Francisco Seixas da Costa
O cenário foi o Forum da FNAC no Norte-Shopping, ao final da tarde de ontem. Fazia-se o lançamento do livro de Alexandra Marques, "Os segredos da descolonização de Angola". Coube-me apresentar a obra a quantos se deslocaram ao evento. O livro é o resultado de um minucioso trabalho de investigação, nomeadamente em arquivos documentais, alguns dos quais revelados pela primeira vez, que permite lançar uma luz nova sobre o processo decisório - hesitante, contraditório, por vezes irresponsável, por vezes inevitável - que foi assumido pelas estruturas político-militares portuguesas em Portugal e Angola, desde o 25 de abril até à declaração de independência da colónia. Trata-se de um relato trágico, quase impotente, de um poder político-militar sem capacidade, às vezes também sem vontade, de se exercer em defesa da posição de quantos, como era o caso dos colonos portugueses, eram os evidentes perdedores da História. Podia ter sido feito mais? Houve descaso? Ao leitor cabe decidir. O relato de Alexandra Marques, escrito num registo que poderíamos qualificar de bom jornalismo, lê-se com o ritmo de um filme, tanto mais que alguns dos extratos documentais que transcreve são relatos vivos e factuais. A autora não deixa de mostrar uma empatia com quantos, nesse complexo processo, assumiram atitudes, por vezes quixotescas, para tentar evitar o curso que os acontecimentos acabaram por ter. Na apresentação que fiz, procurei, essencialmente, contextualizar os acontecimentos ocorridos em Angola na situação política e militar que Portugal então atravessava. É que uma coisa não pode ser compreendida sem a outra. |
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