troca, salvo esses passos de magia pura com que o admirador de futebol se delicia? Nada! Acaso a mulher que está a ver a telenovela (às custas, já se viu, do dr. Mexia) e se zanga com o marido que quer ver o futebol, daria um cêntimo que fosse para o salário do CR9? Perguntem-lhe agora quanto daria (e na verdade quanto dá) ao dr. Mexia, para não ficar às escuras...

Mas há os indignados! Os indignados do costume! Vem um e diz que é imoral! Vem outro e diz que é vergonhoso! Vem um terceiro e diz que é lamentável. E a gente investiga e vê que um já andou às sopas do Estado a migalhar uns subsídios; que outro se aboletou com uma casa da Câmara, como se fosse pobre; que um terceiro andou a fazer negócios com gente suspeita; que um quarto é, ele próprio, suspeito de fazer negócios com o outro e por aí fora com muitos etc.

Ao menos o dr. Mexia faz tudo às claras, ou não trabalhasse ele na Companhia da Luz! O dr. Mexia pega nos objectivos, no EBITDA, nos resultados líquidos, na margem de contribuição e em mais quatro chavões contabilísticos, mete tudo na bimby (que aliás só funciona por causa dele) e saem-lhe 3,1 milhões.

Visto assim, em traço fino, o dr. Mexia vale cada euro que ganha. E eu juro que não cheguei a receber 10% do prémio que ele recebeu para me pôr para aqui a tecer loas ao seu merecimento. Nada disso. Se por acaso amanhã for nomeado qualquer coisa na EDP, deveu-se ao meu esforço e ao meu cuidado currículo e a nada mais. Se, no âmbito dessas funções for bafejado com um milhãozito, também não sou menos do que dr. Rui Pedro Soares, que não sendo da EDP é outra grande luminária.

Neste país havemos de ser todos ricos. Nem que tenhamos de ser todos boys. Já há aí vários a treinar.

O sindicato dos juízes é que devia acabar.

I. O sindicalismo judicial continua a tentar fazer humor. Mau humor, diga-se. Há uns meses, Noronha de Nascimento queria um tribunal só para jornalistas (consta que Fidel e Salazar gostaram muito da ideia) . Agora, o sindicato dos juízes veio defender o fim da ordem dos advogados. Mais uma má piada. Mais um sinal do ódio corporativo que contamina a nossa justiça.

II. Não vou fazer a defesa dos advogados. Eles que se amanhem, que são grandotes. O meu ponto é outro, é um ponto institucional: numa democracia liberal, num estado de direito, os juízes não podem ter um sindicato. É uma aberração esta coisa de termos titulares de cargos de soberania reunidos num sindicato.

III. Tal como já escrevi 1234 vezes , um magistrado está acima de qualquer outro "funcionário público". É por isso que um magistrado deve ter um vínculo vitalício ao Estado, ao contrário dos outros funcionários públicos, que não devem ter esse privilégio. Porque estamos a falar de funções nucleares de um estado de direito. Um juiz é um juiz. Um juiz não pode ser um sindicalista, porque a soberania não pode fazer greve à soberania. O sindicato de juízes é uma aberração institucional. Um juiz devia ser a última pessoa a pensar em entrar para uma entidade corporativa. O corporativismo de Salazar ainda é assim tão forte, senhores juízes?

Henrique Raposo (www.expresso.pt)

25 de Abril Cavaco alerta para desigualdade social.

O Presidente da República alertou hoje para a persistência de desigualdades sociais, sublinhando a existência de situações de privação ao lado de "casos de riqueza imerecida que nos chocam" e lembrando os rendimentos dos altos dirigentes de empresas. "A sociedade portuguesa é hoje mais justa do que aquela que existia há 36 anos. No entanto, persistem desigualdades sociais e, sobretudo, situações de pobreza de exclusão que são indignas da memória dos que fizeram a revolução de Abril", notou o chefe de Estado, numa intervenção na sessão solene na Assembleia da República que assinala a comemoração do XXXVI aniversário do 25 de Abril. Lembrando que o 25 de Abril foi feito em "nome da liberdade" e de uma sociedade mais  justa e solidária, Cavaco Silva reconheceu que é nessas áreas que "porventura" o balanço destas três décadas de democracia se revela "menos conseguido". Expresso

sábado, 24 de abril de 2010

A Frase

“"O silêncio de Sócrates será pior do que o silêncio do amigo".

João Pereira Coutinho, "Correio da Manhã", 24-04-2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Silêncio de Rui Pedro Soares pode ser crime, saída do PS será política.

A vantagem de ser da família Soares, e acima de tudo ser do PS, e de não ter que lutar por um emprego como milhares de jovens, que quando conseguem esses empregos são mal remunerados e em condições precárias, permite a este Sr., a arrogância!

“Ex-administrador da PT pediu desculpa a Sócrates se usou o seu nome abusivamente e saiu do Parlamento com uma queixa por desobediência. PUBLICO

As viagens de um deputado “Chico esperto”, Inês de Medeiros custam até 2500 euros por mês

Como diz o povo, no qual não se engloba, quer esta Sr.ª. quer os seus acólitos, que lhe deram mais uma benesse, “já mete nojo”! Pois não concordo que se paguem as viagens a todos os deputados que moram fora, do seu círculo eleitoral e pelo qual foram eleitos. É uma golpada inadmissível, nestes supostos representantes da nação, mas que estão apenas a recolher benefícios pessoais. Será que nenhum deputado mora perto e que queira ou possa ocupar o lugar desse deputado!

“A Assembleia da República vai pagar as viagens de Inês de Medeiros entre Lisboa a Paris desde o início da legislatura, em Outubro, apurou o PÚBLICO.”

A Frase

“Portugal escapou à nuvem de cinza vulcânica islandesa, mas viu as nuvens negras da desconfiança internacional adensarem-se perigosamente sobre o endividamento da economia do país." José António Lima, "Sol", 23-04-2010

Boatos


 

Há bem mais de uma década, uma revista política britânica de circulação muito limitada, "Scallywag", publicou um rumor sobre um falso "affaire" do então primeiro-ministro conservador britânico, John Major. Durante alguns dias, ninguém mais tocou no assunto. Major não desencadeou qualquer ação judicial contra a revista.

Passadas breves semanas, a revista "New Statesman", uma publicação bastante lida, muito próxima dos trabalhistas, retomou o tema, comentando o conteúdo do artigo do "Scallywag", embora não credibilizando necessariamente o boato. Porém, porque o "New Statesman", ao falar no assunto, amplificou a divulgação da mentira, Major (e a senhora envolvida no boato) processaram a revista. E depois, naturalmente, também o "Scallywag". Para a História: ganharam os dois processos.

O comportamento inicial de John Major mostra que seguiu uma regra básica da comunicação: quando as mentiras têm uma difusão restrita, reagir contra elas, em termos públicos, acaba por ser contraproducente.

Slots na Portela










O argumento da recusa de slots na Portela é um falso argumento relativo à sua saturação, pois é um problema que se verifica nos principais aeroportos da Europa e, com muito maior gravidade.

(clique na imagem para ver mapa de slots disponíveis na semana que inclui o dia 8 de Agosto de 2010, momento de pico da procura do Aeroporto da Portela)

Ler mais

Rui Rodrigues

P.S. - Ver também esta reportagem da TVI que explica tudo em 5 minutos.

Praga

eu passeie muitas vezes nesta praça. que saudades!
Os comentários críticos sobre a situação económica portuguesa feitos, em público em Praga, pelo presidente da República Checa, Vaclav Klaus, durante a visita do presidente Cavaco Silva àquele país, chocou algumas pessoas. Com efeito, o formalismo e as regras implícítas que regem este tipo de encontros, que existem para consagrar e reforçar quadros de boas relações bilaterais, pareceu, aos olhos desses observadores, menos consentâneo com o que foi dito.

As palavras de Vaclav Klaus tiveram a resposta considerada adequada por parte do chefe de Estado português. A excelência das nossas relações com a República Checa, país cujas ambições europeias Portugal sempre apoiou de forma determinada, está muito para além destes "fait divers", os quais, contudo, também nos ajudam a perceber melhor a diversidade das culturas políticas que se projetam na atual União Europeia.

Ainda a propósito de Praga, uma das mais belas e românticas capitais da Europa, aqui deixo uma fotografia da sua praça de S. Venceslau, um lugar histórico que há anos teimo, por qualquer razão, em achar parecido com a avenida dos Aliados, no Porto. E sobre a figura de Vaclav Klaus e Portugal, talvez possa ser interessante ler o que, em tempos, escrevi aqui.

ACROFOBIA

Acr(o)-, do grego ákros, a, on,  é um elemento composicional que significa "elevado". Desse modo,  acrofobia é um substantivo feminino que designa "medo de altura e de lugares elevados". Definição do iDicionário Aulete: (a.cro.fo.bi.a)

sf. 1. Psiq. Medo doentio de altura e de lugares elevados

[F.: acr(o)-2 + -fobia.]

www.aulete.com.br

www.twitter.com/aulete

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Construir: Enor cria solução para problemas de mobilidade em edifícios antigos

O Grupo Ascensores Enor criou uma solução, o ENOR – EC5, de forma a dar resposta ao facto de existirem em Portugal milhares de edifícios antigos onde habitam também muitas pessoas com idade avançada, com problemas físicos, e muitas delas com a mobilidade severamente afectada. “Esta é também uma solução de excelência para os projectos que em Portugal se têm vindo a desenvolver em matéria de recuperação e reabilitação urbana, onde temos vindo a apostar fortemente”, refere António Balsinha, director geral da Enor em Portugal. De acordo com a empresa, “os edifícios antigos existentes em Portugal, que até hoje apenas dispõem de escadaria, podem agora ser dotados de uma solução inovadora que permite a colocação de um elevador que não necessita de casa das máquinas e exige um reduzido espaço de instalação”. O ENOR – EC5, “possui capacidade até oito pessoas e destaca-se por consumir menos 40% de energia relativamente a equipamentos tradicionais, ocupando muito pouco espaço no interior dos edifícios”. “Para alcançar uma maior eficiência mecânica, o elevador possui um sistema de tracção baseado numa máquina gearless de alto rendimento muito compacta e recorre a materiais de alta resistência que permitem, face ao seu reduzido peso, diminuir o consumo de energia durante as fases de arranque e paragem”, garante a Enor. No que diz respeito a segurança, a empresa sublinha que a mesma “é garantida através de um sistema inovador instalado na cabine que limita a velocidade e impede eventuais quedas”. “Para além de projectos residenciais, este recente modelo de elevador é também indicado para escritórios e hotéis, dado o conforto conseguido no interior da cabina através do baixo nível de emissão de ruídos e vibrações e do recurso à suspensão centralizada”, conclui. Construir.

Os adeptos do FC Barcelona

Contra o que me é habitual, vou comentar aqui algo sobre futebol, pois só mesmo em casos extremos de relevante significado, o faço. Mas não posso deixar passar esta noticia. “Barcelona inteira a bufar com arbitragem de Olegário afasta fumo de Portugal” Mário Botequilha.PUBLICO

A ironia aplica-se perfeitamente. E porquê? Pois estes catalães fazem-me recordar, pelas imensas parecenças, com os adeptos de futebol portistas, nascidos ou criados na zona do Porto.

São incapazes de reconhecer quando os outros são melhores, e são xenófobos e frustrados! Basta ver para isso as conversas do seu presidente. Todo o tipo de argumentação, falsa ou menos correcta, e nalguns casos verdadeira (que não foi este o caso) lhes serve para tentar justificar a sua ineficácia ou incapacidade de realizar o que quer que seja. Os jornais - de vários quadrantes europeus - inclusive alguns de Espanha, deram o mérito ao Inter e reconheceram a capacidade da arbitragem. Mas quando não se tem fair-play, e principalmente educação, além dos anteriormente apresentados argumentos…

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Artigos de Opinião | 2010-04-06: A lei 2105

"A Lei 2105
Acabemos de vez com este desbragamento, este verdadeiro insulto à dignidade de quem trabalha para conseguir atingir a meta de pagar as contas no fim do mês.
Corria o ano de 1960 quando foi publicada no "Diário do Governo" de 6 de Junho a Lei 2105, com a assinatura de Américo Tomaz, Presidente da República, e do Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar.
Conforme nos descreve Pedro Jorge de Castro no seu livro "Salazar e os milionários", publicado pela Quetzal em 2009, essa lei destinou-se a disciplinar e moralizar as remunerações recebidas pelos gestores do Estado, fosse em que tipo de estabelecimentos fosse. Eram abrangidos os organismos estatais, as empresas concessionárias de serviços públicos onde o Estado tivesse participação accionista, ou ainda aquelas que usufruíssem de financiamentos públicos ou "que explorassem actividades em regime de exclusivo". Não escapava nada onde houvesse investimento do dinheiro dos contribuintes.
E que dizia, em resumo, a Lei 2105?

Dizia que ninguém que ocupasse esses lugares de responsabilidade pública podia ganhar mais do que um Ministro.

Claro que muitos empresários andaram logo a espiolhar as falhas e os buraquinhos por onde a 2105 pudesse ser torneada, o que terão de certo modo conseguido devido à redacção do diploma, que permitia aos administradores, segundo transcreve o autor do livro, "receber ainda importâncias até ao limite estabelecido, se aos empregados e trabalhadores da empresa for atribuída participação nos lucros".

A publicação desta lei altamente moralizadora ocorreu no Estado Novo de Salazar, vai dentro de 2 meses fazer 50 anos.

Catorze anos depois desta lei "fascista", em 13 de Setembro de 1974 (e seguindo sempre o que nos explica o livro de Pedro Castro), o Governo de Vasco Gonçalves, recém-saído do 25 de Abril, pegou na ambiguidade da Lei 2105 e, através do Decreto Lei 446/74, limitou os vencimentos dos gestores públicos e semi-públicos ao salário máximo de 1,5 vezes o vencimento de um Secretário de Estado.

Vendo bem, Vasco Gonçalves, Silva Lopes e Rui Vilar, quando assinaram o 446/74, passaram simplesmente os vencimentos dos gestores do Estado do dobro do que ganhava um Ministro para uma vez e meia do que ganhava um Secretário de Estado.

O Decreto-Lei justificava a correcção pelo facto da redacção pouco precisa da 2105 permitir "interpretações abusivas" permitindo "elevados vencimentos e não menos excessivas pensões de reforma".

Ao lermos esta legislação hoje, dá a impressão que se mudou, não de país, mas de planeta, porque isto era no tempo do "fascismo" (Lei 2105) ou do "comunismo" (Dec. Lei 446/74). Agora, é tudo muito melhor, sobretudo para os reis da fartazana que são os gestores do Estado dos nossos dias.

Não admira, porque mudando-se os tempos, mudam-se as vontades, e onde o sector do Estado pesava 17% do PIB no auge da guerra colonial, com todas as suas brutais despesas, pesa agora 50%. E, como todos sabemos, é preciso gente muito competente e soberanamente bem paga para gerir os nossos dinheirinhos.

Tão bem paga é essa gente que o homem que preside aos destinos da TAP, Fernando Pinto, que é o campeão dos salários de empresas públicas em Portugal (se fosse no Brasil, de onde veio, o problema não era nosso) ganha a monstruosidade de 420000 euros por mês, um "pouco" mais que Henrique Granadeiro, o presidente da PT, o qual aufere a módica quantia de 365000 mensais.

Aliás, estes dois são apenas o topo de uma imensa corte de gente que come e dorme à sombra do orçamento e do sacrifício dos contribuintes, como se pode ver pela lista divulgada recentemente por um jornal semanário, onde vêm nomes sonantes da nossa praça, dignos representantes do despautério e da pouca vergonha a que chegou a vida pública portuguesa.

Assim - e seguindo sempre a linha do que foi publicado - conhecem-se 14 gestores públicos que ganham mais de 100000 euros por mês, dos quais 10 vencem mais de 200000.

O ex-governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, o mesmo que estima à centésima o valor do défice português, embora nunca tenha acertado no seu valor real, ganhava 250000 euros/mês, antes de ir para o exílio dourado de Vice-Presidente do Banco Central Europeu. Não averiguei quanto irá vencer pela Europa, mas quase aposto que não será tanto como ganhava aqui na santa terra lusitana.

Entretanto, para poupar uns 400 milhões nas deficitárias contas do Estado, o governo não hesita em cortar benefícios fiscais a pessoas que ganham por mês um centésimo, ou mesmo 200 e 300 vezes menos que os homens (porque, curiosamente, são todos homens...) da lista dourada que o "Sol" deu à luz há pouco tempo.

Curioso é também comparar este valores salariais com os que vemos pagar a personalidades mundiais como o Presidente e o Vice-Presidente dos EUA, os Presidentes da França, da Rússia, e... de Portugal.

Acabemos de vez com este desbragamento, este verdadeiro insulto à dignidade de quem trabalha para conseguir atingir a meta de pagar as contas no fim do mês. Não é preciso muito, nem sequer é preciso ir tão longe como o DL 446 de Vasco Gonçalves, Silva Lopes e Rui Vilar: basta ressuscitar a velhinha, mas pelos vistos revolucionária Lei 2105, assinada há 50 anos por Oliveira Salazar.

Que tristeza! 

Como já disse há algum tempo, concordo com os políticos que dizem que as empresas portuguesas são pouco competitivas e, por isso há que melhorar a sua produtividade. Agora acho é que a verdadeira razão para isso é outra da que tem sido apontada. Felizmente, a situação começa a mudar e já há pessoas que vêem a verdadeira origem do problema.

 

De modo simplista, para ver a produtividade do trabalho de uma empresa, pega-se no produto total da empresa e divide-se pelo "bolo total" dos gastos com o pessoal (salários, prémios e descontos, etc.) e daí se calcula a produtividade do factor trabalho.

 

O problema é que em alguns dos casos, os gastos com os administradores, chegam a representar 50% de toda a massa salarial da empresa. Um Administrador que ganhe 250.000 euros por mês equivale ao salário de 250 empregados médios que ganhem somente 1.000 Euros por mês. Quanto mais administradores tiver a empresa… pior será.

 

Facilmente se conclui que os trabalhadores portugueses são muito produtivos, pois com baixos salários conseguem manter as empresas em elaboração e, em alguns casos, gerar riqueza suficiente para pagar salários milionários aos respectivos administradores.    

 

Por isso é que a produtividade dos trabalhadores portugueses sempre foi elogiada e, pelo contrário os gestores e administradores portugueses já começam a ser conhecidos como os menos produtivos da Europa.

 

Há uns anos atrás o sr. Ministro das Finanças justificava tais salários dizendo que era "a lei do mercado que os ditava". Assim sendo, dá vontade de me tornar liberal e "implorar" ao mercado que leve tais mamões daqui para fora. Se são assim tão bons, certamente que não terão dificuldades para encontrar trabalho em empresas congéneres europeias ou americanas, sem necessitarem de "cunhas" e nomeações para entrar para cargos públicos da União Europeia.

 

Se tais gestores fossem de facto para o estrangeiro, aliviaríamos as nossas empresas de gastos supérfluos e, simultaneamente, oneraríamos as empresas estrangeiras nossas concorrentes, facilitando assim a vida das empresas portuguesas num mercado tão competitivo como o europeu. "

Aluna espanhola impedida de ir às aulas por usar lenço.

É a diferença entre tolerancias e não tolerancias comportamentais. Nos países de origem, as mulheres são obrigadas a usar, na civilizações ocidentais usa quem entender.

“A espanhola Najwa Malha dificilmente voltará a estudar com os colegas. O seu liceu recusou mudar o regulamento interno que a impede de ir às aulas por usar um lenço a cobrir-lhe o cabelo.” PUBLICO

Parlamento vai pagar viagens de Inês de Medeiros a Paris

O proxenetismo politico!

“Solução é proposta em parecer do auditor jurídico e o presidente da Assembleia segue a sugestão. Voos semanais e ajudas de custo serão suportadas pela AR.” PUBLICO

Andando por aí.

1 O SAP de Valença foi fechado a partir das 22h - como trinta e dois outros nos últimos três anos. Tinha uma média de 1,7 utentes por noite, os quais mobilizavam um médico, um enfermeiro, um administrativo. Três funcionários do Estado a receber horas extraordinárias e nocturnas a noite toda, para atenderem 1,7 doentes ou autodeclarados como tal: era, provavelmente, a consulta mais cara do país. Se os casos atendidos fossem graves, o serviço servia de muito pouco ou pior: fazia perder tempo a encaminhar o doente para outro lado, onde houvesse condições para o atender; se não fosse grave, o atendimento nocturno servia apenas para retirar um médico do serviço de dia, onde há mais gente para atender. Como não somos o Dubai e não temos dinheiro para manter 24 horas por dia um médico, um enfermeiro e um funcionário ao serviço de cada cidadão, o SAP de Valença fechou. Agora, a população diz que vai a Tuy, em Espanha, logo ali ao lado e onde dizem que são recebidos a qualquer hora e sem sequer pagar taxas moderadoras. Agradecidos, hastearam bandeiras espanholas na vila e dizem que só voltam a ser portugueses quando reabrir o serviço nocturno do SAP. Eu, que dou ao meu país 60% do que ganho a trabalhar, em impostos directos e indirectos, tenho um recado para os de Valença: por favor, continuem espanhóis.

2 Mira Amaral, que foi ministro da Indústria, considera "obscenos" os 3,1 milhões de euros que António Mexia ganhou no ano passado à frente da EDP, empresa cujo accionista principal é o Estado. Eu também considero. Mas tenho uma dúvida: este é o mesmo Mira Amaral que, em 2002 foi nomeado administrador do banco público Caixa Geral de Depósitos, preenchendo a quota política do PSD, e saiu um ano e meio depois, com uma pensão de reforma vitalícia de 18.000 euros por mês? Se é o mesmo, como suponho, não percebo a sua noção de obscenidade: Mexia, como toda a gente sabe de há muito, é um homem que tem servido todos - Cavaco, Durão, Santana, Sócrates. Como ele há outros mais, que fazem parte desse selecto clube de crânios que vivem luxuosamente à conta das quotas político-partidárias nas empresas públicas ou empresas privadas com ligações privilegiadas ao poder político. Se há coisa que Mira Amaral não ignora é como funciona o sistema.

3 Ele, Mira Amaral, foi também o ministro que propunha eucaliptizar o país inteiro em defesa do nosso "petróleo verde". Mas, há uns tempos, segundo relatou o "Público", converteu-se às energias alternativas e, inspirado no exemplo norueguês, apaixonou-se pela ideia das eólicas em offshore: moinhos de vento no mar. E fez o que a nossa "iniciativa privada" costuma fazer nestes casos: foi pedir apoio ao Governo. Mas Manuel Pinho respondeu-lhe que não, que era muito caro. E ei-lo agora transformado em inimigo das eólicas e das energias alternativas e defensor da recorrente ameaça nuclear. Junto com gente como Miguel Cadilhe, João Salgueiro, Patrick Monteiro de Barros (um luxuoso grupo de benfazejos!), quer-nos convencer de que o nuclear é que será a energia do futuro. Contradição? Não: enquanto cidadão, explica ele, pode discordar de uma política; mas, enquanto empresário, pode aproveitar as oportunidades de negócio dessa mesma política. Não sendo, pois, nem por patriotismo nem por convicção, resta o empreendorismo. Ficamos mais bem esclarecidos sobre as vantagens do nuclear.

4 Mas os 3,1 milhões de Mexia, de facto, dão que pensar. Não apenas por fazer dele o terceiro presidente de uma eléctrica mais bem pago da Europa (à frente dos seus homólogos espanhol e francês, por exemplo), mas também pelas justificações indecorosas para tal. Prémio por lucros? Mas que pateta não conseguiria lucros a gerir uma empresa que funciona em monopólio, vendendo um bem essencial como a electricidade? Prémio por ter ultrapassado os resultados anunciados? Fácil: basta anunciar por baixo e cumprir por cima.

Tudo isto, esta alta gestão das grandes empresas é, aliás, um mundo à parte, fechado nos seus rituais e tradições. E a questão dos prémios é essencial. Tão essencial, que ocupa grande parte das decisões estratégicas das empresas e tão sensível que elas têm de ter uma "comissão de vencimentos", cujos membros, remunerados, têm a seu cargo a espinhosa tarefa de decidir quanto ganham os outros acima deles, na administração. É, de facto, um luxo à parte. Mas compreende-se a importância: foram estes gestores de luxo, nos Estados Unidos, e os seus magnânimos prémios de gestão que conduziram à ambição irracional de lucros desmedidos e ao crime de irresponsabilidade administrativa que mergulhou o mundo inteiro numa crise sem precedentes. Foi essa filosofia de gestão que directamente condenou ao desemprego e ao desespero milhões de seres humanos que apenas queriam o seu modesto posto de trabalho, sem prémios, nem ordenados de luxo, nem reformas de sonho.

Nos Estados Unidos, Obama tenta que, ao menos, as empresas do sector financeiro cuja falência foi evitada com dinheiros públicos, não retomem alegremente a prática dos prémios pornográficos aos seus gestores, por terem regressado aos lucros... à custa do sacrifício financeiro dos contribuintes - e que ainda está por pagar. Mas até nisso ele tem encontrado resistências de toda a ordem. Dizem que assim os gestores não se sentem "motivados" - e isso é a alma do capitalismo: gestores motivados = lucros para os accionistas = prosperidade económica. O resto da história já sabemos.

5 Completando esta minha visita ao maravilhoso mundo dos grandes negócios e dos grandes empresários, vale a pena atentar no caso do conceituado empresário Artur Albarran. Aqui há uns anos, o homem apresentou ao país um projecto megalómano de construir habitação a preços de saldo, através de uma empresa chamada Euroamer, cujo boss era o ex-director da CIA e ex-várias outras coisas, Frank Carlucci. Imagine-se: Carlucci e Albarran preocupados com os pobrezinhos sem casa! Mas, por incrível que pareça, houve quem acreditasse ou fingisse acreditar, esquecendo-se até da alcunha pela qual o jornalista-empresário já era então sobejamente conhecido: Artur Aldraban. Quando a Euroamer abriu a sua sede em Lisboa (no mais luxuoso imóvel da cidade), o poder do mundo não faltou ao beija-mão: ministros, banqueiros, empresários, revistas sociais. Depois, foi o que se sabe e era de prever: uns prediozitos construídos, uns negócios meio estranhos e obscuros e, ala que se faz tarde: desapareceram todos - a Euroamer, o Carlucci e o Albarran. Para trás, deixaram, claro, vários contenciosos, como uma acusação de burla ao fisco no valor de 16 milhões de euros, através do habitual esquema das offshores, e que agora está em julgamento. A esperança de cobrança é, obviamente, zero. Mas o que seria de esperar num país onde uma empresa pública, sediada em Portugal, celebra um contrato de publicidade (enfim, chamemos-lhe assim...) com o cidadão português Luís Figo, e aceita pagar-lhe através de uma offshore?

6 Há anos que defendo isto: interrompíamos as eternas manobras das nossas fragatas, carregavámo-las com uns fuzileiros e comandos, e mandávamo-las à Guiné-Bissau, numa expedição punitiva contra aqueles narcomilitares que mantêm o país cativo, aqueles almirantes sem navios, cuja função é aterrorizar o povo e controlar o desembarque de droga. Livrávamos os guinéus daquela gente e daquela permanente chantagem e vínhamos embora, assobiando aos protestos diplomáticos da CPLP e outras instâncias politicamente correctas. Bem melhor do que entregar todo o orgulho pátrio aos pés do Cristiano Ronaldo.

7 Para acabar com o futebol e em beleza: eu já vi o sol nascer nas dunas do Teneré, no deserto do Sara; vi-o pôr-se no Grande Canal, em Veneza; vi o fundo do mar na reserva submarina feita por Cousteau, na ilhota de Pigeon, em Guadalupe; vi as manhãs da savana de África e as mil e uma noites da Índia; vi o Baryshnikov dançar e vi o Richter tocar Mozart; vi o "Leopardo" filmado pelo Visconti e "As Meninas" pintadas pelo Velásquez. E vi o Leonel Messi marcar quatro golos ao Arsenal e transformar o futebol numa extasiante mistura de tudo: o nascer do sol e a dança, o fundo do mar e a música. Que Deus proteja Leonel Messi! Miguel Sousa Tavares Texto publicado na edição do Expresso de 10 de Abril de 2010

Governar bem a causa pública.

Há pelo menos três décadas que os portugueses assistem à nomeação para os conselhos de administração de empresas públicas ou participadas pelo Estado de pessoas que, muitas vezes, não cumprem os mínimos requisitos para ocupar essas funções ou que são simplesmente capatazes políticos e correias de transmissão do poder. Há mais de trinta anos que os portugueses assistem à distribuição de lugares dependentes do Estado por uma amálgama de gestores, administradores e directores identificados com o centrão político. Há muito tempo, demasiado tempo que nos habituámos a aceitar como natural, que PS e PSD dividam entre si esses lugares, sem ter em conta que personalidades independentes os desempenhariam com muito mais eficácia e proveito para o país. E há muitos anos, demasiados anos, assistimos com indiferença à renovação deste ciclo, segundo estas regras não escritas mas aceites como uma fatalidade inelutável por todos.

Pois finalmente alguém faz alguma coisa para mudar a situação. O Fórum dos Administradores de Empresas, Deloitte, Egon Zhender International, Pedro Rebelo de Sousa e Associados e ISCTE/UNL apresentaram uma proposta, entregue ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, que permite acabar de vez com esta situação. A proposta passa pela criação de um comissário para as nomeações públicas, independente do Governo e que deverá, em princípio, ser escolhido pelo Presidente da República. Tem como funções a avaliação dos potenciais candidatos a um determinado cargo, promovendo a discussão de outros nomes além dos propostos pelo Governo, de onde saia uma lista final com no máximo três nomes, que serão avaliados por um painel de entrevistadores. A decisão final caberá sempre ao ministro da respectiva tutela.

Sugere-se também que, a par da avaliação de desempenho da pessoa escolhida, venha também a ser instituído um processo semelhante de avaliação do funcionamento dos conselhos de administração das empresas públicas. Numa segunda fase, o modelo pode ser alargado a outras áreas da administração pública, nomeadamente à escolha dos directores-gerais.

A reflexão do grupo não se fica por aqui. Tendo em conta a insistência com que Bruxelas tem vindo a tentar acabar com as golden shares, propõe-se que o Estado defina a tempo e horas uma forma prioritária de intervenção dentro das modalidades golden share, holding de investimento público e/ou fundo soberano, que pode passar pela participação social com classes especiais de acções e/ou a existência de acordos parassociais com outros accionistas de referência. E que passa também por definir o que são sectores e investimentos estratégicos, que exijam um controlo de proximidade pelo estado.

Finalmente, é feita uma reflexão sobre a regulação económica, que deve ser independente do poder político, ter independência financeira e garantir as condições de independência dos administradores relativamente aos interesses que vão regular.

Digamos que há aqui um conjunto de princípios de enorme bom senso, para acabar de vez com a suspeição sobre as nomeações para cargos públicos. Veremos se este verdadeiro serviço cívico que a sociedade civil colocou à disposição dos nossos decisores políticos será utilizado ou deitado para o lixo.

Petróleo em português

O leitor sabe o que é o upstream na indústria petrolífera? A partir da semana passada, com o lançamento em Lisboa do "Dicionário do Petróleo em Língua Portuguesa", uma iniciativa conjunta da Petrobras, Sonangol, Partex Oil and Gas e IBP-Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, a indústria, os académicos e os cientistas que falam português passam a dispor de uma obra que os ajuda a ultrapassar dificuldades na compreensão do jargão petrolífero anglo-saxónico. O dicionário, contudo, é muito mais do que a tradução de 9000 termos de difícil compreensão para o cidadão comum. Como escreve António Costa Silva, presidente da Partex, a obra funda "um novo espaço de comunicação ao nível científico e técnico, ao mesmo tempo que celebra a diversidade, a vibração e a dinâmica da língua portuguesa, sem esquecer o referencial e a regra".

Ah, upstream é a parte da indústria petrolífera que engloba todas as actividades que antecedem a exploração do petróleo ou gás, como a pesquisa exploratória, geologia de campo, levantamentos sísmicos preliminares, perfuração de poços, análise de amostras e qualificação do petróleo, delimitação do reservatório, etc. Ajuda, não é?

A lição da Novabase

Luís Paulo Salvado tem 43 anos e é presidente da Novabase. Chegou ao cargo a trabalhar muito e calejado por uma crise grave que a empresa atravessou. Nessa altura, em que a tecnológica, fundada por Rogério Carapuça, contratava 30 pessoas por mês, confrontou-se de repente com a necessidade de despedir 300 colaboradores. Fê-lo depois de explicar a todos os colaboradores que a situação da empresa não permitia outra solução. Em seguida, definiu aqueles que eram fundamentais. Falou com os outros, um a um, olhos nos olhos. E depois mandou os melhores sair do escritório e voltar a vender aos clientes. Isso permitiu à Novabase sair reforçada da tempestade que atravessou. É uma lição de gestão: dizer a verdade, chamar a si a responsabilidade das decisões difíceis, empenhar todos na solução. É assim que as equipas se fortalecem em torno dos seus líderes.

O salário não é obsceno...

Desde que António Mexia é presidente da EDP, a empresa tornou-se a maior do PSI-20, chegou ao terceiro lugar a nível mundial nas energias renováveis e está a desenvolver o maior programa de construção de barragens na Europa. Em 2009, Mexia ultrapassou todos os objectivos a que se propôs (e que foram aprovados pelos accionistas). Não é, por isso, surpreendente que tenha recebido muito dinheiro em salários e prémios (€3,1 milhões), embora possa ser chocante e mesmo obsceno, face à situação do país. Mas não foi Mexia que definiu as regras. Só beneficiou delas, particularmente do facto de, a partir de 2008, a empresa ter passado a estar dotada de duas comissões de vencimentos: uma que estipula o ordenado e os prémios do presidente do conselho de administração executivo e dos administradores; e outra que se debruça sobre os ordenados do conselho geral e outros órgãos sociais. É surpreendente que não baste uma comissão para fazer os dois trabalhos. E mais surpreendente é que possa haver orientações diferentes. Mas a verdade é que há. A segunda é poupadinha. A primeira é uma mãos largas. Nesta estão Alberto de Castro, Eduardo Catroga e Vasco de Mello. Na segunda estão José Manuel Galvão Telles, Plácido Pires e Carlos Veiga Anjos. Percebe-se tudo.

Há manifesto? Sou contra!

Decididamente, pegou a moda dos manifestos. Agora é um a exigir uma nova política energética - mas o que está debaixo de fogo é o apoio que o Estado tem dado às indústrias renováveis, em particular à eólica. Expliquemos: para lançar a indústria, o Estado garantiu aos investidores a compra de toda a energia produzida, a um preço compensador e claramente acima das outras formas de produzir megawatts. Faz sentido? Faz. Deu resultado? Deu. Resolve a nossa dependência energética? Não. Mas Portugal tornou-se em apenas cinco anos o terceiro maior produtor mundial de energias renováveis. É verdade que não nasceu uma indústria nacional de equipamentos à volta desta energia. Mas será suficiente para denegrir um indiscutível sucesso português, elogiado internacionalmente? Claro que devemos discutir tudo. Mas no manifesto lá vêm a cavalo a energia nuclear e os ressabiados do socratismo, a par de alguns inocentes úteis e os que também querem comer à mesa do orçamento. Tudo ideias e intenções velhíssimas. Nicolau Santos - Expresso

Pelo direito ao sexo, pá!

I. À primeira vista, esta notícia parecia ser uma brincadeira de 1 de Abril. Mas, para mal dos nossos pecados e dos nossos bolsos, esta notícia é mesmo uma notícia: Bruxelas vai subsidiar férias em cerca de 30%. É o "rendimento mínimo garantido" em versão Tenerife. Já não chegava o acesso universal e gratuito à saúde e educação, agora também vai haver o acesso universal às viagens. A Europa já não sabe como pagar os "direitos" ligados à saúde, mas, mesmo assim, resolve inventar uma nova geração de direitos: os direitos idiotas. Isto seria cómico se não fosse mesmo grave, porque revela um continente inteiro a brincar em cima do abismo.

II. Como não podia deixar de ser, o "socratismo" já veio apoiar esta tontería. Bernardo Trindade, secretário de Estado do Turismo, apoia esta medida "porque constitui uma medida que permite democratizar o acesso às férias". Desta forma, o governo português apoia a alucinação política do comissário europeu responsável por este circo: "viajar, hoje em dia, é um direito". Mas é um direito porquê?

III. Nesta cultura europeia, a palavra "direitos" perdeu, de facto, o seu significado. Neste sentido, também quero entrar na brincadeira. Proponho, desde já, outra linda iniciativa à UE: o cidadão europeu que, por fealdade ou manifesta falta de jeito, não conseguir arranjar uma namorada deve ter direito a um subsídio para ir às meninas de Amesterdão. O sexo pago também deve ser um direito adquirido. Henrique Raposo, A Tempo e a Desmodo Expresso.pt

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pedofilia não dá prisão.

Local: Portugal. Ano: 2010. Facto: um homem que violou uma menina de 8 anos não vai para a cadeia. É assim no país que tem medo da palavra "autoridade".

Henrique Raposo (www.expresso

I. Lê-se e não se acredita: "Tribunal de Braga condena a cinco anos de prisão, com pena suspensa, um homem que violou uma menina de 8 anos". Este indivíduo que abusou de uma criança não vai para a cadeia. O tribunal deu como provado que este indivíduo violou a criança, mas, mesmo assim, o dito tribunal não é capaz de colocar este violador de crianças na cadeia. Lê-se e não se acredita. Que raio de justiça é esta?  Não estamos a falar de uma jovem mulher com 15 ou 17 anos. Estamos a falar de uma menina, de uma criança com oito anos, sem qualquer marca de sexualidade.

II. A brandura dos nossos tribunais começa a ser desconcertante. Parece que os juízes têm medo de colocar gente na cadeia. Parece existir uma certa mentalidade que transforma o Estado de Direito numa bandeja de direitos sem deveres. Ora, é bom lembrar que o Estado de Direito também existe para responsabilizar as pessoas. Um indivíduo que viola uma menina tem um preço enorme a pagar. Um homem que viola uma menina de oito anos não pode ficar em liberdade. Não pode.

III. O Estado de Direito não é a abolição da punição. O Estado de Direito não é a abolição da autoridade. O Estado de Direito é a legitimação da autoridade. O Estado de Direito serve para civilizar o acto de punir. A Justiça não existe para abolir a punição, mas sim para civilizá-la. Mas ao ver o nosso Estado de Direito em acção percebemos que Portugal desistiu de punir e de responsabilizar. Portugal tem medo de usar a "autoridade". Isto é a receita para a impunidade total. Donde a violência doméstica aos montes. Donde a violência diária sobre agentes da autoridade. Donde a violência de namorados sobre namoradas (que vai causando mortes). Os portugueses são uma tribo de impunes, de gente que passa sempre impune. Expresso.pt

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Emprego

 
Julgo que o nome era Silva. António Pedro de Vasconcelos contou-nos, há dias, em Paris, que ele era o funcionário que tinha por missão, nos tempos que antecediam o 25 de Abril, transportar entre o jornal "O Século" e os serviços da Censura (que o marcelismo crismou de "exame prévio") as provas tipográficas que eram submetidas à vistoria, antes da impressão das publicações. Era um vaivém diário constante, da rua do Século à rua da Misericórdia, até se obter a autorização final que permitisse dar ordem de preparação das edições.
A.P. de Vasconcelos dirigia então o "Cinéfilo", uma revista do grupo controlado pelo jornal - onde figuravam algumas outras, como "O Século Ilustrado" ou a "Modas & Bordados". Sem exceção, tudo tinha de ir à censura, pela mão diligente do Silva, uma figura simpática, que já fazia parte da rotina da casa, bem conhecido de todos os jornalistas.
No dia 25 de Abril de 1974, a manhã estava, como se compreenderá, a ser muito confusa. Marcello Caetano ainda não se tinha rendido, o Carmo ainda não fora ocupado por Salgueiro Maia, a sorte da Revolução estava ainda longe de definida. Soube-se, porém, que o diário "República", muito próximo dos meios democráticos, tinha decidido arriscar e fizera já uma edição especial, sem se sujeitar ao controlo da censura. A vontade dos jornalistas de "O Século" e restantes publicações era, naturalmente, idêntica.
Entretanto, imbuído da rotina profissional, chega o Silva, para recolher as provas da edição seguinte do "Cinéfilo". A.P. de Vasconcelos diz-lhe que não tenciona mandar as provas do "Cinéfilo" para visto prévio. O Silva insiste, sem sucesso, e fica por ali, sem rumo certo, não podendo levar a cabo a sua tarefa habitual. Com as horas a passar, com o adensar das notícias de que o regime se estava a esboroar, parte do pessoal do jornal sai para a rua. A.P. de Vasconcelos convida então o perturbado Silva a acompanhá-lo à zona próxima da rua da Misericórdia, onde se sabia ser grande a movimentação popular, bem perto do quartel onde Marcelo Caetano se refugiara. Por ironia, era também nessa artéria que, num singular contraste, se situavam as instalações do "República" e as da da censura, cada uma do seu lado da rua.
Aí chegados, o ambiente não enganava: a democracia estava na rua, o edifício da censura estava já como que isolado. A.P. de Vasconcelos, que comungava a alegria comum aos milhares de pessoas que enchiam a zona, nota que a cara do Silva era tudo menos felicidade. Seria saudosismo pela queda do regime? A interrogação não durou muito. O pobre do Silva pergunta-lhe, angustiado: "Ó senhor Vasconcelos, e agora o que é que eu vou fazer?"
O 25 de Abril não foram só alegrias.

"Língua não tem futuro"...


"A língua portuguesa é muito traiçoeira", dizia Herman José, nos seus bons tempos. A julgar pela forma como algumas coisas que afirmei numa entrevista foram reportadas na imprensa, eu diria que ela é particularmente traiçoeira quando nos referimos à... língua portuguesa.
Ontem, à saída de uma comissão parlamentar, na Assembleia da República, já a caminho de um taxi para o aeroporto, fui "apanhado", num vão de escada, por uma repórter da Lusa. Por uma razão que me escapou, perguntou-me sobre a melhor estratégia para a projeção internacional do Português no mundo. Disse e reiterei várias coisas óbvias e simples, todas de sentido idêntico, aliás corretamente transcritas no "take": "O melhor caminho é a articulação forte entre Portugal e Brasil para a promoção da língua portuguesa nos espaços multilaterais e internacionais"; "o Português tem futuro se for apoiado por todos os espaços, Portugal e Brasil, mas também os países africanos, com a sua influência quer nos países vizinhos, quer no espaço das instituições multilaterais"; "é uma acção conjunta em que todos nós temos que nos empenhar para a projeção do Português".
Num jornal português de hoje o título é "Língua não tem futuro 'sem uma relação frutuosa entre Portugal e Brasil'". O que prevalece, no título, é a suposta falta de futuro para a língua. Estupidez ou desonestidade? Ou as duas? Escolham... E ainda há quem diga que eu me preocupo muito com os títulos.

Exemplos a analisar convenientemente.

É preciso cuidado com algumas afirmações, sem que estejam devidamente fundamentadas. Eis um bom exemplo disso.
 
Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.
Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e "justo."
O professor então disse, "Ok, vamos fazer uma experiência socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."
Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seria "justas." Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...
Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma.
Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos.
Como resultado, a segunda média das provas foi "D".
Ninguém gostou.
Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".
As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para sua total surpresa.
O professor explicou que a experiência socialista tinha falhado porque ela foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.
Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual a experiência tinha começado.
"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós.
Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

Veja abaixo...!
"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém. Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustenta-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."
Adrian Rogers, 1931

O pesadelo neoliberal

por BAPTISTA-BASTOS

As cerimónias de entronização de Pedro Passos Coelho, no Congresso do PSD, em Carcavelos, não me pareceram tão translúcidas como nos quiseram fazer crer. As afirmações do dr. Sarmento, ao acentuar, áspero e interminável, as distâncias que deseja manter das decisões do presidente, estão longe de ser, apenas, um intermezzo pícaro ou uma metáfora barroca. Notadamente, o homem apresenta-se de sobrolho carregado. Por seu turno, Paulo Rangel, tímido e pedante, é incapaz de fechar a cara ao desdém ressabiado com que a derrota o marcou, e soletra um sorridente ressentimento através de frases cautelosas e evasivas.

É claro que os velhos inimigos de Passos Coelho não se sumiram com a apoteose do vencedor. E os exemplos que amenamente apontei são mais do que sombras das coisas. Alguém em seu perfeito juízo acredita em retrocesso, arrependimento, remorso, contrição daqueles que, durante anos e até há pouco dias, mordiam e arranhavam no homem, com razão ou sem ela? Aliás, os abraços, os beijos, a cordialidade repentina, entre gente que se odeia e despreza, cenas filmadas pelas televisões, com minúcia e gozo, representaram a mais desabusada manifestação de hipocrisia, de cinismo e de falta de escrúpulos já observada nos últimos tempos.

Não quero estragar a festa, mas parece-me haver uma insalvável precipitação na coroação de Pedro Passos Coelho - e ele que se cuide. Por um lado, não irá contentar os seus apaniguados, e muito menos aqueles, como Aguiar-Branco, que nele vêem o restaurador "da matriz social-democrata do partido", ideologia que o PSD somente tem mantido no nome, porque, rigorosamente, nunca o foi. A seguir, desenganem-se os enfadados de José Sócrates, que sentem uma espécie de vergonha íntima em continuar a apoiar o PS. Pedro Passos Coelho defende o neoliberalismo a toda a brida. Se Sócrates quer privatizar quase tudo, Passos quer privatizar o restante. Aos poucos, o Estado dissolver-se-á, a política será um anacronismo, os "gestores" tomarão conta de tudo e os escassos resquícios de democracia serão definitivamente apagados.

Como reagirá o presidente do PSD confrontado, em termos éticos e políticos, com esta problemática da insatisfação, da expectativa e da ambiguidade? O neoliberalismo mete medo a toda a gente pelo historial de violência e de iniquidades que transporta. As modalidades de organização e de partilha do poder, até agora utilizadas, esgotaram-se no caos das incertezas e da decepção. A lógica da cidadania, própria das práticas democráticas, foi reduzida ao império do "mercado", o qual, averiguadamente, não espelha um modelo de virtudes.

Não acredito que Passos Coelho descubra uma "quarta via."  

Pedro Passos Coelho (PPC), novo líder do PSD (Partido Social-Democrata) é um claro adepto do Neoliberalismo e contrário a tudo o que seja Estado-social. No seu cartão de visita já mostrou claramente que essa é a sua aposta. Não enganou ninguém. A sua aposta é na criação de um país com um Estado mínimo e cheio de "Entidades Reguladoras". Pelos exemplos dos últimos anos, como se sabe a existência de "Entidades reguladoras" custam muito mais do que a mera autoridade do Estado, exercida através de uma Direcção-Geral. O salário de um Presidente de uma "Entidade reguladora", em média, é 5 vezes superior ao de um Director-Geral. Acrescente-se a isso os custos com o respectivo staff, os custos de instalação e demais alcavalas, veremos que sai muito mais caro ao contribuinte. O Banco de Portugal, a ERC (regulador para a comunicação Social), a ANACOM (para as comunicações), Entidade reguladora dos serviços de águas e resíduos (ERSAR),  Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE), são alguns desses exemplos. E quanto a eficácia? Pois…. nalguns casos tem sido desastrosa. Se começarmos com a ERSE, que regula o mercado de monopólios da EDP (que fornece a electricidade mais cara da Europa e paga excelentes prémios de desempenho aos seus gestores), e dos combustíveis (dos mais caros da Europa), para além dos custos que tem, então está tudo dito sobre a sua eficácia, pertinência e contributo para o bem dos portugueses. Já nem falo do Banco de Portugal. Os 4 mil milhões de Euros gastos com a nacionalização do BPN, falam por si sobre a sua capacidade de regulação e a sua eficácia. Imaginemos um treinador de futebol de uma equipa que quer ganhar o campeonato. Sabendo que o clube perdeu os últimos jogos e inúmeros pontos devido à má prestação e aos "frangos" do seu guarda-redes, continua a apostar nele para os jogos importantes que se avizinham. Assim, ao apostar na "regulação", PPC está claramente a apostar no afundar de Portugal. O destino está traçado.

Para além disso, urge que o Partido Social-Democrata mude de nome e de sigla, pois o "Social" está claramente a mais.

Mas o pior não é isso. O pior é que com esta receita e com esta alternativa, até parece que o Sócrates não é assim tão mau. E isso é o que verdadeiramente me assusta.

Lisboa escapa por pouco ao fim da tabela nos transportes

Um estudo distinguiu Munique como sendo a cidade com o melhor sistema de transportes públicos europeus entre 23 grandes centros urbanos. Lisboa ficou em 18.º lugar, à frente de Madrid e Londres. PUBLICO

A Frase

“A questão da unidade é hoje vital, decisiva mesmo, para o PSD. Não só para a sua sobrevivência como partido. Mas também para conseguir chegar um dia ao poder. Ninguém dá o seu voto a um candidato a primeiro-ministro que não consiga afirmar-se na sua própria casa". José António Saraiva, "Sol", 16-04-2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Uns gananciosos estes trabalhadores

Uns gananciosos, estes trabalhadores

A Administração que suga quase três por cento dos lucros da Galp nos seus próprios salários e benefícios acusa os funcionários de falta de solidariedade por quererem um aumento.

Daniel Oliveira (www.expresso.pt)

A Galp propôs aos seus funcionários um aumento de 1,5 por cento. Os trabalhadores vão fazer uma greve. O presidente do conselho de Administração, Ferreira de Oliveira, acusou os trabalhadores de "falta de solidariedade para com o futuro da empresa".

Alguns dados:

1 - Ferreira de Oliveira recebeu, em 2009 , quase 1,6 milhões de euros, dos quais mais de um milhão em salários, 267 mil em PPR, quase 237 mil euros de prémios de desempenho (mais de 600 mil em 2008) e 62 mil para as suas despesas de deslocação e renda de casa. É um dos gestores mais bem pagos deste país.

2 - Os sete administradores da empresa (ex-ministros Fernando Gomes e Murteira Nabo incluídos) receberam 4,148 milhões de euros. Mais subsídio de renda de casa ou de deslocação, no valor de três mil euros mensais. Os 13 administradores não executivos receberam 2,148 milhões de euros. Entre os administradores não executivos está José António Marques Gonçalves, antigo CEO da petrolífera, que levou para casa uma remuneração total de 626 mil euros, incluindo 106 mil de PPR e 94 mil de bónus. No total, os 20 gestores embolsaram 6,2 milhões de euros, 2,9% dos lucros da companhia.

3 - Os trabalhadores pedem um aumento de 2,8 por cento no mínimo de 55 euros. Perante estas exigências de aumento, a administração que recebe estes salários diz que, tendo sido estes dois últimos dois anos "de crise", elas são "impossíveis de satisfazer".

4 - A Galp não está em dificuldades. Os lucros ascenderam, no ano passado, a 213 milhões de euros. No ano anterior foram de 478 milhões de euros. A empresa vai distribuir dividendos pelos accionistas. Mas ao contrário do que tem acontecido nos últimos cinco anos os trabalhadores ficam de fora. "Não é possível distribuir resultados que não alcançámos", diz Ferreira de Oliveira, que, tal como o resto da administração, não deixou de receber o seu prémio pelos resultados que não alcançou.

Os factos comentam-se a si mesmos. Por isso, ficam apenas umas notas:

A administração que suga (com uma grande contribuição do seu CEO) quase três por cento dos lucros de uma das maiores empresas nacionais acusa os trabalhadores de falta de solidariedade por quererem um aumento de 2,8 por cento. E que a greve "não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar" na Galp.

De facto, ex-ministros pensarão duas vezes em escolher aquela empresa para dar conforto à sua reforma se os trabalhadores receberem 2,8 por cento de aumento. De facto, um futuro CEO que precise de receber mais de sessenta mil euros para pagar a sua renda de casa e deslocações (que um milhão nem dá para as despesas) pensará duas vezes antes de aceitar o cargo se os funcionários que menos recebem tiverem um aumento de 55 euros mensais. De facto, gestores que recebem prémios por "resultados não alcançados" não aceitarão dirigir uma empresa que distribui dividendos quando os lucros baixam.

A ganância destes trabalhadores desmoraliza qualquer homem de negócios mais empenhado. Assim este País não vai para a frente. A ver se os trabalhadores da Galp percebem: todos temos de fazer sacrifícios.