
Como era de regra, um membro do governo do país que detinha a presidência respondia, na bancada do Conselho, às perguntas dos deputados. Um dia falarei de aspectos desse ritual, que tem muito de teatral, a somar-se a algo de criativo.
Para o que aqui hoje interessa, importa recordar que, na bancada em frente, estava o Comissário Europeu encarregado das Relações Externas, Chris Patten. Patten é uma figura simpática, serena, um homem de bem que se portou com grande dignidade quando teve de gerir a difícil transição de Hong Kong, das mãos britânicas para a China. Antigo ministro da senhora Thatcher, é um europeísta convicto, embora "à inglesa". Escreveu, sobre a sua experiência europeia, um livro que recomendo, intitulado significativamente "Not Quite the Diplomat". É, além disso, um homem que olha para a vida com humor, que sabe dar uma boa gargalhada e que atribuiu aos seus cães dois nomes significativos: "Whisky" e "Soda".
A presidência portuguesa havia sempre podido contar com Chris Patten como um aliado fiel dentro da Comissão. Jaime Gama e eu próprio havíamos conseguido, não sem alguns "truques", equilibrar os papéis relativos, com inegáveis "zonas cinzentas" e potencialmente conflituais, de Patten e de Javier Solana. A contento médio dos dois, julgo eu.
Nessa tarde, a última em que eu tinha de dirigir-me ao plenário em nome da presidência, recordo o meu grande cansaço, que se terá revelado na impaciência e eventual rispidez de algumas das minhas respostas, nas mais de duas horas desse interminável e muitas vezes inglório exercício. Patten tê-lo-á notado e, num determinado momento, pelas mãos de uns dos fâmulos vestidos de pinguim, que contrastam vivamente com a modernidade do areópago, chegou-me um bilhete, que guardei: "Coragem, Francisco. Falta pouco! Daqui a semanas, andarás pela 5ª avenida a respirar o ar do Novo Mundo. Entretanto, este teu amigo terá de ficar por aqui mais uns anos. Lembra-te dele! Amigavelmente, Chris".
Patten referia-se à minha saída do governo e ida para embaixador junto das Nações Unidas, em Nova Iorque. Nenhum de nós sabia que eu acabaria por ficar por lá, como embaixador, ainda menos tempo do que o que a ele lhe restava como Comissário Europeu. Como alguém dizia, é a vida!
Para o que aqui hoje interessa, importa recordar que, na bancada em frente, estava o Comissário Europeu encarregado das Relações Externas, Chris Patten. Patten é uma figura simpática, serena, um homem de bem que se portou com grande dignidade quando teve de gerir a difícil transição de Hong Kong, das mãos britânicas para a China. Antigo ministro da senhora Thatcher, é um europeísta convicto, embora "à inglesa". Escreveu, sobre a sua experiência europeia, um livro que recomendo, intitulado significativamente "Not Quite the Diplomat". É, além disso, um homem que olha para a vida com humor, que sabe dar uma boa gargalhada e que atribuiu aos seus cães dois nomes significativos: "Whisky" e "Soda".
A presidência portuguesa havia sempre podido contar com Chris Patten como um aliado fiel dentro da Comissão. Jaime Gama e eu próprio havíamos conseguido, não sem alguns "truques", equilibrar os papéis relativos, com inegáveis "zonas cinzentas" e potencialmente conflituais, de Patten e de Javier Solana. A contento médio dos dois, julgo eu.
Nessa tarde, a última em que eu tinha de dirigir-me ao plenário em nome da presidência, recordo o meu grande cansaço, que se terá revelado na impaciência e eventual rispidez de algumas das minhas respostas, nas mais de duas horas desse interminável e muitas vezes inglório exercício. Patten tê-lo-á notado e, num determinado momento, pelas mãos de uns dos fâmulos vestidos de pinguim, que contrastam vivamente com a modernidade do areópago, chegou-me um bilhete, que guardei: "Coragem, Francisco. Falta pouco! Daqui a semanas, andarás pela 5ª avenida a respirar o ar do Novo Mundo. Entretanto, este teu amigo terá de ficar por aqui mais uns anos. Lembra-te dele! Amigavelmente, Chris".
Patten referia-se à minha saída do governo e ida para embaixador junto das Nações Unidas, em Nova Iorque. Nenhum de nós sabia que eu acabaria por ficar por lá, como embaixador, ainda menos tempo do que o que a ele lhe restava como Comissário Europeu. Como alguém dizia, é a vida!
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