quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Camarões


Portugal tinha-se manifestado algo intransigente em aceitar uma proposta, creio que em matéria agrícola, que os países da África, Caraíbas e Pacífico (ACP) tinham apresentado, no quadro das suas negociações comerciais com as então Comunidades Europeias. Era uma situação um pouco delicada, dada a nossa conhecida atitude favorável aos acordos com os países em desenvolvimento. Porém, as instruções recebidas de Lisboa eram imperativas e não podíamos "levantar a reserva" - como se diz no linguarejar negocial.
A questão técnica era assegurada, no âmbito da delegação portuguesa àquela reunião no Luxemburgo, por um especialista cuja familiaridade com as línguas estrangeiras estava longe de ser o seu mais notório atributo. Apesar disso, achou-se importante que fosse ele a explicar as nossas razões ao presidente de turno do grupo dos países ACP, o embaixador dos Camarões em Bruxelas. E combinou-se um encontro.
Tudo correu bastante bem, o nosso homem exprimiu-se de forma razoavelmente compreensível e, o que era mais importante, ficou passada a mensagem da nossa boa-vontade e empenhamento em ser encontrada, a curto prazo, uma solução para o problema. Estava salva a honra do convento! O breve encontro terminou e, em jeito de conversa já social, o embaixador perguntou ao nosso homem: "Et vous avez déjà visité mon pays?". Com um sorriso simpático, o interlocutor português respondeu ao embaixador dos Camarões: "Non, M. l'Ambassadeur, je n'ai jamais visité les Crevettes"!
Não peçam para descrever a cara do camaronês...

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