quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Mercenário é quem corta o cabelo ao Paulo Bento.

A selecção nacional sempre nos habitou a tristes episódios, de tal modo que este último momento"drama queen" de Ricardo Carvalho, que saiu a correr do estágio com a roupinha que tinha no corpo e com as chaves do carro do não sei quantos na mão não é mais do que isso mesmo, mais uma cena de uma interminável novela mexicana que começou precisamente no México, corria o ano de 1986. A selecção nacional de futebol é uma espécie de Soap Opera britânica, daquelas que duram décadas e na qual apenas mudam as personagens à medida que vão falecendo na vida real. Já teve de tudo: orgias com prostitutas em pleno estágio, sacos de plástico com urina atirados da varanda, greves em pleno mundial, deserções, agressões a seleccionadores, agressões a árbitros. Uma coboiada. Daí a "desertor" foi um passo. O desertor reagiu e apelidou de "mercenário" o seleccionador. Paulo Bento podia ter respondido que mercenário é o tipo que lhe corta o cabelo e que, isso sim, era um verdadeiro drama mas não, e esteve bem a meu ver, limitando-se a dizer ao menino "Ricardito" que ele não passava de um traquinas e que a partir daquele dia não voltaria mais ao recreio nacional para jogar à bola com os amiguinhos. Pelo menos enquanto ele fosse o auxiliar de educação deste conjunto de putos mimados. Paulo Bento mostrou o que é ser um líder, apesar de não perceber bem porque teve de ser ele a fazê-lo. Ficam algumas pontas soltas neste "caso" que convinha esclarecer: existe algum tipo de hierarquia na Federação Portuguesa de Futebol? Há alguém capaz de lidar com este tipo de situações depois das duas da tarde sem arrastar a voz e encher de perdigotos os jornalistas? O dirigente Amândio de Carvalho (que por ali anda a vegetar há 30 e tal anos) tem a pasta do "isto deu m#$%& outra vez" dentro da estrutura da FPF? Onde pára o Presidente da coisa? Está vivo? Ou os jogadores trancaram-no em algum armário do Hotel? É função do seleccionador nacional, para além da habitual escolha de jogadores e gestão da equipa, ter de acorrer a dar justificações neste tipo de situações completamente anómalas? A Federação portuguesa de futebol precisa de uma vassourada. Está pejada de gente que ali se encontra alapada há demasiado tempo e que foi ultrapassada pelos próprios tempos modernos, tempos que não se coadunam com este tipo de gestão de mercearia e inaptidão para resolver problemas em que é preciso ser-se responsável. É preciso gente que dê a cara quando a coisa dá para o torto. E, sejamos honestos, a dar para o torto esta selecção é pródiga.

Tiago Mesquita (www.expresso.pt)

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