sábado, 2 de janeiro de 2010

Marão


 


Atravessar o Marão, na minha infância e adolescência, era uma programada aventura. A serra era uma imensa barreira entre o nosso mundo e o mundo, centenas de curvas que davam direito a enjoos, que se iam atenuar com um copo de "Pedras" na "Lai Lai" ou no "Zé da Calçada", logo que chegados a Amarante.

Mais tarde, as idas para a universidade, na camionete do "Cabanelas" para o Porto, representavam mais de três horas de viagem, sempre com paragem obrigatória em Amarante, desta vez no largo do Arquinho, para um "reforço" no "Príncípe".

Nos eternos regressos a Vila Real, recordo o conforto psicológico que era descortinar, lá ao alto, as luzes da Pousada de S. Gonçalo, uma espécie de posto avançado da cidade, a qual se iria vislumbrar, quilómetros depois, numa certa curva de Arrabães.

Graças ao IP4, o Marão é hoje um "tigre de papel". Há dias, de Vila Real, fui jantar a Amarante e regressei em cerca de meia hora. Há quem vá, a meio da manhã, de Vila Real ao Porto, e volte para almoçar. Com o futuro prolongamento da A4 a Trás-os-Montes, tudo vai ser ainda mais fácil.

Portugal está bem mais pequeno. Não tenho a mais leve saudade daquele passado. Ou melhor: apenas me faz falta a Pousada de S. Gonçalo, ali perto do Alto de Espinho, ingloriamente "terceirizada", como dizem os nossos amigos brasileiros.

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