Atenção!
As mudanças no sistema de privacidade do Facebook, anunciadas no início do mês e que começaram a ser introduzidas ontem, estão a originar várias críticas por parte de associações de utilizadores que zelam pela protecção dos dados disponibilizados online. Alguns críticos dizem que esta nova política de gestão das configurações de privacidade está a fazer com que as informações partilhadas pelas pessoas venham a atingir uma audiência ainda mais vasta, através da esperada incorporação dos dados em motores de busca.
A partir de ontem começaram a ser visíveis as mudanças no sistema de privacidade da rede social que já conta com mais de 350 milhões de pessoas registadas, através de uma janela “pop-up”, que convidava os utilizadores a actualizarem os seus sistemas de partilha de dados.
Desde a primeira hora que o Facebook deixou claro que as mudanças introduzidas ajudariam os utilizadores a gerirem os seus conteúdos. Por exemplo, se um utilizador quiser mostrar determinada fotografa apenas aos seus familiares e amigos, poderá bloquear o acesso à imagem aos seus contactos profissionais ou a quaisquer outros que não queira que vejam a fotografia e questão.
Porém, o Facebook indica que o mundo está a caminhar no sentido inverso, e aquilo que as novas definições permitem igualmente é que todos os utilizadores da rede social possam partilhar as suas divagações, fotografias, vídeos e qualquer informação pessoal aos 350 milhões de “companheiros” do Facebook. Ou seja, aquilo que já faz o Twitter.
Em resumo: se por um lado o Facebook passa a permitir uma melhor gestão dos públicos com quem se quer partilhar a informação, por outro também alarga o palco e a potencial esfera de acção potencial de cada utilizador.
“Qualquer sugestão que indique que nós estamos a tentar enganar as pessoas vai contra qualquer objectivo que tenhamos”, ressalvou Barry Schnitt, um porta-voz do Facebook.
De maneira diferente pensam algumas associações de utilizadores que zelam pela protecção dos dados disponibilizados online, nomeadamente a US Electronic Privacy Information Center (Epic) e a Electronic Frontier Foundation, que criticam logo à cabeça o facto de, por defeito, o utilizador ter marcada a opção de que toda a sua informação é pública e que poderá ser publicada em motores de busca. Se isto ocorrer, uma vez saída a informação da rede social para o vasto campo da Internet, o Facebook não se responsabiliza pelo seu futuro uso, pelo que o utilizador fica indefeso, alerta o “El Mundo”.
“O Facebook está a empurrar as definições para a posição ‘revelar tudo’”, indicou Marc Rotenberg, directo executivo da Epic. “Do ponto de vista da privacidade, isso não é justo”.
Por seu lado, a Electronic Frontier Foundation indicou em comunicado que “estas mudanças à política de privacidade têm a clara intenção de empurrar os utilizadores do Facebook para partilharem publicamente ainda mais informação do que antes”.
“Pior, as mudanças irão na verdade reduzir o controlo que os utilizadores têm sobre os seus dados pessoais”, acrescentou a mesma fundação.
Os defensores da privacidade criticam igualmente o facto de o Facebook estar a requerer que alguma informação pessoal, como o sexo da pessoa e a cidade em que reside, sejam obrigatoriamente visíveis para todos.
Acerca deste ponto em concreto Barry Schnitt, do Facebook, disse que os utilizadores podem simplesmente não preencher esses campos se não quiserem que essa informação fique visível.
O Facebook começou a testar as mudanças ao seu sistema de privacidade em meados deste ano, antes de os tornar efectivos em toda a rede.
Jason Kincaid, colunista do blogue de notícias sobre tecnologia Tech Crunch, comenta que algumas das mudanças foram introduzidas para tornarem o Facebook mais “atractivo” para os motores de busca como o Google e o Bing, cada vez mais interessados em incorporar os conteúdos das redes sociais nas suas páginas.
Em Outubro, a Microsoft anunciou planos para incorporar mensagens públicas do Facebook nos seus resultados de busca, mas o serviço ainda não está disponível.
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