sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Resposta do deputado Ricardo Gonçalves à "sopa dos pobres em S. Bento".

“Recebemos do deputado socialista Ricardo Gonçalves, referido na última edição do Governo Sombra a propósito de declarações do próprio reproduzidas pelo Correio da Manhã, a mensagem que se segue. A mensagem do deputado é transcrita na íntegra. Os comentários do Governo Sombra ficam remetidos para a emissao desta sexta-feira, dia 15.

"Nota pessoal

O ter constatado uma verdade não justifica todos os ataques de que fui vítima por parte de alguns opinadores morais da nossa praça que têm como principal função normalizar, controlar e integrar os tresmalhados na norma estabelecida. Sendo eu um crítico do poder e da situação, é preciso fragilizar-me para que me deixe dessas veleidades, já que os homogeneizadores do pensamento politicamente correcto assim o impõem. É interessante ver como interligaram esta hipotética mensagem com o acontecimento em que a Dra.. Maria José Nogueira Pinto me apelidou de palhaço. A reunião onde isso aconteceu foi a primeira vez que me encontrei com a senhora. Fiz um aparte sobre a matéria em causa, sem a insultar, e recebi a resposta mandona conhecida. Claro está que, para os nossos opinadores morais, vindo o insulto de uma senhora, que tem evoluído pela extrema direita, pela direita e até por alguma esquerda integradora, é porque a senhora tem toda a razão. A direita em Portugal tem sempre razão. Esta mesma evolução passou-se com a mesma senhora na política angolana. Foi, de facto, ela a que acusou o deputado Hélder Amaral de a ter agredido num conselho nacional do CDS. Se a senhora o disse é porque este é mesmo um agressor, apesar do processo por este interposto em tribunal. Foi a senhora que disse que o rato Mickey ganhava ao Paulo Portas e perdeu, fazendo ela o papel do referido rato. Garantiu também que a antiga pala de Alvalade caía e de facto caiu, mas só quando o antigo estádio de Alvalade foi derrubado. A senhora é premonitória! No mundo privado nunca teve muito sucesso, mas ocupou sempre muitos cargos no mundo público. Cargos de nomeação para servir o Estado porque a nossa direita, quando encosta ao Estado, é para o servir abnegadamente. Pelo contrário, a esquerda é para viver à conta dele. Esta dicotomia aprendia-se nas escolas do Estado Novo. Eu sei que não precisava de recordar isto, porque muitos dos senhores que me atacaram têm este sentimento bem interiorizado. Para os amigos jornalistas e opinadores da senhora Dra.. Maria José Nogueira Pinto, informo-os que a senhora, estando entre duas a três horas sem fumar, fica muito agressiva e a lei da proibição do tabaco aumentou-lhe essa agressividade. Aviso-os porque já fui vítima desse estado de alma. Também gostava de saber se os humoristas oficiais da República irão fazer os seus violentos ataques à PT e aos seus dirigentes, se um dia vierem a existir por lá situações que justifiquem a sua indignação de moralistas que, de quando em vez, fazem algum humor. Todavia, se os ataques desinformados que fazem à minha pessoa causam a vossa felicidade, ou se deles precisam para ganhar a vida, estejam à vontade, eu tenho a consciência tranquila.

     O deputado Ricardo Gonçalves

PS: É muito estranho constatar que a alguns órgãos de comunicação social não interessa informar que os cidadãos, que estão a desempenhar temporariamente o lugar de políticos a tempo inteiro, deixaram - e bem - de receber a subvenção vitalícia, deixaram de receber o subsídio de reintegração, sofreram um corte, o tal simbólico, de 5% no mês de Maio, agora sofrem, tal como os restantes trabalhadores públicos, o corte de 9 ou 10%, para além do incremento da taxa de descontos para a CGA, ADSE e IRS. Há órgãos de comunicação social que falam nos salários sem esclarecer que se tratam de valores brutos aos quais incidem os cortes previstos, os impostos directos e as taxas a que obrigatoriamente estão sujeitos. Não é o meu caso pessoal - que interessa, - mas eu não me queixo. Nunca foi o dinheiro que me moveu na política e percebo perfeitamente a indignação de muitos portugueses que hoje atravessam dificuldades. Mas ninguém me pode impedir de dizer a verdade sem sofrer deturpações. Na actual democracia toda a gente pode falar, reclamar e protestar, à excepção dos que exercem missões políticas. No tempo do Estado Novo era ao contrário: só podiam falar os políticos da situação e o povo era obrigado a calar. Viva a democracia!

Nota Geral

São-me atribuídas afirmações que, no essencial, nunca proferi. São, por isso, falsas e injustas. Limitei-me a constatar o facto de que os políticos têm os maiores cortes nos vencimentos. Não critiquei esse facto, nem me queixei da situação. Sei muito bem as dificuldades e as angústias pelas quais os portugueses estão a passar. Disse - e mantenho - que os políticos devem dar o exemplo em todos os aspectos, devendo ser os primeiros a assumir as medidas de austeridade. Terão que se adaptar à crise, nem que para tal seja necessário abrir a cantina da Assembleia da República, à noite, para que lá coma quem quiser. Não vejo nisso nenhum problema, pois é um espaço gerido por uma empresa privada, sendo um sítio digno e aprovado pela ASAE. Em vários parlamentos da Europa a cantina está aberta ao jantar, sem que os opinadores lá da terra se escandalizem. Já foram tomadas medidas como cortarem os cafés e os chás que sempre eram servidos durante as reuniões das comissões. Mas tudo bem! Cabe aos políticos darem o exemplo. Há muitos anos que eu alerto para a situação difícil a que o país podia chegar. Hoje é necessário coragem e coesão para enfrentarmos a realidade. Nunca foi o dinheiro que me moveu na política, como facilmente posso demonstrar pelo meu património móvel e imóvel. Não concebo (nem tal pode ser permissível) que se trunquem declarações, nem que se inventem situações, como foi o caso de alguns órgãos de Comunicação Social terem afirmado que várias pessoas abandonaram a sala quando falei sobre os cortes nos vencimentos da Função Pública e dos políticos. É uma mentira. E tal é facilmente demonstrável.

Lamento terem mentido propositadamente, distorcendo grosseiramente tudo o que eu disse e inventando malevolamente frases que eu não proferi em local algum, pondo em causa a minha honra e dignidade pessoal.

    Grato pela atenção dispensada,
    Lisboa, 14 de Outubro de 2010
    O deputado Ricardo Gonçalves"

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