sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Seguro: o súbito incómodo do euroconformado.

Assim se vê o que AJS andou a fazer nestes anos de governação socialista! Nada!!! Ler jornais? Não leu. Ver TV? Não viu. Conversar com o povo que o elegeu? Não conversou! Andar pela rua, ouvir a população? Não andou. Esteve fechado no casulo socialista, despótico e gastador! Autismo no seu pior!

“António José Seguro diz que "ficaria triste se o primeiro ministro do meu país fosse receber ordens da senhora Merkel ou do senhor Sarkozy".

Importa-se de repetir? Mas o que raio fez José Sócrates, nos dois últimos anos, senão receber ordens de Berlim? Quem impôs as regras do PEC IV? Não foi a senhora Merkel? O que é o memorando da troika senão a institucionalização dessas ordens? O que tem feito o PS, nas últimas duas décadas, senão abdicar de qualquer discurso autónomo sobre a construção europeia e assumir uma postura umas vezes euroentusiástica, outras euroconformada? O que é o Tratado de Lisboa - porreiro, pá! - senão a transformação da Europa num Império do diretório? Quando foi eurodeputado, o que fez Seguro em defesa de uma democracia europeia? Uma democracia a sério, em que os povos sejam um pouco mais do que súbditos. Onde esteve quando se construiu uma Europa que nem é federal, nem é um acordo entre Estados soberanos, e, ficando a meio caminho, é apenas antidemocrática? Não teve o Partido Socialista português um papel central na demissão nacional em relação a todos os debates europeus mais relevantes, resumindo tudo a duas alternativas: ou o conformismo de um europeísmo vazio, ou o antieuropeísmo de uma resistência nacionalista? Como se participar num projeto desta dimensão não exigisse sentido critico. Não tiveram os partidos socialistas europeus um papel central na imposição do dogma neoliberal a todos os Estados da Europa? Não foram os socialistas portugueses passivos perante esta caminhada irresponsável para este beco sem saída? Ou mesmo ativos, como denunciou o contentamento com um tratado péssimo para os países periféricos só para ter a miserável satisfação de aparecer na fotografia? Não foi o deslumbramento complexado e provinciano de todos os líderes do PS perante um euro pensado à imagem e semelhança do marco alemão o único contributo para o debate sobre a Europa na última década? Não participaram de forma ativa e convicta no desbaratar de fundos europeus para destruição da nossa economia? Não nos andaram a vender que ou se estava por esta Europa ou se estava contra a Europa? Não é a senhora Merkel produto desta União sem democracia e deste euro sem política? Claro que o PS pode mudar de postura e passar a querer que Portugal seja mais do que um "bom aluno". Mas para isso terá de fazer uma reflexão que não fez, avançar com propostas para mudar a União que não tem, dizer que tipo de Banco Central quer, que reformas institucionais deseja, que mudanças defende para a política económica europeia. Dizer se quer uma harmonização fiscal, um orçamento que se veja e os eurobonds. E bater-se por isso. Se Seguro quer virar uma página na demissão socialista em relação às questões europeias tem de nos dar um pouco mais do que um ligeiro incómodo de patriota ofendido. Com o cadastro do PS, vem tarde demais. Com a ausência de discurso alternativo, vem cedo demais.  Daniel Oliveira (www.expresso.pt)

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