A cena de um líder partidário se apresentar para uma reunião oficial com o chefe de Estado português sem usar gravata - o que, aliás, julgo já ter acontecido no passado - sublinhou definitivamente o facto da camisa aberta ter passado a ser uma forma cada vez mais natural dos políticos portugueses se apresentarem em público. Nuns casos, será a mostra de uma assumida rebeldia contra hábitos considerados burgueses, noutros terá sido a colagem a uma certa modernidade de vestuário, àquilo a que os brasileiros chamam de "esporte fino". Ainda em outras circunstâncias, presumo, deve ser já o efeito da nossa quota no aquecimento global, muito embora a generalização do uso do ar condicionado às vezes atenue um pouco a pertinência do argumento.
O modelo da camisa aberta sob o casaco tem, porém, algumas não despiciendas "nuances". Numa versão "soft", os políticos abrem apenas um botão da camisa; na fórmula mais "avançada" abrem dois botões. De uma coisa podem ficar certos: nada disto é casual (pelo contrário, como diriam os anglo-saxónicos, é mesmo "very casual") e estamos perante fenómenos que convocam lições de semiologia! Cada botão aberto a mais corresponde a uma fatia acrescida de informalidade que se pretende incutir no subsconsciente do público, normalmente à procura de identificação com um eleitorado mais jovem ou descontraído, com tudo o que isso encerra de mensagem subliminar.
Esta evolução de trajes públicos, diga-se, já tinha sido prenunciada, em termos bem mais radicais, pelos representantes da comunicação social. Hoje em dia, em Portugal, numa qualquer conferência de imprensa ou acto oficial, por mais solene que ele seja, é vulgar ver jornalistas, portadores de "cornetos" de som, fotógrafos ou "cameramen" vestidos das formas mais bizarras, alguns com um ar que se aproxima já do dos arrumadores de carros, às vezes de t-shirt e ténis, como se eles próprios se considerassem "invisíveis" no cenário e não se sentissem obrigados a respeitar o rigor do acto em que também estão inseridos. E, num dia não muito distante, lá chegaremos ao fato-de-treino! Basta olhar para as conferências de imprensa da Casa Branca e fazer a comparação!
Mas há um hábito, já não dos políticos mas de cidadãos em geral, que, para mim, se tornou extremamente irritante: o de trazer a gravata descaída, com o botão aberto, por mero desleixo, por pura saloiíce ou fruto do calor (caso em que seria preferível tirá-la), outras vezes por assumida moda. Mas, neste último caso, já nada há a fazer, é um facto da vida: na televisão francesa há mesmo um jornalista que apresenta um "talk show" sério vestido dessa forma.
Sempre que posso, não uso gravata. Mas sentiria algum desconforto em pensar não utilizá-la em certas circunstâncias. Deve ser da idade. Da mesma maneira que hoje é permitido, cada vez mais, não usar gravata em certas ocasiões, espero que não venha a ser proibido usá-la quando me apetecer. É que eu gosto de gravatas, como já devem ter percebido!
O modelo da camisa aberta sob o casaco tem, porém, algumas não despiciendas "nuances". Numa versão "soft", os políticos abrem apenas um botão da camisa; na fórmula mais "avançada" abrem dois botões. De uma coisa podem ficar certos: nada disto é casual (pelo contrário, como diriam os anglo-saxónicos, é mesmo "very casual") e estamos perante fenómenos que convocam lições de semiologia! Cada botão aberto a mais corresponde a uma fatia acrescida de informalidade que se pretende incutir no subsconsciente do público, normalmente à procura de identificação com um eleitorado mais jovem ou descontraído, com tudo o que isso encerra de mensagem subliminar.
Esta evolução de trajes públicos, diga-se, já tinha sido prenunciada, em termos bem mais radicais, pelos representantes da comunicação social. Hoje em dia, em Portugal, numa qualquer conferência de imprensa ou acto oficial, por mais solene que ele seja, é vulgar ver jornalistas, portadores de "cornetos" de som, fotógrafos ou "cameramen" vestidos das formas mais bizarras, alguns com um ar que se aproxima já do dos arrumadores de carros, às vezes de t-shirt e ténis, como se eles próprios se considerassem "invisíveis" no cenário e não se sentissem obrigados a respeitar o rigor do acto em que também estão inseridos. E, num dia não muito distante, lá chegaremos ao fato-de-treino! Basta olhar para as conferências de imprensa da Casa Branca e fazer a comparação!
Mas há um hábito, já não dos políticos mas de cidadãos em geral, que, para mim, se tornou extremamente irritante: o de trazer a gravata descaída, com o botão aberto, por mero desleixo, por pura saloiíce ou fruto do calor (caso em que seria preferível tirá-la), outras vezes por assumida moda. Mas, neste último caso, já nada há a fazer, é um facto da vida: na televisão francesa há mesmo um jornalista que apresenta um "talk show" sério vestido dessa forma.
Sempre que posso, não uso gravata. Mas sentiria algum desconforto em pensar não utilizá-la em certas circunstâncias. Deve ser da idade. Da mesma maneira que hoje é permitido, cada vez mais, não usar gravata em certas ocasiões, espero que não venha a ser proibido usá-la quando me apetecer. É que eu gosto de gravatas, como já devem ter percebido!
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