Já aqui falei do "Egoísta", essa revista de culto a que a Patrícia Reis conferiu textura (nunca a palavra foi tão adequada), o Henrique Cayatte foi reinventando a forma e Mário Assis Ferreira soube dar vida, com o seu bom gosto. Acabo de saber que vai fechar. Caramba! Também a "Egoísta"?
A "Egoísta" era uma revista tão bonita que, às vezes, parecia que a forma tomava conta do conteúdo. Cada número era bem diferente, às vezes no tamanho, outras vezes até na forma. Era uma surpresa, sempre agradável, um gozo para os sentidos, mas também para o intelecto.
Um dia, escrevi por lá um artigo. Um amigo meu, por razão profissional atento ao tema que eu abordara, disse-me que era uma pena que um texto, que ele achava interessante, fosse publicado numa revista onde as pessoas, por sistema, se distraíam com o objeto-revista. Não tinha razão. A "Egoísta" lia-se e era mesmo de um escrupuloso cuidado naquilo que publicava. Há textos belíssimos, que ganhariam em ser republicados.
Ao Mário Assis Ferreira, ao Henrique Cayatte e à Patrícia Reis quero deixar uma palavra de imenso apreço pelo "produto" que, ao longo destes já muitos anos, fizeram o favor de nos proporcionar, para gozo (algo pluriegoísta, confessemos) do grupo de privilegiados a quem a publicação era oferecida.
Depois da "Câmara Clara", desaparece a "Egoísta". Os tempos não vão de feição para a cultura. Que ninguém se lembre agora de nos tirar a escrita de Margarida Rebelo Pinto e as telenovelas assinadas Tozé Martinho. Era só o que faltava!
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