terça-feira, 30 de março de 2010

A lata dos enfermeiros.

O que o Henrique Raposo, não escreveu, ou não sabe, é que o mesmo sindicato - dos enfermeiros – entretanto, acordou com os HPP um vencimento inferior, ao que exige ao estado!

Caríssimos enfermeiros, podem fazer as greves que quiserem. Mas convinha que não arruinassem a vida das outras pessoas.

1. Não tenho problemas com greves, mas tenho problemas com as passeatas e com as marchas lentas que costumam aparecer no arsenal dos grevistas. As pessoas têm direito à sua greve, mas não têm o direito de bloquear uma cidade com as suas passeatas e marchas lentas. Ontem, várias estradas do Porto foram bloqueadas por carros de enfermeiros em marcha lenta. Ou seja, vários milhares de pessoas tiveram o seu dia estragado, porque um grupo de pessoas acha que a sua "corporação" é superior ao "interesse público".

2. Pior: no meio da confusão, ocorreram vários acidentes. Ou seja, a bela marcha lenta dos enfermeiros estragou - literalmente - a vida a algumas dezenas de pessoas. Mas, junto das câmaras de TV, os líderes sindicais estavam contentíssimos com o poder demonstrado na dita marcha lenta. Caríssimos, não dava para fazer a greve sem atrapalhar as outras pessoas?

A lata dos enfermeiros, segunda parte

I. A lata dos enfermeiros continua . Para começar, uma greve séria não tem quatro dias. Uma greve séria não é marcada para os quatro dias imediatamente anteriores ao feriado da Páscoa. Assim, até parece que os senhores enfermeiros marcaram umas férias antecipadas. Caro enfermeiro, se não quer ser confundido com o lobo, não lhe vista a pele.

II. Fazer reivindicações sem sentido é o desporto do nosso sindicalismo. Os enfermeiros não são excepção. Agora, Suas Excelências querem ganhar 1200 euros logo no início de carreira. Não se percebe porquê. Em primeiro lugar, um licenciado na função pública não pode ganhar 1200 logo à partida (se ganhar, o país enlouqueceu mesmo). Em segundo lugar, se ganhar 1200 euros, um enfermeiro fica a ganhar quase tanto como um médico em início de carreira. E, lamento, isso não faz sentido.

III. A diferença entre os 1500 euros do jovem médico e os 1000 euros do jovem enfermeiro é a diferença justa. Aliás, parece-me que já beneficia, e muito, o enfermeiro. Porque a responsabilidade do médico é, obviamente, superior à do enfermeiro. Dentro do hospital, o médico é superior ao enfermeiro. Lamento, mas as coisas são assim, por mais lógicas corporativas que os enfermeiros invoquem. O corporativismo sindical não pode abolir as óbvias diferenças técnicas e de responsabilidade que existem dentro de um hospital.

IV. Quando se fala com os enfermeiros, parece existir sempre uma espécie de ressentimento "classista" contra os médicos. É como se os enfermeiros estivessem a gritar contra os médicos: "olhem, olhem, nós agora também somos licenciados, e sabemos tanto como vocês". Será por isso que os enfermeiros não fazem o trabalho "sujo" nos hospitais? Será por isso que tem de haver aquele batalhão de auxiliares para as tarefas sujas e simples? O dr. enfermeiro já é demasiado fino para limpar o rabo aos velhinhos? É isso?

Henrique Raposo, A Tempo e a Desmodo

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