Não interessa saber, a este especialista, que se os manuais fossem baratos, ou se houvesse empenho em que a circulação funcionasse bem, seria uma poupança para todos, pois ele desconhece que o dinheiro é de todos –pelo menos dos que pagam impostos! Naturalmente que lhe interessa defender os lucros da editora.
“Este valor é estimado apenas para o primeiro ano, prevê a devolução dos livros em bom estado e não abrange o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos, nem a renovação dos manuais ao fim de quatro anos ou menos. O trabalho, desenvolvido pelo investigador Adalberto Dias de Carvalho, teve como ponto de partida a experiência espanhola, segundo a qual o sistema tem como pontos fracos a necessidade de recurso a fotocópias para revisões e a quebra do interesse e motivação dos alunos quando os livros não são seus. Segundo o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, os alunos mais carenciados são os que têm menos condições para preservar os livros, pelo que acabam por ter de pagar os estragos quando os mais favorecidos não pagam nada, o que é considerado perverso. A adopção deste sistema em Portugal, a que o PS se opôs no Parlamento embora sem capacidade de impedir a passagem de diversos diplomas da oposição na generalidade, acarretaria ainda prejuízos para as livrarias que vendem manuais ou mesmo o encerramento de estabelecimentos em todo o país, de acordo com o estudo. Os dados apresentados demonstram a existência de mais de 2.000 livrarias que comercializam manuais nos 18 distritos de Portugal e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. "O sistema de empréstimo gera instabilidade e prejuízos nestes agentes económicos, com consequências nefastas no emprego, na dinamização cultural de núcleos populacionais mais pequenos e na capacidade de investimento e inovação das empresas editoriais", lê-se no documento. Actualmente, em Portugal, apenas as famílias mais carenciadas são apoiadas na aquisição dos manuais através do Serviço de Acção Social Escolar. O autor destaca ainda que, se actualmente os custos logísticos se reportam apenas à identificação das necessidades pelas escolas, o modelo de empréstimo exigiria a criação de uma equipa de trabalho para "conceber, gerir e executar a complexidade dos respectivos processos". Por outro lado, uma recessão no mercado ocupado pelas editoras nacionais acarretaria "uma fragilização das empresas portuguesas e a ocupação massiva do espaço editorial pelo grupos estrangeiros". Da adopção de um sistema de empréstimo universal resulta "um aumento dos encargos do Estado com a aquisição de manuais" e um eventual "agravamento da discriminação negativa dos alunos mais carenciados", sublinha o especialista.” DN.
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