Domingos Amaral
Às vezes, é preciso olhar para os números para percebermos a gravidade do que se passou em Portugal. Eis os números da austeridade, quatro anos depois. Em 2010, o PIB português era de 172,8 mil milhões de euros. Em 2013, deverá rondar os 164 mil milhões de euros. Ou seja, a austeridade anulou-nos mais de 8 mil milhões de euros de riqueza produzida em Portugal! Em 2010, a taxa de desemprego portuguesa foi de 10,8. Em 2013, a taxa de desemprego portugesa deverá ficar pelos 15,8, um aumento de quase 50%. Quatro anos de austeridade criaram mais 300 mil desempregados do que havia antes. Em 2010, a dívida pública portuguesa rondava os 160 mil milhões de euros, já incluindo aqui muita coisa que na altura não estava contabilizado. Em 2013, quatro anos depois, a dívida pública portuguesa está em cerca de 230 mil milhões de euros, um aumento de 70 mil milhões de euros! É este o resultado de quatro anos de austeridade, Portugal tem mais 70 mil milhões de dívida do que tinha! Em 2010, a taxa de juro da dívida portuguesa no mercado secundário era no início do ano de 5,5%. Em 2013, a taxa de juro da dívida pública portuguesa é no final do ano de 5,8%. Ou seja, para curar o trágico perigo das dívidas soberanas, estivemos quatro anos em austeridade, e a taxa de juro é agora mais alta do que quando começámos! A directora do FMI, a sra Lagarde, já admitiu o óbvio, que as políticas de ajustamento cometeram muitos erros, e que os resultados foram muito piores do que se esperava, especialmente em Portugal e na Grécia. No entanto, por cá temos um primeiro-ministro que continua apaixonado pela ideia da "austeridade expansionista", e que fica muito irritado quando ouve o FMI reconhecer os erros. Infelizmente, Passos Coelho jamais terá a humildade do FMI, e jamais reconhecerá que as suas políticas, que ele implementou e implementa com entusiasmo, não produziram bons resultados, bem pelo contrário. Os fanáticos de uma ideia não querem saber da realidade, querem é ter razão! |
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