sábado, 10 de setembro de 2011

Funcionários públicos a saga continua.

I. Ontem apareceram duas notícias: "administração central contratou 6500 funcionários no primeiro trimestre" e "funcionários públicos perdem 17% do seu salário" . Ora, as duas coisas estão relacionadas. A primeira revela a nossa incapacidade crónica para repensarmos, racionalizarmos e reduzirmos o Estado; a segunda notícia é o primeiro efeito dessa incapacidade.

II. Enquanto não existir um corte pensado e político nos organismos públicos, todos os funcionários públicos vão continuar a perder x% do seu salário. O governo anterior cortou 5% a 10% dos salários de todos os funcionários públicos, quando devia ter diminuído 5% a 10% o número de funcionários . Como não existiu coragem para reduzir o número de funcionários, como não existiu coragem para cortar os organismos que estão a mais, todos os funcionários públicos estão agora a perder x% do seu salário. Pagam os justos pelos pecadores. O Estado espalha dinheiro por institutos supérfluos e fundações inúteis, e, depois, paga 1200 euros a um jovem médico ou 700 euros a um jovem polícia. Isto não é justo. Nós não estamos a proteger os funcionários realmente importantes, porque temos funcionários a mais, porque temos 14 mil entidades atreladas ao Orçamento de Estado. E, num país com 14 mil entidades na dependência do Tesouro, os primeiros prejudicados são os próprios funcionários públicos dos serviços nucleares e indispensáveis. 

III. Depois, importa notar que a primeira notícia mostra como a administração pública é mesmo um mundinho à parte. O país está de rastos, mas o anterior governo e os directores gerais deixaram entrar mais 6500 funcionários. Até parece brincadeirinha. Os serviços com carência de pessoal não podiam recrutar noutros braços do Estado? É notório que certas câmaras, por exemplo, têm um excesso de pessoal. No reverso da medalha, serviços nucleares têm carência de pessoal. Quando vou à segurança social, eu sei que tenho de esperar 4 a 5 horas, porque, de facto, os trabalhadores não têm mãos a medir. Não podia haver trânsito dentro da administração pública? É assim tão difícil mover um funcionário público do ponto a para o ponto b? Expresso.

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