Pois muito bem, meu caro Passos Coelho, eu até aceito pagar o imposto extraordinário. O estado do país, depois da peste socrática, não é bonito, e, ao contrário de 2002 e 2005, estamos com o FMI e a UE à perna. Ou seja, aquilo que foi uma desculpa para Durão e para Sócrates é, para si, uma evidência: o legado do seu antecessor é dramático, é pestífero, é mau-demais-para-ser-verdade. Comparar 2002 ou 2005 com 2011 é desonesto. Historicamente desonesto. A situação é extraordinária, e pede medidas extraordinárias. Além disso, sua equipa económica (Moedas, Gaspar & Santos Pereira) merece - até prova em contrário - total confiança. Mas, meu caro Passos Coelho, depois da imposição deste imposto V. Exa. não pode ser modesto no ataque às despesas do Estado. Já chega de atacar o problema através da receita. É preciso, de uma vez por todas, atacar a sério a despesa, nomeadamente as PPP & SCUT que o senhor engenheiro Sócrates legou aos construtores desta bela terra. Este imposto extraordinário só será legítimo se o seu governo atacar as PPP dos Jorges Coelhos desta santa terra. E, para isso, basta seguir o livro do seu ministro da economia, Álvaro Santos Pereira. Está lá explicado a forma como devemos renegociar essa monstruosa dívida interna que são as PPP. Sem essa renegociação, mais impostos extraordinários serão necessários nos verões de 2012, 2013 e 2014. E não é preciso ser Maquiavel para perceber que isto seria a morte do seu governo, porque V. Exa. perderia qualquer legitimidade perante os portugueses. Portanto, este imposto que agora exige, caro Pedro, só será legítimo quando o dr. Jorge Coelho começar a reclamar. A Pátria quer ouvir as lamúrias do dr. Jorge Coelho. Expresso.
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