O antigo ministro socialista João Cravinho afirmou que falta
planeamento estratégico nas grandes obras projectadas para Portugal,
dando como exemplo o facto de a alta velocidade (TGV) não estar
articulada com o novo aeroporto.
O TGV e o aeroporto devem ser discutidos "em função da ideia daquilo
que queremos fazer tendo em vista o país que queremos construir dentro
de 20 a 30 anos. São obras que duram dezenas e dezenas de anos, que
são estruturais e para as quais é preciso ter primeiro uma ideia",
defendeu João Cravinho, à margem de um almoço no Clube ISCTE, em
Lisboa.
O antigo ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do
Território defendeu que o território deve ser a "plataforma inicial de
todo o pensamento estratégico" e criticou o facto de os grandes
projectos de obras públicas nacionais estarem a ser discutidos "um a
um" e não "em conjunto".
"Não se pensa no sistema e em que sistema deve existir para resolver
os problemas do país dentro de vinte anos", afirmou João Cravinho,
dando como exemplo o facto de "ninguém ter conseguido fazer com que a
construção do novo aeroporto [previsto para Alcochete] batesse bem
como o traçado do TGV".
"Não ligam, não se articulam. Isto é o resultado de uma péssima
abordagem ao problema", disse o presidente do Banco Europeu para a
Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), referindo que a discussão em
torno das grandes obras públicas "tem sido de uma banalidade e,
nalguns casos, de uma infantilidade" chocantes.
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