terça-feira, 4 de setembro de 2012

Aula de Direito.

Uma manhã, quando nosso novo professor de "Introdução ao Direito" entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:

- Como te chamas?

- Chamo-me João, senhor.

- Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! - gritou o desagradável professor.

Juan estava desconcertado. Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estávamos assustados e indignados porém ninguem falou nada.

- Agora sim! - e perguntou o professor - para que servem as leis?...

Seguíamos assustados porém pouco a pouco começamos a responder à sua pergunta:

- Para que haja uma ordem em nossa sociedade.

- Não! - respondia o professor.

-Para cumpri-las.

- Não! 

-Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.

- Não!! 

- Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!

- Para que haja justiça - falou tímidamente uma garota. 

- Até que enfim! É isso... para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça? 

Todos começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira. Porém, seguíamos respondendo:
- Parasalvaguardar os direitos humanos...

- Bem, que mais? - perguntava o professor. 

- Para diferençar o certo do errado...  Para premiar a quem faz o bem... 

- Ok, não está mal porém... respondam a esta pergunta: agi corretamente ao expulsar João da sala de aula?...

Todos ficamos calados, ninguem respondia. 

- Quero uma resposta decidida e unânime! 

- Não!! - respondemos todos a uma só voz. 

- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça? 

-Sim!!!

- E por que ninguem fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para pratica-las? 

- Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! 

- Vá buscar o João - disse, olhando-me fixamente.

Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito.Quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.

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