Carta de
À atenção da Casa Civil da Presidência da República,
Calçada da Ajuda, nº 11
1300-007 Lisboa
Excelências,
...
Tomei conhecimento, através de ANÚNCIO TELEVISIVO, que Vossas Excelências estão à procura de candidatos para um lugar de “MEDIADOR POLÍTICO” entre os TRÊS PARTIDOS signatários do chamado “MEMORANDO DE ENTENDIMENTO” (que, já agora, apesar da designação, ninguém, de facto, entende).
ANTES que, por qualquer distracção dos Vossos serviços, ou acto maquiavélico de um qualquer “head hunter”, pensem em mim para o lugar agora em aberto, venho, DESDE JÁ, manifestar a minha TOTAL e ABSOLUTA INDISPONIBILIDADE para a função.
Esta minha INDISPONIBILIDADE não decorre de qualquer DERIVA ANTI-PATRIÓTICA, mas sim de um CONJUNTO DE RAZÕES OBJECTIVAS, que passo a enumerar:
1) Não quero competir com uma série de proto-celebridades, como os Drs Bagão Felix e Rui Machete que ontem correram às televisões para se OFERECER para o lugar;
2) Não quero trabalhar para um Senhor que acha que não se podem convocar eleições porque OS ELEITORES SÃO ESTÚPIDOS e gerariam uma solução de poder pior que a actual (como se tal fosse possível);
3) Sou Professor Universitário e, como tal, só tenho experiência em LIDAR COM ALUNOS ADULTOS e não com CRIANÇAS MAL EDUCADAS e MAL FORMADAS que fazem BIRRAS para os FAMILIARES RICOS lhes darem mais brinquedos para eles se calarem (aqui para nós que ninguém nos ouve, mediar reuniões com o Pedrinho, o Paulinho e o Tózinho, NEM À ESTALADA seria possível);
4) Ao contrário do Vosso chefe, sou um HOMEM HONESTO (nunca roubei, nunca fui corrupto, nunca ganhei dinheiro com acções de Bancos ruinosos, não tenho uma casa de férias conseguida com trafulhices minhas e de meus amigos), como tal NUNCA seria capaz de fazer o jogo dos verdadeiros senhores do poder (aqueles que PAGAM aos políticos para fazerem os disparates que fazem);
5) Finalmente, ao contrário do que o Senhor Presidente diz, nem todos os Portugueses são COMPLETAMENTE BURROS, ou seja, há alguns de nós que:
a. SABEM que não há nenhum programa de ajuda (é MENTIRA – o que há é um programa de usurários, com objectivos claros e concretos de destruir a autonomia económica do País);
b. SABEM que não há nenhuma necessidade de dívida para pagar salários e pensões (é MENTIRA – o que há é necessidade de dívida para pagar juros e para trocar dívida, barata, antiga por dívida, cara, moderna);
c. SABEM que a austeridade não é solução para as contas públicas (é MENTIRA – a austeridade serve somente para AUMENTAR A DIFERENÇA DA QUALIDADE DE VIDA dos RICOS, que compram as coisas cada vez mais baratas, e dos POBRES, que trabalham cada vez mais para continuar miseráveis).
Espero que esta minha missiva mereça o Vosso entendimento e, como tal, me EXCLUAM da lista de candidatos à PALHAÇADA que se avizinha.
Confesso que, ao contrário de Vossas Excelências (TODAS) cada vez TENHO MAIS VERGONHA DE SER PORTUGUÊS.
Lisboa, 11 de Julho de 2013,
Carlos Paz
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