segunda-feira, 22 de abril de 2013

O mistério do nó de Francos

Francisco Seixas da Costa

 

- Sabes onde é o nó de Francos?

 

A pergunta não me apanhou totalmente de surpresa, porque tinha sido antecedida de um comentário do tipo: "Então lá vi, no teu blogue, que és muito "entendido" no Porto!"

 

Devo dizer, contudo, que estranhei o facto daquela amiga, empedernida lisboeta e que eu achava distante das peculiaridades da "Invicta", me estar a colocar tal questão. Mas lá lhe respondi que sim, que sabia onde era o "nó de Francos".

 

- Olha! Ele sabe onde é o nó de Francos! disse com um ar de espanto, voltando-se para o marido.

 

Senti-me o "Vasquinho" no exame de Anatomia, na "Canção de Lisboa", quando revelou conhecer o "esternocleidomastoideo".

 

- E Bessa Leite, conheces?

 

Que diabo! Que raio de interrogatório portuense era aquele? É que logo se seguiu uma questão sobre a avenida AEP.

 

A explicação veio logo:

 

- Conhecemos muito mal o Porto, mas fartamo-nos de ouvir, todos os dias, aqueles nomes, nas notícias sobre o trânsito. Já nos são familiares. Um dia vamos ao Porto contigo, para nos mostrares esses sítios. Andamos com uma imensa curiosidade...

 

Se acaso eu vier a levar esses meus amigos para conhecer o Porto, acho que há sítios bem mais interessantes do que pô-los a passear pela avenida AEP...

 

Esta historieta, passada há dias, lembrou-me uma conversa com um amigo timorense, há muitos anos, em Nova Iorque. Falávamos de Lisboa, cidade que ele só tinha visitado por escassas horas De repente, inquiriu: "Você sabe onde é a segunda ponte do Feijó?" Disse-lhe que sabia que era na margem sul do Tejo, mas não tinha a certeza que localidades ligava. Mas qual era a curiosidade? Riu-se e disse-me que, na rádio portuguesa que chegava a Timor pela onda curta, relativa à manhã lisboeta, ouvia frequentemente que "as filas de trânsito começam na segunda ponte do Feijó"...

 

Afinal, as notícias do trânsito podem ser bem instrutivas.


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