Francisco Seixas da Costa
Aqui há uns anos, num almoço em casa de um colega, a conversa, com outro convidado, resvalou para o terreno político. Eu tinha responsabilidades de governo por esses tempos e senti-me provocado com algo que ele disse - e não faço já a mais leve ideia do que foi. Irritei-me e julgo que fui longe demais, não apenas na argumentação utilizada, mas, especialmente, no tom que assumi. No dia seguinte, telefonei ao dono da casa a desculpar-me, tendo este, com simpática benevolência, desvalorizado o assunto. Ontem, li num jornal que o meu interlocutor dessa conversa polémica morreu. Ele não estava totalmente inocente no tocante ao rumo que a nossa discussão teve. Mas, ao ler a notícia da sua morte, senti pena por nunca lhe ter dado uma palavra sobre o assunto. |
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