Domingos Amaral
Nos campeonatos de futebol, quem paga mais, ganha mais. A regra de ouro é essa: quem mais gasta em despesa salarial (vencimentos e prémios), é normalmente campeão nacional. É assim em Espanha, em França, em Itália, na Alemanha, muitas vezes em Inglaterra e é assim também em Portugal. E quem é o clube que neste momento tem uma maior despesa salarial em Portugal? Acertaram, é o Benfica! Segundo os relatórios de contas dos três grandes, divulgados ontem na CMVM, a despesa salarial do primeiro trimestre (Julho, Agosto e Setembro) é a seguinte*: Benfica - cerca de 13 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores FC Porto - cerca de 10 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores Sporting - cerca de 7 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores Se fizermos uma extrapolação destes valores para a despesa anual, veremos que o Benfica no final do ano deverá ter gasto em salários cerca de 52 milhões de euros (4 x 13), o FC Porto andará pelos 40 milhões (4 x 10) e o Sporting deverá ficar-se pelos 28 milhões de euros (4 x 7), o que sendo menos, não são tostões, como ontem disse com demagogia Inácio! Assim sendo, a minha previsão é clara: este ano o Benfica é o mais forte candidato ao título, e provavelmente será campeão, pois tem os melhores jogadores, os mais bem pagos e motivados para vencer. A despesa salarial é um bom indicador, não só da qualidade dos jogadores (se os jogadores são melhores isso reflete-se no seu salário); mas também da motivação dos jogadores (se são mais bem pagos têm maior incentivo para vencer). Por isso, se não houver nenhum facto extraordinário, o clube que melhor paga é normalmente campeão. Para quem não acredita, aqui fica uma prova importante: nos últimos 12 campeonatos em Portugal, essa regra verificou-se em 10 anos! Em 10 casos num total de 12, foi campeão o clube que tinha a despesa salarial mais elevada. Foi assim com o FC Porto, em 9 desses casos, nas épocas que terminaram em 2003 e 2004 (com Mourinho), na época de 2006 (com Co Adrianse), nas épocas de 2007, 2008 e 2009 (com Jesualdo); na época de 2011 (com Villas-Boas) e nas duas últimas épocas, 2012 e 2013 (com Vitor Pereira). Mas também foi assim com o Benfica em 2010, na primeira época de Jorge Jesus, em que o clube teve a despesa salarial mais elevada, e foi por isso campeão. Há excepções a esta regra? Sim, há. Em Portugal e nos últimos 12 anos, há duas excepções. Em 2002 e 2005, o FC Porto apesar de ser a equipa com maior despesa salarial, não foi campeão. Em 2002 foi o Sporting, e em 2005 foi o Benfica. E o que se passou nesses dois casos? Em ambos o FC Porto cometeu o erro de despedir o treinador a meio da época, e não foi campeão. Em 2002 despediu Octávio, e em 2005 despediu primeiro Del Neri e depois Fernandez, terminando com Couceiro. Ou seja, a instabilidade no banco do FC Porto prejudicou a equipa, e o clube não foi campeão. Assim, podemos dizer que se houver instabilidade no banco, é provável que a regra dos salários já não se verifique. O despedimento de um treinador causa sempre perda à equipa, e pode retirar-lhe a possibilidade de ser campeão. Portanto, e em resumo, as minhas previsões para a época 2013-2014 são as seguintes: - O Benfica é este ano o mais forte candidato ao título, e deverá ser campeão, a não ser que haja qualquer calamidade imprevisível. - O FC Porto deverá ser segundo, mas se despedir Paulo Fonseca pode arriscar-se a ficar em terceiro. - O Sporting deverá ser terceiro, a não ser que o FC Porto mude de treinador, caso em que o Sporting pode ser segundo. * Lendo os relatórios com atenção são estes os números da despesa salarial com jogadores e treinadores, diferentes e menores que a despesa salarial consolidada das SADs, que inclui outros items. No caso do Benfica, por exemplo, é necessário retirar as despesas salariais com outras empresas do clube, como a Benfica TV. |
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