Há meses, na antecâmara de um almoço, ouvi um secretário de Estado francês chamar a uma colega minha "madame l'ambassadrice". A embaixadora reagiu, com elegância, e disse que não era "ambassadrice", porque essa é a designação para a mulher de embaixador, pelo que devia ser chamada por "madame l'ambassadeur". Ela talvez tivesse razão, mas o governante limitava-se a seguir aquilo que é, por aqui, uma prática comum: designar por "ambassadrice" quer as mulheres embaixadoras, quer as cônjuges dos embaixadores, que, na língua portuguesa, são embaixatrizes. O que, de facto, aqui em França, provoca alguma confusão.
Há três dias, no parlamento francês, um deputado dirigiu-se à ministra da Habitação como "madame le ministre". A ministra reagiu e exigiu ser tratada por "madame la ministre". Neste caso, o deputado limitou-se também a seguir a regra tradicional. Para a ministra, como a palavra não muda de género, só o artigo pode mudar.
Em Portugal, recordo-me ter havido um ligeiro debate quando Maria de Lourdes Pintasilgo foi indicada para a chefia do governo, em 1979. Por uns dias, discutiu-se se era "primeiro ministro" ou "primeira ministra". Venceu a segunda fórmula, com naturalidade. Já a decisão de Dilma Russeff de ser chamada de "presidenta" provocou várias reações, mais em Portugal do que no Brasil, ao que me pareceu.
Esta femininização dos nomes parece-me natural e não me choca, embora eu seja pouco permeável ao "politicamente correto". Mas hoje, não deixei de ficar ficar curioso, ao ler este comentário...
Sem comentários:
Enviar um comentário