Apesar de ser alemão, Sami Khedira deve ser o tunisino mais famoso do mundo e, não por acaso, está no centro do primeiro ataque à liberdade de imprensa da nova Tunísia. O homem, está visto, é um portento. Além de ser o médio-centro da primeira Nationalmannschaft tutti-frutti e do Real Madrid, Khedira é namorado de um avião chamado Lena Gercke. Tudo bem? Tudo mal. Os islamitas da Tunísia embirraram com as mamocas marmóreas de Gercke. Passo a explicar. Khedira e Gercke fizeram um ensaio (eufemismo de soft porn) para a edição alemã da GQ, do qual resultou esta bela foto . Julgando que a nova Tunísia era um sítio desempoeirado, o director do jornal Attounsia, Ben Saida, publicou a foto na edição de 15 de Fevereiro. Como é óbvio, o nosso Ben queria mostrar a força do ADN tunisino, exemplificado na forma como Khedira faz uma conchinha para cobrir o seio desnudado da deusa teutónica . Como é óbvio, o nosso herói não mediu a força que os islamitas têm na nova Tunísia. Ao que parece, mesmo os islamitas mais moderados são permeáveis aos sectores mais radicais que exigem vergastadas em seios desnudados. Ben queria acordar em Berlim, mas acordou em Riade. Foi preso logo no dia 15 de Fevereiro e só foi libertado no dia 23. Por outras palavras, a nova justiça tunisina tem ar de ser mais dura com um jornalista impuro do que com um violador ou espancador de mulheres. Aliás, aposto que a nova Tunísia deve encarar a figura do violador como algo vago e impreciso. A culpa, afinal de contas, é da mulher que envenena o homem com um desejo impuro. É a moral do "ela estava a pedi-las", não é verdade? Qual foi a pena de Ben? Livrou-se de passar uns anos na cadeia, mas pagou uma multa de 500 euros (uma fortuna na Tunísia) por violar as leias da decência. Ben ainda apelou à liberdade de imprensa e de expressão, mas o tribunal não esteve para aí virado. A história regista assim a causa da primeira prisão de um jornalista na nova Tunísia: duas mamocas teutónicas devidamente tocadas por um tunisino. A nova Tunísia promete. A nova Tunísia promete não resolver o problema de cama que está no epicentro dos nossos queridos vizinhos da outra margem do Mediterrâneo.
Henrique Raposo (www.expresso.pt)
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