O termo "Geração Rasca" nasceu de um editorial de mesmo nome de Vicente Jorge Silva, publicado em 1994 no Jornal Público, isto por altura das manifestações estudantis contra as políticas educativas e contra o aumento das propinas pelas universidades. E esta geração, apesar do epíteto que perdurou até hoje, conseguiu mudar muita coisa. Vejo os políticos portugueses, tanto o governo como os partidos da oposição, falarem em nome dos portugueses como se deles fossem proprietários, ou como se a razão e voz destes lhes pertencesse por inerência ao cargo para que foram eleitos. Os políticos são os representantes do povo, não os donos do seu julgamento. Quando tudo corre mal a oposição aponta o dedo ao governo, mas quando o governo transitar para a oposição o mesmo irá suceder. Apontam-se dedos no sentido contrário. E os dedos são sempre os mesmos. Há tantos anos. Alternam entre empresas públicas e cargos ministeriais, depois partem para a administração das grandes privadas acontecendo por vezes voltarem ao governo. Não será esta forma de estar da maioria dos políticos um bocadinho "rasca"? E isto leva a uma pergunta que eu não vejo ninguém ou quase ninguém fazer: será que temos uma geração "rasca" de políticos? A fraca qualidade da classe política não será uma das justificações para o estado a que chegámos? Não ajudaria a explicar tanto do que se tem passado neste país. Não generalizando, há honrosas excepções, mas não estarão grande parte dos nossos políticos mais preocupados em servirem-se do cargo do que propriamente servirem e zelarem pelos interesses dos cidadãos que representam? Alguns exemplos: a saúde está falida mas temos alguns dos melhores médicos e serviços do mundo. A educação nunca foi tão discutida e contestada, cortes nas bolsas, fecho de escolas por atacado, avaliações de professores inacreditáveis e carreiras docentes em risco ou inexistentes mas nos entanto temos excelentes professores. Formamos cidadãos, preparamo-los para enfrentar o mundo mas neste pequeno canto do mundo não têm qualquer futuro. Temos polícias sem dinheiro para atestar a viatura. Gastamos milhões em submarinos e somos gozados pelos americanos: "Só o orgulho visceral por um passado marítimo explica a compra dos submarinos". Eu também sinto uma forte ligação ao mar e não vou a correr comprar uma ilha, não tenho dinheiro para isso e mesmo que tivesse seria um idiota. A Justiça anda pelas ruas da amargura, mas não temos bons magistrados? Não há nada de errado com o povo português em geral, muito pelo contrário. E os políticos que nos governaram em particular nestes últimos 15 anos? Estão de parabéns? A verdade é que há políticos muito "rascas". E temos tido alguns exemplos disso. Na minha opinião o problema passa pela necessária renovação da classe política. Acabar de vez com os políticos de carreira e trazer da sociedade civil gente capaz e descomprometida, com ideias novas e principalmente sem precisarem da política para trepar ou para se sustentarem enquanto o elevador não chega. Gente que sirva a política e não se sirva da política. Página do 100 Reféns no Facebook, apareça que faz falta: http://www.facebook.com/?ref=logo#!/pages/Blogue-100-Refens/144947845566183. Tiago Mesquita (www.expresso.pt)
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