Falemos hoje de uma situação muito mal esclarecida deste governo. Muito mal esclarecida e que nada dignifica nem o executivo, nem a nossa (parece que já) pobre democracia. Refiro-me ao episódio Bernardo Bairrão. O EXPRESSO desta semana fez um trabalho notável (e que convido o leitor a consultar com toda a atenção) sobre a história do secretário de Estado da Administração Interna que não o chegou a ser. No entanto, o episódio tem aspectos muito preocupantes e revela o primeiro sinal de fragilidade de alguns membros do governo e mesmo do Primeiro-Ministro:
a) Apesar de o Expresso no sábado afirmar que a história nada teve a ver com Marcelo Rebelo de Sousa, a verdade é que, na sequência de um texto meu anterior sobre o tema, recebi um mail de uma figura relevante do PSD a concordar com a minha tese (a de que Passos quis tramar Marcelo Rebelo de Sousa) e que o Professor será corrido da TVI dentro de 4 meses. Até porque Bernardo Bairrão demitiu-se do estação de Queluz de Baixo, afastando-se desta forma o grande entusiasta da contratação de Rebelo de Sousa. Se assim for, confirma-se que Passos Coelho não abdica dos métodos Socráticos de domínio da comunicação social. E Miguel Pais do Amaral, que na sequência de pressões do governo Santana Lopes tentou calar Marcelo, até já domina a TVI e grande aliado de Paulo Portas;
b) Manuela Moura Guedes ligou para Passos Coelho contra a inclusão de Bernardo Bairrão no governo. E foi aí que tudo se precipitou. Se assim foi, significa que o Primeiro-Ministro de Portugal tem medo de Manuela Moura Guedes! Então, decide-se em função de um SMS da jornalista que esteve para a SIC, mas já não vai? O casal Moniz manda em Passos Coelho. E Miguel Macedo ligou a Bernardo Bairrão para justificar que a saída se deve a pressões de vários lados. Ora, isto é digno de uma República das Bananas! Se o governo não consegue resistir a pressões pela nomeação de um secretario de Estado, quem nos garante que terá autoridade para tomar medidas dificéis indispensáveis para o futuro de Portugal? Quem nos garante que não ficará refém destas pressões? É um péssimo sinal...
c) Mais uma vez, nesta história, aparece a Ongoing, a empresa mais misteriosa deste país. Que tem nos seus quadros gente ligada a Passos Coelho. Será que a promotida privatização da RTP é uma cedência á Ongoing? Não sei...Mas que tudo isto é muito estranho, lá isso é. Entretanto, Portugal e os Portugueses sofrem...
P.S.- A Ongoing processou o Nicolau Santos, jornalista do Expresso, por uma opinião bem fundamentada e certeira. Quanto a mim, empresas que tentam silenciar pelo medo são sempre de desconfiar...digo eu...
João Lemos Esteves (www.expresso.pt)
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