quinta-feira, 20 de março de 2014

Herman José

Herman José

Posted: 19 Mar 2014 07:50 PM PDT

Herman José fez 60 anos. Todos lhe devemos algumas das nossas melhores gargalhadas. A vida deste país seria muito mais triste sem ele. E isso não é coisa pouca. É uma figura tão genial que até lhe perdoamos alguns registos de facilidade, bem como um anseio quase obsessivo da consensualidade, que às vezes desgostam. Mas Herman José é muito mais do que isso. E, até agora, é insuperável. Parabéns, Herman, vai ver que é agradável ser sexagenário, palavra que, contudo, começa bem mas acaba mal...

Lembrança

Posted: 19 Mar 2014 07:56 PM PDT

Ontem, numa esplanada na Foz, no Porto, lembrei-me de uma frase do meu pai. "Exilado" em Vila Real desde 1946, viveu por lá uma vida bem feliz, por mais de seis décadas. Mas nunca o abandonou a saudade do mar, da foz do rio Lima que o viu crescer, dessa Viana do Castelo que para ele funcionou como eterna âncora afetiva. "Gostava de acordar todas as manhãs numa casa com vista para o mar", dizia-nos, às vezes, embora soubéssemos que a ele, já transmontano de coração, far-lhe-ia muito mais falta a imagem do Marão ao fundo.
 
Li há pouco que hoje é dia do pai.

E depois da "troika"

Posted: 19 Mar 2014 01:38 PM PDT

Diz-se, às vezes, que, no nosso país, há conversa a mais e realizações a menos. Talvez seja verdade mas, pelo que me toca, saio sempre mais enriquecido desses exercícios intelectuais, particularmente se neles for possível ouvir atores responsáveis pelas políticas ou observadores atentos da realidade.
 
Tenho pena de não me ser possível assistir ao debate que, por esta hora, envolve Manuela Ferreira Leite, Bagão Felix, Teixeira dos Santos e Vitor Gaspar, no quadro da excelente iniciativa promovida pelo ISCTE sobre as políticas públicas, olhando já para o período depois do ajustamento. Deve ser curioso...
 
Hoje à tarde, serei um dos protagonistas de um outro debate. Com Diogo Feio, Pedro Silva Pereira e Paulo Rangel, estarei num painel em que a política europeia será abordada. Tenho esperança que possamos sair um pouco da "espuma dos dias" e ir mais além do mero confronto pré-eleitoral.
 
Em tempo: foi um debate sereno, muito construtivo, em que cada um de nós teve oportunidade de colocar o essencial da sua experiência. As divergências não foram muitas, embora não tivesse sido unânime a leitura das virtualidades do processo de ajustamento e do modo como o governo atuou e atua no quadro europeu. No essencial, porém, verificou-se uma grande consonância no reconhecimento da necessidade de uma postura interventiva portuguesa no palco europeu, bem como na importância de serem escolhidos como titulares da nossa representação a esse nível personalidades qualificadas. Todos lembrámos Medeiros Ferreira, o homem que criou os 3D da Revolução de abril (Democratizar, Descolonizar, Desenvolver). Só que agora os 3D são outros: Défice, Dívida e Desemprego...

quarta-feira, 12 de março de 2014

Belmiro: "Não sei por que não deve haver economia baseada em mão-de-obra barata"

Empresário diz que, de outra forma, não há emprego. E deixa críticas à banca, dizendo que se travestiu.

 

Belmiro de Azevedo disse hoje no Clube dos Pensadores em Gaia que é "preciso acabar com o mito": "não sei por que não deve haver economia baseada em mão-de-obra barata. Senão não há emprego para ninguém".

 

O empresário sublinhou igualmente que "é preciso merecer seja que salário for. Há pessoas que não querem fazer esse esforço". Belmiro, que fugiu à pergunta sobre a subida do salário mínimo, acredita que "há muito quem viria para Portugal ganhar em espécie".

 

O pai de Paulo Azevedo [que lidera a Sonae] deixou também críticas à banca. "Depois de financiar o Estado e a actividade bancária, não sobra dinheiro para chegar à economia", disse.  "A banca travestiu-se", lamentou.

 

Questionado sobre a governação actual, referiu que "gostava que os nossos governantes não jogassem o jogo dos protestantes". "Quanto mais o governo sai, mais o espectáculo continua", lamentou Belmiro. "O importante é governar. Não se governa na rua", rematou

 

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/belmiro_de_azevedo_nao_sei_por_que_nao_deve_haver_economia_baseada_em_mao_de_obra_barata.html

 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Amor com amor se devia pagar. É bom lembrar: 27 de Fevereiro de 1953

 
 

Já tinha enviado, mas vale a pena relembrar a quem é muito esquecido

Este artigo tem um ano, mas merece uma revisão!
As diferenças de tratamento no pagamento de dívidas na época e as de agora.

É bom lembrar: 23 de Fevereiro de 1953...
Para que a memória não se apague… Fez agora 60 anos!

Faz 60 anos o acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs | Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.


O Acordo de Londres de 1953 sobre a dívida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essêncial da dívida.

A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra.Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% (Entre os paises que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.

O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento.

O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substantial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da divída para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.


O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida nao poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.

A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.

O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situacao de carência durante a qual só se pagaram juros.

Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores - e não só aos paises endividados. Os países credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.

Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, "trocando por miúdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de dívisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.

EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem.

Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais

Marcos Romão,
jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013