Francisco Seixas da Costa
Creio que em 1998, numa passagem por Paris, fiz uma palestra a convite um grupo de portugueses. Compunham-no empresários, gente da banca, figuras da cultura e diplomatas. Reuniam-se em jantares aperiódicos, sendo hábito convidarem uma personalidade portuguesa para lhes falar de aspetos da vida do país. O grupo tinha como nome "Cercle". (Eu já havia vivido uma experiência similar em Londres, onde existia (ainda existirá?) o "CPE - Centro Português de Estudos", em tudo idêntico ao seu congénere parisiense.) Em 2009, logo após a minha chegada a Paris, perguntei pelo "Cercle". Havia desaparecido, já há algum tempo. Porque achava o conceito curioso, procurei mobilizar alguns dos seus antigos integrantes. Cedo percebi que o modelo se esgotara e que não parecia haver interesse em ressuscitá-lo. Foi então que chamaram a minha atenção para a existência de uma recém-criada "Confraria dos Financeiros", um nome, com uma irónica simplificação, dado a um grupo de jovens (em média, muito mais jovens do que os integrantes do "Cercle") que tinha um modelo de agregação idêntica. Dele faziam parte portugueses de segunda geração e pessoas colocadas em França em vários lugares técnicos de destaque, com uma predominância na área financeira, o que justificava a designação. Durante os últimos quatro anos, tive vários contactos com a "Confraria" e, na medida do que me era possível, estimulei o seu reconhecimento. Na passada semana, os seus integrantes convidaram-me para um jantar de despedida. Foram momentos muito agradáveis de conversa com gente interessante, integrada em setores bastantes diversos, que entre si estabelecem uma rede de amizade e conhecimentos que consagra, por si só, uma nova imagem do nosso país. Do "Cercle" à "Confraria", consagrou-se um rejuvenescimento e, em particular, o surgimento de gente já nascida em França e que aqui fez todo o seu percurso de ascensão profissional. Há, cada vez mais, um novo e diferente Portugal a impor-se neste país. |
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