Francisco Seixas da Costa
Fui ontem ao Porto, para uma reunião de trabalho. Após o liceu, vivi dois anos no Porto, como estudante. Desde então, volto lá, com um renovado prazer, sempre que posso. Sinto-me em casa, no Porto. É uma cidade que me induz um imenso bem-estar. Por lá tenho familiares e muito bons amigos - porque a amizade, no Porto, é uma coisa séria. Conheço o Porto bem melhor do que muitos portuenses, desde as lojas aos cafés, passando (que surpresa!) pelos restaurantes e pelas livrarias. Em tempos, cheguei a pensar ir viver a minha aposentação para lá. (Como ela é hoje um pouco "atípica", pensarei nisso mais tarde.) Às vezes, dou-me conta de que me movo no Porto, de carro ou a pé, quase melhor do que em Lisboa. Na viagem de ontem, ia com um colega de trabalho, lisboeta de gema. À saída do aeroporto, porque antes da reunião tínhamos almoços em locais diferentes, expliquei-lhe onde nos deveríamos encontrar, em função do restaurante onde ele ia: "É fácil. Você sai dos Poveiros por S. Lázaro, segue a Rodrigues de Freitas e, logo depois do Prado do Repouso, entra no Heroísmo - lembra-se onde era a PIDE? - corta na primeira rua à direita, um pouco antes da "Cozinha do Manel". É logo ali". O meu colega olhou para mim, com o ar de quem estava a ouvir falar da toponímia de Ulan Bator, e retorquiu: "Você desculpe, mas eu do Porto quase só conheço a Boavista e a avenida dos Aliados. No resto, perco-me". Nem ele sabe o que perde. O Sérgio Godinho, que é do Porto, sabe. |
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