Dos quatro países em graves dificuldades - Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha - só Lisboa não cortou na despesa pública. Portugal não está a fazer "o que é necessário para evitar cair na mesma situação em que caiu a Grécia", avisou Michael Meister, porta-voz para as questões financeiras do partido da chanceler alemã Angela Merkel em entrevista dada à Bloomberg a 15 de Setembro. Foi a frase que fez soar as campainhas de alarme em Lisboa. Com a dívida soberana portuguesa com taxas de juro que passaram a barreira dos 6%, o corte na despesa pública apareceu como uma reforçada exigência. Até porque Portugal se arrisca a ser o próximo a estar sob a mira dos holofotes económicos mundiais pelas piores razões, já que a vizinha Espanha descolou deste grupo de maus alunos com os bons sinais que deu. Logo em finais de Abril deste ano foram tomadas medidas muito "duras". Num plano sem precedentes, Espanha preparou a eliminação de 29 empresas públicas e o corte de 32 altos cargos de responsáveis de ministérios como medida para diminuir a despesa pública. Esta racionalização do sector público cortou assim cerca de um terço das 106 empresas públicas espanholas, eliminou 15 sociedades mercantis e a maioria das fundações. Um sinal de que alguma coisa estava a ser feita melhorou logo a imagem espanhola nos mercados internacionais. E, se em Espanha o cenário foi este, na Irlanda e na Grécia avançou-se ainda com medidas de redução salarial da função pública, algo que Portugal não pode fazer porque não é constitucionalmente permitido. Por não ter feito cortes, ao contrário do anunciado e desejado, em 2010 a despesa do Estado português continua a crescer. O secretário de Estado do Orçamento, Emanuel Santos, em dados preliminares da execução orçamental de Agosto assumia esse crescimento ( 2,7% ), mas dizia estar tudo "sob controlo". Uma tese que não foi acolhida pelos mercados e que leva o Governo a preparar-se para "antecipar" a divulgação das grandes linhas do OE de 2011, para "acalmar" os mercados. A situação está a ser seguida pela banca e pelos empresários, com António Saraiva, presidente da CIP, a defender já a extinção de institutos públicos e a aplicação de "reformas corajosas" para diminuir a despesa pública". Como ele, muitos outros aumentaram a pressão sobre o Governo. DN
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