Francisco Seixas da Costa A senhora directora de Pessoas e Comunicação da Unicer teve a amabilidade de deixar um comentário no meu anterior post, sobre a questão do Parque Termal das Pedras Salgadas. Fico grato por essa gentileza e estimulo sinceramente os leitores deste blogue a que leiam tal texto, até porque ele é auto-explicativo.
Sobre esta questão, que espero deixará de mobilizar este blogue, mas que cuidarei que não abandone, no próximo futuro, outras áreas da comunicação social e da mobilização cívica em Portugal, gostava de deixar ainda alguns pontos.
O primeiro, e óbvio, é que nada me move, em particular, contra a empresa Unicer, de que sou regular cliente, tal como muito portugueses. Tenho pela Unicer o respeito que me merece qualquer outro investidor, em especial os que se disponham a criar riqueza de que possa usufruir a minha terra natal - Trás-os-Montes. E não deixo de ficar satisfeito pelas notícias que a comunicação da Unicer me trouxe sobre Vidago. Mas a minha questão não tem a ver com Vidago, tem a ver com as Pedras Salgadas. Percebo que, para a lógica da Unicer, essas possam ser duas realidade numa só. Mas as pessoas que vivem nas Pedras Salgadas... não vivem em Vidago!
O segundo ponto, para que não subsista a mínima dúvida, é que recuso ver esta questão instrumentalizada politicamente e que me são alheios quaisquer litígios paroquiais de natureza partidária, nomeadamente os que possam resultar de comentários desse teor colocados neste blogue. A política não é chamada para aqui!
O terceiro é para afirmar que me preocupa, essencialmente, o futuro, económico e social, da vila das Pedras Salgadas, terra onde a minha família tem raízes há já alguns séculos, como quem de lá é bem sabe.
Num quarto ponto, quero dizer que, embora lamentando muito, a comunicação da Unicer não me convence em nada e só confirma as minhas anteriores perplexidades. E quero constatar o que me parece evidente: fazer sobreviver o Parque, com duas ou três fontes, alguns pavões e uns equipamentos esparsos é um "tapar de olhos" e não é sinónimo de devolver às Pedras Salgadas o que a Unicer lhe retirou.
A sustentabilidade do Parque como espaço de usufruto não é independente da existência nele, ou não, de uma unidade hoteleira que garanta a regular movimentação anual de pessoas por aquela terra. Quem quiser fazer uma cura de semanas de águas termais, frequentar durante dias o tal futuro spa e usufruir por um período razoável do Parque - onde dorme? Acampa? Quando a Unicer tomou conta do empreendimento, o Parque tinha um hotel, o Hotel Avelames, (de que mostro uma imagem bem antiga) onde, num passado não muito longínquo, eu próprio fiquei alojado, por mais de uma vez. Não era de alta qualidade? Pelo menos, as gestões Sousa Cintra e Jerónimo Martins mantiveram um hotel razoável. A gestão Unicer acabou com qualquer hotel.
A quinta e nota final é a constatação da realidade insofismável que é o facto da Unicer continuar a recusar-se a responder à simples pergunta: vai ou não construir-se o "Hotel Siza Vieira" nas Pedras Salgadas, como se comprometeu e como a sua direcção anunciou publicamente? Se sim, quando começam as obras e quando se prevê que essa unidade hoteleira esteja em funcionamento? Essa é a única questão que, ao que julgo saber, os habitantes e os comerciantes das Pedras Salgadas gostariam de ver respondida. E eu também.
Ora a Unicer parece continuar a "assobiar para o lado" e a carta da senhora directora enreda-se (e procura enredar-nos) num linguarejar de matiz economicista, com toques de "responsabilidade social" que podem ir com o ar empresarial "modernaço" dos tempos, mas que não vão com a cara que a Unicer tem hoje perante as Pedras Salgadas.
E, já agora, é quase de gargalhada e ofensiva a ideia de irem "reabrir" o parque em Outubro. Em Outubro? No fim da época termal? Só se alugarem clientes... Depois, claro, quando se constatar o deserto de visitantes, mais fácil será argumentar que não há sustentabilidade para a existência de um hotel. Perguntem aos pobres proprietários dos restaurantes das Pedras Salgadas a sua opinião sobre esta "oportuna" abertura!
Quanto ao convite pessoal que a Unicer simpaticamente me faz para visitar os Parques, agradeço-o, mas não o aceito. O que eu pretenderia, como muita e muita gente que conheço, era que me fosse dado um endereço de e-mail ou um telefone que me permitisse marcar as minhas férias no "Hotel Siza Vieira", que a Unicer anunciou, com todas as parangonas, que ia construir no Parque Termal das Pedras Salgadas. Posso tê-los? Quando puder, eu acredito na boa-fé da Unicer.
Até lá, fico também à espera, com imensa curiosidade, das explicações da AICEP e da CCDRN relativas aos fundos de natureza pública de que a Unicer possa ter beneficiado para o projecto do Parque Termal das Pedras Salgadas e do modo como essas entidades apreciam o atraso na conclusão do que com elas terá sido acordado. Só assim terminará o "desconhecimento da situação" de que a Unicer me acusa mas que, pelos vistos, é partilhado por muito mais gente.
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