JPP
Portas faz parte de uma direita que já foi nacionalista da pesada, nacionalista "orgânica", monárquica, cheia de admiração pelo "velho dinheiro", hostil aos costumes plebeus da Princesa Diana que tinha amantes errados, uma direita altiva e senhorita, entre caçadas vestidas a preceito e homenagens ao "senhor D. Duarte", anti-europeia e anti-euro, "popular", anti-centrista, cheia de empáfia patriótica – ele eram os antigos combatentes, a guerra no Ultramar, a reverência aos comandos e a Jaime Neves – e depois, por milagre, se tornou "euro-calma", "democrata-cristã", "social", "europeísta", até "fracturante", amiga do MPLA, de Chávez, e de quem mais aparecer para a fotografia. Ele há um Deus vingativo, algures lá em cima, que fulmina pelo ridículo. O mais espantoso é que ninguém melhor do que Portas está a banalizar a soberania, a independência, a identidade nacional, Portugal. O modo utilitário como usa expressões como protectorado, "soberania", as datas de 1580 e 1640, apenas para justificar o que lhe interessa, ou seja a impotência do governo face á troika e a sua desresponsabilização pela política de 2011-3 e preparar o estralejar de foguetes que o governo, com Portas na linha de partida, fará quando terminar o período de aplicação do memorando, é ofensivo para qualquer… patriota. Esta banalização da soberania, que é um ataque efectivo à independência do país e à democracia, fá-lo juntar-se às fileiras dos "europeístas" mais extremos para quem Portugal já devia ser há muito uma província dos Estados Unidos da Europa. Na verdade, o problema é outro, e tem a ver com a falta de sanção que o oportunismo táctico levado ao absoluto tem na nossa vida política. |
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