Será que este assunto interessa à justiça portuguesa?
“Ex-deputado disse por escrito à Polícia que foi contactado pela cliente quando estava em Belo horizonte, Brasil. Mas os seus próprios advogados garantem que recebeu telefonema em Lisboa O encontro entre Rosalina Ribeiro e Duarte Lima, na noite do assassinato da portuguesa, foi marcado em Portugal ou no Brasil? Lima diz que estava em Belo Horizonte. Mas os seus advogados garantem que estava em Lisboa. É outra contradição que a Polícia estranha. A versão de Duarte Lima não deixa margem para dúvidas e está atestada no fax que o próprio mandou para a 9.ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, a 12 de Dezembro do ano passado, cinco dias depois de Rosalina Ribeiro - uma das herdeiras do magnata Lúcio Thomé Feteira - ter sido assassinada a tiro, em Saquarema, a cerca de 90 quilómetros da sua residência, na praia do Flamengo, Rio de Janeiro. "No passado dia 5 de Dezembro, tendo tomado conhecimento de que eu me encontrava em Belo Horizonte, a minha cliente, D. Rosalina Ribeiro, solicitou-me que me deslocasse ao Rio de Janeiro para tratar de assuntos relativos a processos pendentes que lhe dizem respeito, designadamente os que correm em Portugal e no Brasil relativos à partilha do espólio do senhor Lúcio Thomé Feteira". Esta declaração inicia a descrição que Duarte Lima faz, por escrito, das cerca de duas horas que passou com a sua cliente, de 74 anos, minutos antes da sua morte brutal. No documento, Lima detalha ainda: "A Sr..ª D. Rosalina Ribeiro propôs que a reunião a haver com ela ocorresse por volta das 20 horas do dia 7 de Dezembro, tendo--me solicitado que a apanhasse junto de sua casa, o que fiz".
Contradição causa perplexidade
Exactamente quatro meses e três dias depois do fax, a 15 de Abril de 2010, um requerimento apresentado pelos advogados que representam Duarte Lima no Brasil, veio, no entanto, expor nova contradição, a juntar a outras que as autoridades brasileiras encontraram quanto à participação do português em toda a história.
No documento, a cujo conteúdo o JN teve acesso, os advogados são peremptórios: "O local e o horário do encontro com D.ª Rosalina, na noite de 7 de Dezembro, foi marcado após uma ligação telefónica da iniciativa daquela, recebida pelo requerente [Duarte Lima], na manhã do dia 5 de Dezembro, quando esse ainda se encontrava em Lisboa". Os advogados acrescentam outros pormenores, nomeadamente quanto ao que ficou combinado em caso de mudança de planos.
Esta nova versão desmente a apresentada por Duarte Lima em Dezembro e terá causado alguma perplexidade aos investigadores, que a juntaram ao rol de situações que pretendem ver mais exaustivamente explicadas pelo advogado da portuguesa assassinada.
A descrição que Duarte Lima faz do seu encontro com Rosalina, como já tem sido noticiado, tem levantado as maiores dúvidas às autoridades brasileiras. O advogado português diz não se lembrar exactamente do local onde recolheu Rosalina, por volta das 20 horas do dia 7 de Dezembro, do nome da cafetaria onde conversaram durante "cerca de meia hora", nem sequer da empresa onde alugou o carro em que se deslocou ao Rio de Janeiro, ou da marca e modelo da viatura.
Há ainda por esclarecer, entre outras, a questão da mulher-mistério a quem Duarte Lima diz ter levado Rosalina, para um encontro junto a um hotel em Maricá, a cerca de 65 quilómetros da casa da portuguesa. O advogado diz ter deixado Rosalina com a mulher (ainda não localizada), para uma reunião de negócios, cerca das 22 horas, tendo regressado ao Rio de Janeiro. Testemunhas situam o homicídio entre as 22.20 e as 22.30 horas.”
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