Qual a razão objectiva desta nomeação, além de dar uns milhares de euros e permitir negociatas a estes Srs?
O governo engordou o Conselho de Administração da Caixa de sete para onze elementos e colocou gente do PSD e CDS. Três dos novos administradores foram nomeados em regime de não-exclusividade e prosseguem os negócios fora do banco. Um dos novos administradores da Caixa pode continuar a gerir escritório de advogados que representa empresa em litigância com a CGD. Um deles é o irmão de Marcelo Rebelo de Sousa, cujo escritório de advogados representa a petrolífera italiana ENI, que detém parte importante do capital da GALP e chegou a colocar a hipótese de se desfazer da sua posição na empresa, um negócio onde a Caixa seria chamada a intervir. Pedro Rebelo de Sousa entra para a administração da CGD pela mão de Passos Coelho e o jornal "i" diz que a sua nomeação para a Comissão de Auditoria está a causar mal-estar na Caixa não apenas por causa da sua ligação à ENI, mas também por representar a Compal, que tem um processo em tribunal contra o banco de que passa a ser administrador. Outros dois dos novos nomeados - o ex-presidente da Uni. Católica do Porto, Álvaro Nascimento, e o advogado Eduardo Paz Ferreira - também estão na administração da Caixa podendo acumular com outras funções profissionais fora do banco do Estado. As nomeações de Passos Coelho causaram polémica dentro e fora da Caixa, após o primeiro-ministro ter prometido na campanha que com ele não haveria nomeações políticas para as empresas públicas, os famosos "jobs for the boys", na frase atribuída ao ex-PM António Guterres. Uma dessas polémicas refere-se a entrada de António Nogueira Leite para a administração executiva. O vice-presidente do PSD era também administrador da José de Mello Saúde, justamente um dos ramos da CGD que o governo diz querer vender aos privados, com a empresa do novo vice da Caixa a surgir como potencial compradora. O Diário Económico diz que Nogueira Leite ficou surpreendido por o seu nome não aparecer no comunicado da Caixa como vice-presidente executivo, cargo para o qual teria sido convidado, mas apenas como vogal. E o vice do PSD respondeu na sua página no Facebook - onde ainda se apresenta como "Administrador da José de Mello Investimentos, SGPS, SA" - desmentindo qualquer polémica e mostrando-se aborrecido. "Ainda nao pus os pés na CGD e já começaram as guerrinhas", desabafou o ex-coordenador do programa eleitoral Passos Coelho. Reagindo também no Facebook às críticas de Francisco Louçã sobre a nomeação dos "boys" do partido laranja para cargos de topo no banco público, feitas no comício do passado sábado no Furadouro, Nogueira Leite diz "não ser um homem de rancores", lançando em seguida a ameaça: "a esse torquemada de trazer por casa não vou perdoar". O administrador do grupo Mello prestes a entrar na Caixa diz haver uma "fixação" de Louçã em si por causa do hospital Amadora-Sintra, em que o Estado acabou por retirar a gestão ao grupo Mello por causa do desempenho considerado "desastroso" pelos bloquistas. Nogueira Leite diz que Louçã "não perdoa que o tribunal arbitral do Amadora-Sintra tenha dado como infundadas e até erradas todas as argumentações dos seus esbirros", referindo-se aos oponentes do grupo Mello neste tribunal, ou seja, o Ministério Público e o próprio Estado. Outra entrada a causar incómodo foi a de Nuno Fernandes Thomaz, antigo secretário de Estado de Paulo Portas para os Assuntos do Mar no governo de Santana Lopes, que ganhou agora um lugar de administrador executivo do maior banco nacional. Com esta nomeação, o ex-governante do CDS anunciou a saída da empresa financeira Ask e a venda da participação que nela detinha. Para além dos cinco administradores acima referidos, o Conselho de Administração da CGD reconduziu Norberto Rosa, Jorge Tomé, Rudolfo Lavrador e Pedro Cardoso. José Agostinho de Matos será o presidente da Comissão Executiva e Faria de Oliveira passa a "chairman" do banco. Esquerda
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