segunda-feira, 5 de abril de 2010

A twilight zone da Função Pública.

I. Os trabalhadores do Estado vivem numa realidade paralela, numa espécie de twilight zone dos direitos adquiridos. E esta realidade alternativa vai desde os senhores do lixo até aos pilotos da TAP. Estas pessoas não compreendem a realidade do país, nem querem compreender. Agarram-se apenas a uns papéis onde está escrito "direito adquirido". Estas pessoas não querem saber da "economia real", essa idiota que paga os "direitos adquiridos".

II. As sucessivas greves da "Função Pública" revelam aquilo que é visível desde 2008: a famosa crise não destruiu o liberalismo. Destruiu, isso sim, o Estado Social tal como o entendemos. A esquerda e a direita 'reaça' não queriam perceber que o tal capital financeiro internacional era aquilo que estava a alimentar o Estado Social (através da compra da dívida dos países). Sem esse capitalismo global, não haveria Estado Social tal como o conhecemos. Mais: foi o tal capitalismo global que colocou um cartão de crédito no bolso de cada um de nós. Que atire a primeira pedra aquele que nunca pecou com o dito cartão de crédito.

III. Portugal tem de repensar o seu Estado Social, da cabeça aos pés. Tal como fizeram os suecos nos anos 90. E esse caminho nórdico foi um caminho liberal.

Henrique Raposo, A Tempo e a Desmodo - Expresso.pt

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