Cada vez me "passo" mais com os toques e as conversas de telemóvel em público. Eu sei que isso acontece a muitos, mas eu queixo-me aqui das minhas penas.
Há poucos dias, numa cerimónia religiosa com elevada tensão emocional, um telemóvel tocou. Pode acontecer a qualquer um, por distração. Porém o "paralelipípedo batizado" (era assim que o meu pai qualificava alguns patetas) em lugar de desligar de imediato, atendeu em voz baixa, para espanto de todos. Grunhiu uma coisas e - pensámos nós! - desligou o aparelho. Qual quê! Um minuto depois, o telefone voltou a tocar e, não fora uma espécie de onda de ameaça física de toda a vizinhança, preparava-se para responder de novo.
No dia seguinte, na sala de espera do aeroporto de Lisboa, uma mulher incomodou todos os circunstantes, alimentando com voz de ave canora uma longa conversa, como se os outros fossem obrigados a aturar as peripécias da sua vida e da família. Alguns estrangeiros, à volta, riam do ridículo da situação. Há leis para tudo, menos para acabar com estes espetáculos.
Recordo-me que, um dia, em Brasília, o pianista Adriano Jordão - que era também conselheiro cultural da nossa embaixada - dava um concerto. A sala estava cheia. O pianista iniciou a peça. Tocou um telefone. O Adriano Jordão parou de tocar e, voltando-se para a senhora que, com desespero, tentava calar a máquina, disse:
- Faça-me um favor. Se for para mim, diga que não estou...
Sem comentários:
Enviar um comentário