quinta-feira, 25 de março de 2010

Contratação do filho da ministra da Saúde gera suspeitas.

Uma psicóloga que trabalhava como voluntária em escolas da Lourinhã acusa a direcção do agrupamento de favorecimento, ao contratar para exercer as mesmas tarefas de forma remunerada o psicólogo Miguel Carvalho, filho da ministra da Saúde.  "Suspeito que haja favorecimento por ele ser filho da ministra", afirmou a psicóloga Raquel Mendes, também presidente da Associação Novos Sábios, que presta apoio psicológico a baixos custos. Miguel Carvalho e o director do Agrupamento de Escolas D. Lourenço Vicente, Pedro Damião, recusaram as acusações. "De início nem sabia que era filho da ministra, mas mesmo que conhecesse seria a minha escolha porque ele tem o perfil que se enquadra no projecto de escola que defendo", explicou Pedro Damião, que é desde Junho director do agrupamento. "Recuso cabalmente essa associação, porque o meu percurso profissional tem sido construído por mim", disse por seu lado Miguel Carvalho, esclarecendo que teve de "abandonar alguns projectos para aceitar o convite". Raquel Mendes explicou que há três anos, quando pertencia à associação de pais, começou a colaborar como voluntária para dar três horas semanais de apoio psicológico, uma carência sentida pelos pais. "Havia a ideia de que, se houvesse possibilidade, seria remunerada" pelo agrupamento, acrescentou, criticando ainda que outro técnico tenha sido contratado "às escondidas". O director do agrupamento justificou que «não havia qualquer vínculo» laboral e as promessas de uma eventual remuneração foram feitas pela anterior direcção. Pedro Damião explicou que, desde que passou a ser director, teve como objectivo contratar um psicólogo: "Temos muitos pedidos de avaliação psicológica por parte dos professores quando detectam problemas". A legislação permite aos directores das escolas contratarem assessores técnicos pedagógicos para diversas áreas, uma das quais a psicologia. "Até cinco mil euros por ano posso fazer contratações por ajuste directo simplificado, o que significa que não é necessário concurso, nem contrato ou publicitação", esclareceu Pedro Damião. "Em 2006 estive a dar aulas na Escola de Serviços e Comércio do Oeste [Torres Vedras], onde ele era psicólogo a tempo inteiro, fui-me apercebendo do seu trabalho e foi por essas referências que o contratei", justificou. "Além de fazer acompanhamento dos alunos, dava apoio aos professores e pais e desenvolveu projectos ligados à educação pela arte sem se limitar a fazer relatórios, que era o que acontecia com a outra psicóloga", acrescentou. Miguel Carvalho, que desde 22 de Fevereiro assegura nove horas semanais no agrupamento, disse que está ligado à formação de professores há dez anos, desenvolveu vários projectos de promoção da saúde e prevenção primária de comportamentos de risco em escolas e tem acompanhado enquanto psicoterapeuta crianças e adolescentes com problemas comportamentais e cognitivos, que interferem na aprendizagem. Económico

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