sexta-feira, 9 de julho de 2010

UEO

Quem conhecia a UEO - União da Europa Ocidental? Com tantas siglas a saltitarem pelas páginas dos jornais, poucos se terão apercebido da decisão, há dias tomada, de extinguir esta organização, criada ainda antes da NATO, no auge da Guerra Fria. Foi sempre uma aliança político-militar de raiz um tanto virtual, embora com um compromisso de solidariedade juridicamente ainda mais forte do que aquele que vincula os países da Aliança Atlântica, mas cujo destino e imagem foi sempre (e com razão) ofuscado por esta.

Por alguns anos, enquanto a organização estava sedeada em Londres, fui representante permanente adjunto de Portugal junto da UEO. Tempos mais tarde, estive, pelo nosso país, em várias das suas reuniões ministeriais, alimentadas então por um esforço de revitalização que, num tempo subsequente à queda do muro de Berlim, parecia querer transformar a organização num embrião de uma defesa europeia autónoma, uma espécie de "braço armado" da União Europeia. Certos Estados favoreciam manifestamente essa ideia, quanto mais não fosse para irem afirmando uma distância política face a Washington. A UEO dotou-se então de algumas estruturas complementares e, por razões de oportunidade, algumas missões militares europeias de manutenção de paz chegaram a exibir o "label" da UEO. Um português, José Cutileiro, foi secretário-geral da organização. Entretanto, com a evolução registada no sentido do reforço de uma dimensão de segurança e defesa europeia próprias, que agora o Tratado de Lisboa consagra em definitivo, acentuou-se a ideia de que a existência da UEO deixava de ter qualquer significado.

Há umas semanas, os britânicos decidiram anunciar a sua saída da UEO. Os restantes parceiros acabam de acordar em acompanhá-los na extinção da organização. Aqui entre nós, a UEO já tinha morrido há muito, só que ninguém disso se tinha dado conta. Fica agora feito o seu funeral. E, neste post, um seu breve obituário.

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