segunda-feira, 7 de maio de 2012

Porto de Abrigo

Leio hoje que terá fechado, em Lisboa, o "Porto de Abrigo", um velho e tradicional restaurante nos Remolares, ao Cais do Sodré, onde o arroz de pato foi, durante décadas, um clássico. A este propósito, veio-me à memória uma história passada, creio que em 1999, com Mário Soares, à saida de uma conferência sobre a Europa, no Ritz, que tivera como convidado François Hollande, de quem muito se fala por aqui nestes dias.

Mário Soares e eu havíamos decidido ir almoçar a um determinado restaurante da "baixa" de Lisboa. Ao aproximarmo-nos da porta, um casal idoso que passava abordou o antigo presidente, tendo a senhora inquirido: "Não se lembra de nós?" Mário Soares procurou ser simpático mas, com toda a naturalidade, não podia recordar a imensidão de gente que cruzou na vida e que, a ele, o identifica sempre sem dificuldade. Já fui testemunha de cenas similares, também passadas com Mário Soares, nas ruas de Paris, de Roma, de Estrasburgo e até de Jerusalém.

A senhora lembrou, então: "Até há pouco tempo, nós fomos os donos do "Porto de Abrigo" e, várias vezes, a pedido da dra. Maria Barroso, íamos levar-lhe comida do nosso restaurante, ao Aljube, onde o senhor doutor estava preso por motivos políticos". Mário Soares não me pareceu recordar-se precisamente dos factos, mas saudou com alguma afetividade aqueles que ajudaram a atenuar o peso desses dias difíceis, proprietários daquela que era uma bem simpática casa de restauração de uma Lisboa de outros tempos. Que, infelizmente, acabou, como, felizmente, acabou o Aljube.
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