segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Miguel Relvas e a privatização da RTP.

Por ter lançado um livro, tive recentemente várias oportunidades para ir à SIC, à TVI e à RTP. Nalguns dias não tinha o automóvel à mão e fui obrigado a ir de táxi. E à vinda, como é natural, pedi na recepção que me chamassem um carro para regressar a Lisboa.

Na SIC, o segurança que estava na recepção fez um telefonema e chamou um táxi. Na TVI, a senhora que estava na recepção fez um telefonema e chamou um táxi. Na RTP, os seguranças que estavam na recepção (eram dois) apontaram-me um telefone e disseram-me para ligar à telefonista. Eu liguei à telefonista e perguntei se me podia chamar um táxi. Ela respondeu: "Vou passar à central de táxis e o senhor faz o pedido, está bem?" Os problemas das empresas públicas revelam-se em pormenores ridículos como este. Na SIC e na TVI, uma só pessoa satisfez o meu pedido. Na RTP intervieram três pessoas para me informar que a pessoa mais indicada para satisfazer o pedido era eu próprio. Não me atrevi a perguntar porquê, mas se o tivesse feito suponho que os senhores da portaria me iriam responder que foram contratados para assegurar a segurança e a senhora telefonista diria que o seu trabalho não era chamar táxis mas atender chamadas. Quando Miguel Relvas fala na privatização da RTP do modo vago como falou no início desta semana, anunciando a criação de um grupo de trabalho que já deveria ter sido criado quando o PSD estava na oposição (é para isso que os partidos existem, certo?), está apenas a dar uma de telefonista da RTP: passou a chamada, esperando que outros façam por ele o trabalho desagradável. Pode dar jeito. Mas não é sério.

João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)

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