O ano não começa bem. Acabo de saber da morte de Marques Júnior, uma das figuras do 25 de abril. Envolvido posteriormente na vida político-partidária, revelou-se sempre um homem desapegado do poder, sem procurar cargos ou honrarias.
Conhecemo-nos nos tempos conturbados da Revolução. Recordo-me de uma assembleia do Exército, coordenada por Vasco Lourenço, na noite de 13 de março de 1975, durante a qual Marques Júnior recusou integrar o novo Conselho da Revolução, que emergiu na sequência dos acontecimentos de "11 de março". Só a insistência dos seus camaradas o fez mudar de ideias, num momento posterior.
Próximo de Otelo Saraiva de Carvalho, viria a distanciar-se da deriva radical deste e a aproximar-se de Ramalho Eanes, tendo presidido à comissão responsável pelo inquérito aos acontecimentos de "25 de novembro".
Na sua atividade parlamentar, Marques Júnior viria a especializar-se nas áreas da defesa e segurança, mas igualmente das informações. Neste último sensível domínio, o seu nome era regularmente consensualizado para as estruturas de fiscalização dos serviços.
Com a morte de Marques Júnior, desaparece uma das figuras que melhor representa o verdadeiro espírito do 25 de abril. Um homem sério, determinado, fiel às suas ideias e sempre disposto a lutar por elas.
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