segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CONTRATOS PARA CUMPRIR E CONTRATOS PARA VIOLAR

 

CONTRATOS PARA CUMPRIR E CONTRATOS PARA VIOLAR   -   por Pacheco Pereira

 

 

>>> A questão que se segue pode ter um tratamento jurídico, mas não é esse tratamento que me interessa. Pode ter um tratamento de ciência política, mas não é esse tratamento académico que me interessa.

 

>>> O único tratamento que me interessa é um tratamento que se pode chamar "civilizacional", cultural no sentido lato, político no sentido restrito, de escolha, visto que prefiro viver numa sociedade assente em contratos, confiança e boa-fé, do que numa selvajaria em que impera a lei do mais forte.

 

>>> Este é portanto um artigo muito conservador, contra o "revolucionarismo" desleixado e impensado do Governo e do poder actual, que semeia tempestades que deviam repugnar qualquer cidadão que prefere viver numa democracia onde impera a lei e o direito e onde não há "estados de excepção" unilateralmente proclamados pelo poder executivo contra o poder judicial.

 

>>> A questão tem a ver com a "confiança" e tem sido discutida à volta da decisão do Tribunal Constitucional. Chamam-lhe "o princípio da confiança", e os juristas diriam que está implícita na noção latina de que pacta sunt servanda, os contratos são para cumprir, a que eu acrescentaria a noção de que essa é também uma base do funcionamento de uma sociedade democrática e de uma economia de mercado.

 

>>> A ideia de que os pactos devem ser cumpridos, ou seja que a lei os deve proteger, foi um dos grandes adquiridos na Holanda, que permitiu o aparecimento dessa grande invenção que foi a "companhia", ou seja, o capitalismo moderno.

A tempestade originada pela decisão do Tribunal Constitucional equipara a "confiança" a um "direito adquirido", uma expressão que ganhou hoje, na linguagem do poder, a forma de um qualquer vilipêndio. Segundo essa linguagem, repetida por muito pensamento débil na comunicação social, os "direitos adquiridos" não são mais do que privilégios inaceitáveis, que põem em causa a "equidade".

 

 (Se parassem para pensar veriam que não há equidade nenhuma, e meditariam um pouco sobre por que razão se fala de equidade e não de igualdade. Mas essa questão da "equidade" fica para outra altura.)

 

>>> Claro que os "direitos adquiridos" são essencialmente do domínio do trabalho, dos direitos do trabalho e dos trabalhadores, activos e na reforma, e não se aplicam a outros "direitos" que esses são considerados intangíveis na sua essência.

 

>>> Por exemplo, os contratos com as PPP e os swaps, ou a relação credor-devedor, são tudo contratos que implicam a seu modo "direitos adquiridos", mas que, pelos vistos, não podem ser postos em causa. 

 

>>> O meu ponto neste artigo é que o Governo e os seus propagandistas, ao porem em causa os "direitos adquiridos" quando eles se referem a pensões, salários, direitos laborais e emprego, estão também a deslegitimar os outros contratos e a semear a "revolução".

 

>>> Assim mesmo, a "revolução", defendendo uma sociedade em que o Estado e, mais importante, a lei ou a ausência de lei em nome da "emergência financeira", não assegura qualquer "princípio de confiança", ou seja, os pactos feitos na sociedade, pelo Estado, pelas empresas, pelas famílias, pelos indivíduos. 

 

>>> Esta lei da selva é, espantem-se ó defensores da ordem, outro nome para a "revolução", a substituição do Estado de direito e da lei pela força, seja a da rua, seja a do poder sem controlo, seja a da imposição arbitrária assente em decisões conjunturais que passam por cima da "confiança" contratual que permite uma sociedade equilibrada, pacífica, com institucionalização dos conflitos, com mediação dos interesses, e com o funcionamento... de uma economia de mercado.

 

>>> Ao porem em causa o cumprimento dos contratos com os mais fracos, os que menos defesa têm, eliminando qualquer "princípio de confiança" ou "direito" livremente adquirido entre as partes, abrem o caminho para que se pergunte por que razão é que os contratos das PPP são "blindados" (ou seja são "direitos adquiridos") e não podem ser pura e simplesmente expropriados, em nome da "emergência financeira".

 

>>> Eu não estou a defender essa expropriação, mas apenas a dizer que se o Governo e a sua máquina de repetidores entende que pode confiscar salários, empregos, carreiras, horas de trabalho, e direitos legalmente adquiridos pelas partes, e aí não se preocupa com a "blindagem" (que foi o que o Tribunal Constitucional garantiu, mesmo que precariamente), torna igualmente legítimo que se defenda o confisco da propriedade e dos contratos, a começar por aqueles que unem credores e devedores, ou partes num swap ou numa PPP. Ou seja, um governo que assim actua para os mais fracos comporta-se do mesmo modo dos que querem "rasgar o memorando". 


Ora, eu sou a favor de que se cumpra o memorando, realisticamente adaptado à mudança de circunstâncias, que se negoceiem e não se confisquem as PPP, mas que ao mesmo tempo se tenha a mesma atitude em relação aos outros contratos, procedendo também aí a verdadeiras negociações e não a diktats, e procurando soluções que possam manter a "confiança", como seja, por exemplo, encontrar modos de transição, diferenciações entre os contratos do passado e do presente, avaliação de custos e situações.

>>> Ora é isto que o Governo desde o dia um do seu mandato nunca fez, por ignorância, incompetência, dolo e ideologia.

 

>>> Tomou um caminho único, defendeu-o como único, acrescentou problemas novos aos que já tinha, começou arrogante e acabou a andar para trás, para a frente, para o meio e para cima, tentando remediar o que tinha estragado.

 

>>> Sempre que contrariado quis vingar-se, garantindo que os que uma decisão constitucional protegia iriam pagar um preço ainda maior, se possível, ou servir de pretexto para punir todos.

 

>>> E desde sempre mostrou desprezo pela lei constitucional, porque isso lhe permitia soluções mais fáceis, mais imediatas, até porque os seus alvos eram os que menos poder tinham.

 

>>> O resultado foi romper o tecido social como ele nunca tinha sido rompido desde o 25 de Abril, semeando a discórdia e a divisão, sem qualquer resultado adquirido e sustentável.

 

>>> Eu ouço o rumor das objecções. Que não são a mesma coisa, que se trata de coisas de natureza diferente, propriedade e salários, emprego e contratos, que os tribunais decidiriam contra o Estado, levando a indemnizações muito maiores do que os ganhos, de que secariam as fontes de financiamento externo, etc., etc.

 

Tudo verdade, mas tudo também verdade para o direito de não ser despedido sem justa causa, ou de não ver a sua reforma cortada retroactivamente


É por isso que os nossos semeadores de cizânia e de "revolução", da força, de uma sociedade dúplice em relação aos contratos que cumpre ou não cumpre, deviam ponderar nas palavras que originaram o pequeno escândalo, habitual nas redes sociais, vindas de um jovem deputado comunista que ainda não aprendeu a "linguagem de madeira" dos comunistas actuais:

 

 "A corja que despreza a Constituição que se ponha a pau. É que se o meu direito à saúde, educação, pensão, trabalho, habitação, não vale nada, então também os seus direitos à propriedade privada, ao lucro, à integridade física e moral deixam de valer! E nós somos mais que eles". 

O homem foi tratado de "besta", "hitleriano", "aspirante a ditador", "parecido com os fascistas", tudo isto ipsis verbis.

 

>>> Mas o que incomodou na frase foi que ela contém implicitamente uma enorme verdade: é que o "vale tudo" só para alguns é infeccioso para os outros.

 

>>> Ou seja, por que razão é que tenho que aceitar que o Governo me pode confiscar o meu salário e despedir sem direitos, por livre arbítrio de um chefe de uma repartição, ou diminuir drasticamente a minha pensão, agora que já não existo para o "mercado de trabalho" e sou completamente dependente, ou condenar-me ao eufemismo do "desemprego de longa duração", ou seja tirar-me muito mais do que 60% ou 70% da minha "propriedade", que não são acções, nem terras, nem casas, nem depósitos bancários, e quem tem tudo isso não pode ver a sua propriedade confiscada num valor semelhante ao que eu perco?

 

 E aí, ironia das ironias, teríamos o Tribunal Constitucional, com os aplausos do outro lado, a defender a propriedade e a condenar o confisco, como deve fazer. 


É por isso que estes meninos estão a brincar com o fogo e depois gritam que se queimaram.

 

O segundo resgate vem a caminho - e a culpa não é do Tribunal Constitucional

Na ponta final da campanha eleitoral autárquica as afirmações do Governo tornam cada vez mais claro que o 'regresso aos mercados' nunca passou de uma ilusão. A continuação da política deste governo e da troika está a agravar os bloqueios que a economia portuguesa enfrenta. Mas existem alternativas - e são urgentes.

O governo tem vindo a afirmar que as decisões do Tribunal Constitucional (TC) estão a tornar cada vez mais provável a necessidade de um segundo resgate. Ao insistir nesta ideia, o governo tem três objectivos: 1) desresponsabilizar-se pela crise económica e social que atravessa o país, 2) justificar as privatizações e os cortes nos serviços públicos e nas prestações sociais que se prepara para anunciar com a proposta de Orçamento de Estado (OE) para o próximo ano e 3) ir instalando na sociedade portuguesa a ideia de inevitabilidade da continuação da actual estratégia de governação para lá de 2014.

Face a isto, é fundamental compreender e afirmar com clareza que:

1º) O Estado português não conseguirá, tão cedo, financiar-se nos mercados internacionais - mas isto não decorre das decisões do TC Portugal tem uma dívida pública superior a 130% do PIB, um endividamento externo historicamente elevado, uma estrutura económica débil e um sector financeiro enfraquecido. O país não dispõe de instrumentos de política económica para lidar com estes problemas e quem deles dispõe – ou seja, as instituições europeias - recusa-se a pô-los em prática, preferindo usar o seu poder de chantagem para impor aos países periféricos e, por arrasto, ao conjunto da UE um modelo de sociedade que não foi sufragado nas urnas.

Nestas condições, a dívida portuguesa é impagável e é isso que explica a persistência das elevadas taxas de juro dos títulos da dívida portuguesa. É por essa razão que o 'regresso aos mercados' nunca passou de uma ilusão, usada pelo governo para justificar os sacrifícios até aqui impostos ao país e aos portugueses.

2º) A estratégia do governo e da troika não resolve – antes agrava – os bloqueios que economia portuguesa enfrenta

Segundo o governo, a destruição dos serviços públicos e a desregulação das relações de trabalho são o caminho para sair da crise. No entanto, após três anos de austeridade tornou-se ainda mais claro que esta estratégia não resolve, antes agrava, os bloqueios que a economia portuguesa enfrenta – desde logo, um endividamento insustentável e uma estrutura produtiva débil. Se esta trajectória não for interrompida, Portugal terá uma sociedade ainda mais desigual e entregue às lógicas de mercado. Esse será o único 'sucesso' do 'programa de ajustamento' do governo e da troika.

3º) As alternativas existem e são urgentes

O caminho da devastação social e económica não se inverterá enquanto não se impuser uma renegociação da dívida pública portuguesa que seja consentânea com uma política de relançamento do emprego, de valorização do trabalho e de restabelecimento dos direitos que asseguram uma sociedade decente. Os portugueses e portuguesas que não se revêem no actual rumo têm de continuar a reunir forças para resistir à estratégia de retrocesso social e para construir as condições para uma alternativa de governação que faça frente à chantagem e devolva ao país um sentido de esperança no futuro.

O Congresso Democrático das Alternativas apela, assim, à mobilização de todas e todos para as iniciativas de protesto que terão lugar no mês de Outubro (nomeadamente, as manifestações convocadas pela CGTP, dia 19, e pelo Que Se Lixe a Troika!, dia 26), bem como para o esforço de clarificação dos propósitos e das implicações da estratégia do governo e da troika.

Ao longo das próximas semanas, o Congresso Democrático das Alternativas irá realizar iniciativas de debate e esclarecimento sobre "A Crise, a Troika e as Alternativas Urgentes <http://www.congressoalternativas.org/2013/08/a-crise-troika-e-as-alternativas.html> " e sobre a proposta de OE para 2014, culminando numa grande iniciativa pública que terá lugar no dia 31 de Outubro, em Lisboa.

Contamos com a sua participação!

Saudações democráticas,

A Comissão Organizadora do Congresso Democrático das Alternativas

http://www.congressoalternativas.org/ <http://www.congressoalternativas.org/>

Relações Espanha-Reino Unido: “Gibraltar é a única colónia na Europa no século XXI”

 

No dia 25 de setembro, o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy convidou o Reino Unido a renegociar o estatuto de Gibraltar denunciando a situação "anacrónica" do rochedo na Assembleia Geral das Nações Unidas, adianta o ABC.

Rajoy descreveu Gibraltar como "o único território colonial existente na Europa no século XXI", um dos principais argumentos utilizados pelos diplomatas espanhóis nos últimos anos. Em 1963, Gibraltar constava na lista dos territórios não autónomos das Nações Unidas.

No mesmo dia do discurso de Rajoy, a UE enviou uma missão para Gibraltar para recolher dados sobre as queixas que a Espanha e o Reino Unido apresentaram este verão, em relação à colocação de blocos de cimento ao longo da costa da península, ao presumível tráfico e lavagem de dinheiro no território e ao excesso de zelo no controlo fronteiriço.


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Vila Real

Francisco Seixas da Costa

 

Nasci em Vila Real. Em 1996, na qualidade de independente, aceitei o convite para chefiar a lista do Partido Socialista à Assembleia Municipal de Vila Real. Fui então derrotado por Passos Coelho. Não, não era esse! Era o pai, que titulava a lista social-democrata, uma pessoa muito estimável por quem mantenho um grande respeito.

 

Essa não foi a primeira vez que me interessei pela política local. Em 1969, no tempo em que andava na universidade, colaborei com gosto na Comissão Democrática Eleitoral (CDE) de Vila Real que, contra ventos e marés, sob a orientação dessa grande figura da democracia que se chamou Otílio de Figueiredo, levou a cabo uma difícil aventura cívica de combate à ditadura, que guardo nas minhas melhores memórias.

 

Desde a instauração da democracia, o PPD (e depois o PSD) dominou sempre o município vilarealense, primeiro com Armando Moreira, mais recentemente com Manuel Martins. O PSD perdeu ontem essa liderança, com erros partidários locais a serem potenciados por uma das mais profundas derrotas autárquicas da sua história, à escala nacional.

 

O PS, que nunca conquistara a Câmara, apesar de vários combates corajosos no passado, conseguiu-o agora pela mão de Rui Santos, um candidato jovem que tem uma excelente oportunidade para titular um novo tempo para a cidade. Não será uma tarefa fácil, num concelho complexo, desigual e sem uma estratégia de desenvolvimento regional minimamente consensualizada. Por muitas razões, mas essencialmente para bem de Vila Real, só lhe posso desejar que venha a ter o maior sucesso.

Em tempo: à hora que este post é publicado, ainda há dezenas de autarquias por apurar. Não seria possível fazer melhor? 


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Por um voto

Francisco Seixas da Costa

 

"Por um voto se ganha, por um voto se perde", costuma dizer-se na vida democrática. Às vezes, é assim mesmo.

 

O meu pai costumava lembrar que, numas das primeiras eleições autárquicas, lá por Vila Real, a minha mãe, por uma qualquer razão momentânea, decidira não ir votar, não obstante ambos terem uma declarada preferência por um candidato à presidência da Junta de Freguesia da sua residência. Esse candidato perdeu... por um voto!

 

Vote!

Em tempo: o PS ganhou por um voto em Mogadouro! Eu não dizia?!


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Timor e o fim da descolonização

Francisco Seixas da Costa

Há dias, numa conversa durante uma cerimónia na visita a Portugal do presidente timorense, Taur Matan Ruak, lembrei-me de uma história passada em Nova Iorque, ao tempo em que por lá passei como representante permanente de Portugal junto das Nações Unidas.

 

Um dia (creio que) de maio 2002, um colaborador perguntou-me se estava interessado em ir "à última reunião em que o 'Comité dos 24' iria abordar a questão de Timor". Como a minha agenda era então um "inferno", lembro-me de ter hesitado por um instante. Mas a atenção prioritária que sempre dávamos a Timor-Leste fez-me logo dizer que sim. Porém, só um pouco depois tive a consciência do que essa reunião na realidade significaria.

 

O "Comité dos 24" (até 1962 conhecido por "comité dos 17", em função do número dos países que o compunham) é uma fórmula redutora para um nome bem mais longo: "Comité especial encarregado de examinar a situação relativa à aplicação da Declaração sobre a concessão da independência aos países e povos coloniais". É também chamado "Comité especial para a Descolonização". O Comité foi criado em 1961, após a aprovação da referida Declaração pela Assembleia geral da ONU, em 1960.

 

Ainda em 1962, Portugal foi convidado a estar presente numa reunião do "Comité dos 17". (Recordo que, em fevereiro e março de 1961 tiveram lugar graves incidentes em Angola e que Goa caiu em mãos indianas em dezembro desse mesmo ano). Considerando que, na perspetiva do governo de Lisboa, não havia, sob a sua tutela, colónias ou territórios passíveis de se enquadrarem nos objetivos do Comité, o governo português veio a recusar-se, a partir de então e até 1974, a colaborar com aquela estrutura, que se iria transformar num dos mais ativos instrumentos internacionais de denúncia do colonialismo português. Com a aceitação da autodeterminação e independência das suas colónias, a partir da Revolução de 25 de abril, tudo mudou. E, desde 1975, apenas o caso de Timor-Leste, dentre os antigos territórios coloniais portugueses, permaneceu como um processo em aberto nessa instância, neste caso sob a denúncia da ocupação indonésia.

 

Por essa altura de 2002, aproximava-se a independência de Timor-Leste, que iria ter lugar no dia 20 de maio. A reunião do Comité para a qual eu era convocado era a última na qual uma questão relativa à história colonial portuguesa era evocada. Já não me recordo do que disse na sessão, o que deve constar da respetiva ata oficial e do relato desta que terei feito para o MNE. Mas lembro-me bem de que, nesse momento, tive a consciência de que a presença de Portugal naquele ato culminava, de certa maneira, um tempo histórico.

 

Com a independência de Timor-Leste, no dia 20 de maio de 2002, fechar-se-ia um ciclo de uma aventura imperial iniciada em 22 de agosto de 1415, com o assalto militar português à fortaleza mourisca de Ceuta. Na reunião do "Comité dos 24", em que eu participei em nome de Portugal, escassos dias antes daquela independência, encerrava-se formalmente último capítulo do longo processo que conduziu ao fim do tratamento internacional da questão colonial portuguesa, iniciado meio século antes.


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Áustria: “A coligação regressa, a direita cresce”

 

 

"Os partidos do Governo tiveram o pior resultado da sua história – os grandes vencedores do escrutínio estão à direita do centro", escreve Der Standard após as eleições legislativas de 29 de setembro.

O partido social-democrata (SPÖ) do primeiro-ministro Werner Fayman obteve 26,6% dos votos e ultrapassou o Partido Popular Austríaco (ÖVP, 24%). Cada um deles perdeu mais de 2% em relação às eleições de 2008. Com um pouco mais de 50% dos votos, estão agora em condições de continuarem a sua grande coligação.

O partido populista e xenófobo FPÖ aparece em terceiro lugar com 21,4% dos votos, uma subida de quase 5% por comparação com 2008. Entram também no Parlamento o partido do multimilionário austro-canadiano Frank Stronach e o partido liberal Neos. O BZÖ, do defunto líder de extrema-direita Jörg Haider, não conseguiu mais do que 3,6% dos votos.

"Quando somamos todos esses votos, um terço dos austríacos votou num partido de direita populista, o que é único na Europa", escreve com preocupação o diário Standard.


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APELO DO EPHEMERA

JPP

 

 

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE 2013 – ESTADO DA RECOLHA 

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As eleições autárquicas de 2013 realizam-se num universo de 308 concelhos e 3091 freguesias. Cerca de 12000 candidaturas foram apresentadas. De uma observação directa, em parte significativa do país, e pelas informações recolhidas, estas são desde o 25 de Abril as eleições que maior número  de espécimes (cartazes, panflletos, "brindes", autocolantes, etc.) produziram e talvez as mais caras autárquicas de sempre. O número muito elevado de candidaturas independentes, principalmente nas freguesias, aumentou exponencialmente a propaganda. Numa estimativa prudente, calculo que cerca de 100000 espécimes de propaganda diferentes foram produzidos, com relevo para o elevado número de outdoors e cartazes.  As grandes candidaturas partidárias, em Lisboa e Porto, produziram nalguns casos mais de cinquenta itens por freguesia.

A recolha física (fotos tiradas nos sítios, panfletos e "brindes") cobriu até agora cerca de 170 concelhos e  500 freguesias, havendo material digitalizado recolhido para mais de 250 concelhos. A regra continua a ser dar prioridade à recolha física, servindo o arquivo electrónico para  identificar as faltas e salvaguardar o "apagamento" da Rede. Apenas uma pequena parte foi até agora publicada no EPHEMERA, mas continuará depois das eleições.

Aproxima-se agora a parte mais crítica desta tarefa, a que já é feita para "salvar" o que resta, mais do que para recolher o que permanecia activo nas campanhas. A chuva vai destruir brevemente os outdoors, e muitos são retirados logo a seguir à eleições. Nas sedes vai começar a deitar-se muita coisa fora.  Ainda muito se pode salvar, mas é preciso correr contra o tempo.


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A NATUREZA DA "CRISE PORTAS" É SER ENDÉMICA

JPP

 

 



A palavra desagregação não chega. Decomposição também serve, mas não é suficiente, porque pelo menos o esqueleto tem estrutura. Quando chamei a este Governo o "navio-fantasma", ainda pensei que a evidência da desagregação não fosse tão rápida, depois do fôlego das proclamações de que "no fim de tudo o Governo ficou melhor" e de que o país, empurrado pelos "sinais" de recuperação, ia para bom porto. Se pudesse ter uma tabuleta gigante nela escreveria: "Com esta gente nunca. Nunca, jamais, em tempo algum".

 

 

A rábula actual do défice na "negociação" com a troika, com Portas e Maria Luís a deambularem pelos "centros políticos" da CE, do BCE e do FMI, para fazerem a "negociação política", depois a irem à Assembleia dizerem aquilo que desdizem no dia seguinte, com Portas a dizer uma coisa e Passos outra, com recados do PSD em período eleitoral enchendo o peito de ar contra a "hipocrisia" do FMI, com truques, mensagens, recados e intrigas, com a troika a fazer de esfíngica com aqueles com que se tem de encontrar, sindicatos, deputados, mas que considera irrelevantes para qualquer decisão, apenas reuniões protocolares aborrecidas que são perda de tempo, com a cacofonia do PS, mostra como singra o "navio-fantasma" com as suas velas cor de sangue. 

 

O que temos hoje à nossa frente? Ideias, planos, projectos, ideologias? Nem isso. Apenas pessoas, e pessoas que não valem muito. Estão desprestigiadas, mesmo quando tinham apenas um vago prestígio. Estão confundidas, embora a clareza nunca tenha sido uma coisa por aí além. Fazem o que sabem fazer, fazem pela vida. Tentam sobreviver e manter o poder no meio dos sarilhos que criaram e estão agarradas ao seu eu, nalguns casos um gigantesco Eu, noutros um pequeno eu que não se enxerga, mas existe, está lá, ocupa espaço. 

 

Nós baixamos de tal modo os critérios de exigência, que aceitamos ser governados por gente muito acima do seu princípio de Peter, mesmo para serem bons chefes de secretaria. Que experiência tinham, que qualificações tinham, que adquirido traziam consigo, que caracteres excepcionais, que cinismo lúcido e criador ou bondade genuína, que inteligência especial, que intuição carismática, traziam consigo para ocuparem, numa das maiores crises da nossa história, a condução de Portugal? Nem sequer eram homens normais, cuja razoabilidade e senso comum nos protegiam da asneira. Eram a gente da estufa partidária, com um curso de como singrar no aparelho, uma ambição desmedida, sabedores de que o essencial era estarem no lugar certo na altura certa. E estavam. E estavam, porque nós os deixamos estar. Em democracia, é assim, quem chega ao poder, está lá com o nosso voto. Seja Sócrates, seja Passos Coelho, seja Portas.

 

Não há outra maneira de entender o que se está a passar nestes dias, a não ser percebê-lo nas suas pessoas, porque são as pessoas que lhe dão forma e expressão, e, a poucos meses de se ter "ultrapassado" a crise Portas, esta continua a revelar-se, como se podia prever, endémica.

 

Há uma razão para que reine uma enorme confusão vinda de cima e perplexidade vinda de baixo. A teia que une o de cima com o de baixo é feita de mentiras. Mentiras em toda a sua plenitude, com todas as cambiantes, omissão de verdade, sugestão de falsidade e falsidade. A maioria dos portugueses não sabe nada do que se passa e os poucos conhecedores preparam em segredo a sua Arca de Noé. O que se passa nos encontros com a troika? Não se sabe. O que se passou em Bruxelas e Washington? Não se sabe. O que os homens de Lagarde ou de Draghi ou de Barroso dizem? Não se sabe. Recados não são informação. Nunca nos tempos mais recentes tão pouca informação fidedigna existe.

 

E as lendas não encaixam. Até agora, o "prestígio" conseguido por Portugal travava os juros e fazia-os descer. Quantas vezes a retomada do "prestígio" de Portugal foi louvada, nalguns casos como o único resultado da governação Passos-Gaspar. "Credibilidade" era a buzzword. Era por aí que regressaríamos aos mercados em Setembro de 2013, este mês. Era a barreira que nos separava da Grécia e nos colocava ao lado da Irlanda. E, subitamente, hoje ninguém do lado do poder já fala de "credibilidade", a não ser quando serve para se aceitar mais uma medida de austeridade. Ou um novo "imposto", como o Presidente chamou aos cortes dos reformados, o que deve ter posto o Governo com os cabelos em pé. 

 

Porquê? Primeiro, porque a "credibilidade" não era assim tão sólida como se dizia; depois porque o penhor da "credibilidade", Vítor Gaspar, se foi embora, e, por fim, porque a crise Portas mostrou a fragilidade de tudo. Os propagandistas do Governo acusam o Tribunal Constitucional, mas basta olhar com atenção para os juros, para perceber o enorme estrago que foi a crise Portas, tornando tudo muito frágil. E para perceber outra realidade incómoda para o Governo, que a evolução dos juros da dívida dependem essencialmente da conjuntura europeia e internacional e aquilo que considerávamos o grande mérito do nosso Governo, era pouco mais do que evitar, pela obediência e bom comportamento, não agravar altos e baixos que vinham de fora. Que foi o que a crise Portas fez.

 

O que se passava é que, como muita gente prudente disse e o Governo, ofuscado por si próprio, não queria ouvir, nunca estivemos, nem estamos, em condições de "voltar aos mercados", porque a política seguida é errada e é insustentável em democracia, façam-se os pactos, acordos, entendimentos, "consensos" que se quiserem. E porque comparticipamos pelo euro numa crise europeia económica, social, política, em que somos, com a Grécia, o elo mais fraco. Por isso a troika pode ir-se embora daqui a uns meses, que um segundo resgate, às claras ou disfarçado de "plano cautelar", vai continuar a manter-nos sob controlo estrangeiro tendo como único objectivo manter a política actual. 

 

Como acontece sempre, a imoralidade de cima penetra como um veneno em todo o tecido social. Estamos hoje menos "povo", mas uma soma de medos, egoísmos, defesas, invejas e raivas. Acresce que a relação do poder actual na governação é doentia, para não dizer outra coisa. A grande responsabilidade de Cavaco Silva foi ter mantido um Governo que não existe, não tem primeiro-ministro, mas dois, cada um para um Governo, um é o do CDS e outro é, mais ou menos, do PSD, que não se governa a si próprio quanto mais o país. E a única coisa que é capaz de fazer são medidas avulsas, mal pensadas e mal preparadas e muitas vezes iníquas, que dão cabo da vida das pessoas, não para um ano ou dois ou três, mas para o resto das suas vidas. Depois arranjam um nome pomposo para lhe dar.

 

Passos Coelho é o factor permanente e estático da governação. Está lá e permite tudo. Está muito agarrado ao poder. Mas o factor dinâmico da crise é Portas, por isso muita da confusão actual se lhe deve, quer ao que fez, quer ao que está a fazer a ver se remedeia o que fez. Aceitou ser primeiro-ministro na prática, com tudo o que implica a assunção de um máximo poder, para o qual não tem legitimidade eleitoral, mas sabe que essa oferta foi dada com desespero de causa e é mantida com dolo. 

 

O que faz Paulo Portas hoje é tentar desesperadamente reconstruir-se dos efeitos do "irrevogável" e dos milhões que nos custou na crise que deve ter o seu nome. O que Passos Coelho e o PSD fazem é impedi-lo de obter ganho de causa. No meio de tudo isto há eleições e as eleições contam e muito. Todos usam e manipulam os jornais, que se deixam alegremente encher com recados e pseudo-informações. É uma festa.

A salgalhada dos 4% e dos 4,5% (em que Seguro participa com os seus 5%, provavelmente porque sabe ou suspeita que o Governo já conseguiu os 4,5%), a valsa de declarações eleitorais contra a troika, os ralhetes a pedir silêncio, desobedecidos de imediato, são o retrato dessa decomposição com que comecei este artigo. Não são mais do que os sinais de como a crise Portas continua em pleno, Portas a querer mostrar serviço, Passos Coelho a dificultar-lhe a vida, e nenhum a ter qualquer consideração nem com as pessoas, nem com o país. Eles vivem noutro mundo e nenhum pode vir dizer que é Portugal que lhes interessa, mas a única coisa que lhes importa que não se "lixe" são eles próprios.


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A vitória das esquerdas e a armadilha de Passos Coelho

Domingos Amaral

Ontem, aconteceu o que muitos esperavam. As esquerdas voltaram a crescer, o PSD foi derrotado fortemente, e o CDS aguentou-se bem.

As esquerdas, do PS e da CDU, são quem pode cantar vitória, e pelos vistos a Grândola que se foi ouvindo no último ano, um pouco por todo o país, era um indicador que a CDU estava a renascer.

Se há alguém que pode cantar vitória, são os comunistas, ganharam muitas câmaras e ganharam bem, embora em Lisboa tenham descido.

Também o PS e Seguro são vencedores, muitas câmaras ganhas, maior partido autárquico, essas coisas.

O CDS aguentou-se, fez o "penta" de câmaras, e quem esperava ver Portas como um derrotado, enganou-se redondamente.

A tal crise "Portas", que tanta gente dizia que o iria penalizar, não passou de um mito.

Portas resiste, e até vence no Porto. 

Quanto ao PSD, só não foi uma hecatombe pior porque o PS perdeu câmaras para a CDU, caso contrário teria sido uma catástrofe para Passos.

No entanto, ele é cada vez mais um líder preso nas próprias armadilhas que criou, para si e para o país. 

Há pouco mais de dois anos, Passos vencera as eleições, derrotando Sócrates, e vinha cheio de confiança que ia construir um país novo, liberal e eficiente.

Disse, com convição, que iria para além da "troika", no seu programa de Governo.

Pelos vistos, a cegueira era total.

Passos nunca chegou a perceber o sarilho em se meteu, pois governar nestas condições seria sempre terrível, uma vez que o país iria ser obrigado a brutais sacrifícios por uma Europa de fanáticos da austeridade.

Dois anos e alguns meses depois, o resultado está à vista.

Passos gerou uma brutal crise económica, com um desemprego altíssimo e uma recessão fortísissima, os alimentos para o crescimento das esquerdas e sobretudo da CDU.

Além disso, alienou durante dois anos o PS, ignorando-o e hostilizando-o.

Pelos vistos, quem ganhou com isso foi Seguro, que todos subestimavam, mas está cada vez mais líder do PS.

No meio desta trapalhada toda, Passos desprezou também o CDS de Portas, não o ouvindo, não o amansando, o que levou Portas a deitar a toalha ao chão em Julho.

Os bem pensantes quiseram dar cabo dele, mas o que diz o povo? Portas cresce, é o que diz o povo, ouviram?

Portanto, temos hoje um primeiro-ministro cada vez mais pequenino e frágil.

Passos está na armadilha que criou a si próprio. 

A sua estratégia política, de afrontamento permanente, falhou; e a sua estratégia financeira de austeridade, também falhou.

Resta apenas saber se o falhanço será brutal, com a necessidade de um segundo resgate, ou será menos mau, com o tal programa cautelar.

Isto tinha se ser assim, não havia outro caminho a não ser a austeridade e o afrontamento?

Claro que havia, mas Passos quis ser "liberal" e "firme", e acabou assim, cada vez mais frágil, cada vez mais pequeno, cada vez mais solitário.

E o país, como se safa desta?

Ninguém tem certezas. Ainda há uma pequena margem para evitar o segundo resgate, mas ontem ficou ainda mais estreita.

Como sempre aqui escrevi, a brutal austeridade iria colocar o país numa terrível armadilha, a armadilha da dívida, donde não se consegue sair, e onde há crises e ranger de dentes permanentes.

Esta crise é mais uma, e mais haverão nos próximos tempos...


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Alvorada Dourada: “Luz sobre o gangue”

Seis deputados e 13 membros do partido neonazi Alvorada Dourada foram presos a 28 e 29 de setembro no âmbito de uma investigação sobre o assassinato do rapper antifascista Pavlos Fyssas.

Entre eles, encontra-se o "chefe" do partido, Nikolaos Michaloliakos, e "o subchefe", Christos Papas, escreve Ta Nea na primeira página. São todos acusados de violência física e assassínio e o Alvorada Dourada é considerado pela Justiça como uma "organização criminosa".

Nos domicílios das pessoas presas foram também apreendidas muitas armas. Em casa do deputado Papas, acrescenta o diário, a polícia encontrou "38 pistolas, cruzes gamadas e fotografias de Hitler".


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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

JPP

JPP

 

FALANDO SOBRE O "ESTADO DA NAÇÃO" 
NA UNIVERSIDADE DE VERÃO (LOULÉ, SETEMBRO DE 2013)



FALANDO SOBRE "UMA UNIÃO FEDERAL?"
NA FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS (SETEMBRO DE 2013)


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Bélgica: “Chineses.pirateiam@premier.fed.be”

O recente ato de pirataria de que foram alvos os gabinetes do primeiro-ministro Elio di Rupo e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Didier Reynders, divulgado a 20 de setembro pelo De Tijd, foi realizado por hackers chineses, adianta De Morgen.

O diário baseia-se num relatório confidencial dos serviços secretos belgas e cita um especialista da China, Jonathan Holslag. Este último explica que o ataque informático se deve ao interesse que as autoridades chinesas têm pela política belga, nomeadamente pela

estratégia de acordos comerciais internacionais […]. Bruxelas é um dos melhores locais para obter muitas informações [uma vez que] a Bélgica é um dos países onde há menos proteção em matéria de cibersegurança.

O jornal realça ainda que os serviços secretos suspeitam de piratas sedeados no Reino Unido que poderão estar na origem do recente ato de pirataria da Belgacom.


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Zona euro: “Objetivos da dívida grega postos em causa”

 

 

O chefe do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o programa de ajudas da zona euro, sugeriu que os credores da Grécia não anulassem as dívidas porque os termos da última ajuda oferecida a Atenas são de tal forma vantajosos que equivalem a um corte para os países credores, escreve o Wall Street Journal.

Os comentários de Klaus Regling, o diretor-geral do MEE, contribuíram para sustentar as alegações segundo as quais a Grécia irá precisar de um terceiro plano de ajuda, acrescenta o diário financeiro. E prossegue:

Regling declarou que os cálculos – que servem para analisar a sustentabilidade da dívida – não tiveram suficientemente em conta os termos excecionalmente bons do plano de ajuda à Grécia. Os empréstimos da zona euro têm uma taxa de juro muito baixa e podem ser reembolsados nos próximos 30 anos. 'Isto tudo somado, pressupõe uma grande ajuda. O que, de um ponto de vista económico, equivale a um corte.'


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JPP

Autor: JPP

 

FALANDO SOBRE O "ESTADO DA NAÇÃO" NA UNIVERSIDADE DE VERÃO (LOULÉ, SETEMBRO DE 2013)


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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

UE-Turquia: Não há livre circulação para os turcos

A 24 de setembro, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) decidiu que a UE não tem a obrigação de conceder aos cidadãos turcos o direito de entrarem no seu território sem visto. O Tribunal rejeitou a queixa de uma cidadã turca a quem, em 2007, foi recusado visto para visitar um familiar na Alemanha, porque pensou que sendo uma potencial beneficiária de serviços dentro da UE não poderia beneficiar de isenção de visto.

A sentença do TJUE "constitui um precedente para os turcos que viajam para a UE", escreve o Zaman. O diário de Istambul dá igualmente conta da deceção com que esta sentença foi recebida na Turquia. O ministro dos Assuntos Europeus, Egemen Bağış, citado pelo jornal, afirmou que "o veredicto foi influenciado por considerações políticas e não jurídicas". O Zaman acrescenta que

o apoio da Turquia à adesão à UE será ainda mais fraco, teme Ayhan Kaya, diretor do Instituto Europeu da Universidade Bilgi de Istambul. […] Mas, segundo Cengiz Aktar, diretor do programa de assuntos europeus da Universidade Bahçeşehir, a decisão do TJUE não afetará negativamente as negociações em curso entre a UE e a Turquia sobre a simplificação dos procedimentos de vistos.

"Esta sentença foi seguida de perto por Ancara", escreve, por seu lado, Le Temps. Para o diário suíço,

o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan fez deste um caso pessoal tal como com a questão da adesão do seu país à UE. Acha incompreensível, senão mesmo discriminatório, que a UE isente os sul-americanos de visto enquanto os turcos, económica e geograficamente mais próximos, não podem circular livremente. […] Em junho, o comissário para o Alargamento, Stefan Füle, prometeu a abertura de negociações sobre vistos. [A 24 de setembro], uma porta-voz da Comissão confirmou que o diálogo informal continua.


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Alemanha-UE: O medo do “Diktat”

 

Após a vitória incontestável de Angela Merkel nas eleições do dia 22 de setembro, os círculos europeus em Bruxelas preocupam-se com a dimensão do seu poder no seio da UE, adianta o Süddeutsche Zeitung.

Segundo vários diplomatas citados pelo diário, "Angela Merkel é, sem dúvida, o número um, a verdadeira chefe do Conselho Europeu e não existe número dois, isto é, nenhum suplente." Esta falta de contrapeso, explica um diplomata austríaco, deve-se nomeadamente à situação da França:

Devido à fraqueza do Presidente francês François Hollande, já não há ninguém para contrariar a política levada a cabo por Angela Merkel na Europa, e que defende sobretudo os interesses alemães. […] O que poderá, portanto, pedir um Presidente com fracos indicadores económicos e cada vez menos apoiado pelos seus eleitores?

A ideia de que "não existem alternativas" a Angela Merkel, na qual se baseia nomeadamente o grande sucesso da chanceler no seu próprio país, "passou também a circular em Bruxelas", explica o diário. "Se Merkel […] quer alguma coisa, os outros devem aceitar", resume um alto funcionário da Comissão Europeia.


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Portugal: “Governo invoca interesse público para aplicar as 40 horas”

A partir de 28 de setembro, os funcionários públicos portugueses vão começar a trabalhar uma hora a mais todos os dias, aumentando a sua semana de trabalho de 35 para 40 horas, noticia o Diário Económico.

Anunciada em maio passado, esta decisão foi contestada em tribunal pelos sindicatos. Mas, segundo o diário, o Governo vai reforçar a decisão, esta semana, junto do Tribunal Administrativo de Lisboa, invocando o "interesse público", que lhe dá prorrogativas especiais para fazer alterações na legislação.


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França: “Abaixo os ciganos”

 

A 24 de setembro, o ministro francês do Interior, Manuel Valls (socialista) garantiu que "os ciganos estão destinados a voltar à Roménia ou à Bulgária" porque "essas populações têm modos de vida muitíssimo diferentes dos nossos e estão, evidentemente, em confronto" com as populações locais.

"A questão da imigração vai ser explorada até às [eleições]municipais de março", escreve o Libération:

Desde o início do verão, os eleitos de direita multiplicaram as declarações agressivas na imprensa diária regional contra o afluxo de requerentes de asilo na sua região.

Mas as declarações do ministro "relançaram a guerra nas trincheiras socialistas, divididas entre os autoproclamados 'realistas' – partidários da firmeza – e os defensores dos grandes princípios de acolhimento e de integração", acrescenta o diário.


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Memória

Francisco Seixas da Costa

 

O comentário que o cavalheiro inglês fez para a sua mulher, ontem, numa loja do aeroporto de Málaga, fez-me sorrir: "este cheiro lembra-me qualquer coisa!" O curioso é que eu estava a pensar precisamente o mesmo, embora, no meu caso, não tivesse a menor dúvida: era o da uma loja, em Greenwich Village, no fundo da 7a avenida, em Nova Iorque, em dezembro de 1972. Era um odor perfumado, com algo de oriental, que ia bem com algum ambiente da época. Não faço ideia do que é, mas tenho a certeza absoluta de me não enganar.

 

Uma vez, trocando impressões com António Pinto da França, um grande amigo que há pouco se foi, dei-me conta de que comungávamos o facto de mantermos uma memória olfativa muito aguda, ligada a certos momentos da vida que tinham ficado registados para sempre. E comentámos o facto de conhecermos outras pessoas com idêntica experiência.

 

Sucede-me de vez em quando, embora de forma não muito frequente: entro num local, tenho uma certa perceção olfativa e, às vezes, quase sem esforço de memória, regresso por um instante a um certo local e a um tempo, sempre longínquo, onde essa perceção já se produziu. O curioso é que isso não corresponde, necessariamente, a ocasiões ou locais marcantes do passado, mas a tempos banais. Ou, então, a minha memória não os considera tão banais como isso.

 

Algumas vezes me tenho encontrado com o cheiro típico da cera das escadas do Clube de Vila Real, nos anos 60. Há tempos, numa esquina não sei bem onde, surgiu-me o odor que emanava de uma mercearia da rua Alexandre Braga, no Porto, um misto de café e especiarias, no meu tempo de universidade. Lembro-me bem do aroma, acolhedor, da copa da cozinha das minhas tias, nas Pedras Salgadas, com um fundo inconfundível de marmelada. E, há uns meses, ao entrar num escritório, dei "de narinas" com o cheiro que emanava das madeiras da nova Biblioteca Nacional de Lisboa, no início dos anos 70. Guardo quase uma vintena, bem identificada e razoavelmente datada, desses locais e dessas impressões olfativas. 

 

Este verão, em Viana do Castelo, decidi "ir à procura" do cheiro eterno do corredor que levava ao sótão (à "torre") da casa da minha avó. Pedi para visitar a casa, hoje uma bela escola de música. Sem grande surpresa, do cheiro dessa casa antiga, onde já não ia há quatro décadas, "nem o cheiro". Perguntei então se podia ir à cave, à "loja", como lhe chamávamos. E lá estava ele, entre arquivos, um outro confortante odor, feito de humidade, poeira e memória. Pronto, tinha ganho o meu dia!

 

Ficarei grato a quem me possa indicar um livro sobre cheiros e memórias. Havendo coisas escritas sobre tudo, estou certo que existirá algo sobre isso.


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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Fabricar el iPhone 5S cuesta seis veces menos que su precio

Mercado o beneficio, era la disyuntiva a la que se enfrentaba Appleantes de lanzar sus nuevos móviles. Y Tim Cook, el consejero delegado de la empresa, se decantó por la estrategia tradicional de la compañía: el beneficio sobre todas las cosas. Los cacareados iPhone baratos para mercados emergentes no son tales y, a pesar de la pérdida de mercado respecto a Samsung, Apple elige la ganancia a convertirse en una marca de masas. Así lo demuestra el control de costes de sus nuevos iPhone 5S y C y los precios a los que se han puesto a la venta.
En el tradicional desglose de componentes que iSuppli hace de cada nuevo aparato, ha concluido que  el iPhone 5C, el económico, de 16 gigas, cuesta fabricar y ensamblar 120 euros cuando su precio de venta al púiblico en Francia (y se supone que en España también) es de 599 euros, es decir 4,6 veces más que su coste. En el caso del mismo modelo, pero de 32 gigas, el coste es de 135 euros y su precio de venta sube a 699 euros (5,1 veces).
Sin embargo, la cuenta de resultados de Apple se disparará cuanto más iPhone 5S se vendan. En este caso, el modelo de 16 gigas sale de fábrica a un coste de 147 euros, y sale de la tienda por 4,7 veces más: 699 euros. Y si el consumidor decide masivamente comprar el 5S de 64 gigas, Cook será llevado en procesión por sus accionistas, porque en ese caso, el modelo que cuesta solo 154 euros en fábrica se vende por 899 euros, casi seis veces más (exactamente, 5,8). Como detalle, iSuppli revela que el famoso sensor para el escaner de la huella dactilar cuesta solo 7 dólares (5 euros).
Apple sigue siendo una compañía maestra en el control de costes de los componentes -ahí se labró su carrera Tim Cook- pues el nuevo 5S, pese a la huella dactilar y la mejora de la cámara, es solo tres dólares más costoso que el iPhone 5 lanzado hace un año.
Estos grandes márgenes con los nuevos smartphones contrastan con los de la tableta iPad Mini, el producto que menos beneficios deja con cada venta. Su coste de producción es de 140 euros y se vende por 329, solo 2,35 veces más. Esta reducción de márgenes por el bajo precio, tampoco le ha valido para frenar el auge de las tabletas de la competencia, que ya suman más, especialmente con los modelos Galaxy de Samsung, las Nexus de Gogle y las Kindle de Amazon.
Apple puso el iPad Mini a un sacrificado 329 euros, pero la Nexus 7 cuesta 100 euros menos con muy similares capacidades y la de Amazon aún es más barata, 199 euros. Con la estrategia del iPad Mini, Apple se quedó a medio camino. Redujo sus beneficios y no paró la competencia. Lección aprendida.
Fabricar el iPhone 5S cuesta seis veces menos que su precio | Tecnología | EL PAÍS

Parceria Oriental: Moscovo atravessa-se no caminho da UE

A Rússia pressiona cada vez mais insistentemente os seus antigos satélites para que adiram ao seu projeto de união euroasiática. A Lituânia, que apoia ativamente a aproximação com a UE, está, também ela, a ser alvo de pressões cada vez mais fortes.
As penalizações alfandegárias da Rússia sobre a Lituânia fazem parte de uma enorme luta pelo poder, com o Kremlin a querer obstruir a política de Parceria Oriental da União Europeia – forçando a Ucrânia, a Bielorrússia, a Moldávia, o Azerbaijão, a Geórgia e a Arménia a desistirem de qualquer aproximação à Europa, empurrando novamente esses países, por forma a ficarem sob a alçada de Moscovo, através da chamada união (aduaneira) euroasiática.
No entanto, a Lituânia, que atualmente ocupa a presidência rotativada UE, está a planear a assinatura de acordos comerciais durante acimeira de Vílnius, em novembro, com os Estados da Parceria Oriental(exceto a Bielorrússia, que ainda faz parte da união aduaneira euroasiática). A Lituânia tem defendido muito ativamente os Estados da Parceria Oriental, chamando a atenção da UE para o facto de o Kremlin os pressionar com guerras comerciais e outro tipo de chantagens.
Ao longo do mês de setembro, os veículos com placas de matrícula lituanas têm sido alvo, na fronteira lituano-russa, dos mais ferozes e cansativos procedimentos aduaneiros; desde 11 de setembro, esses procedimentos impedem a passagem de qualquer produto lituano para a Rússia. Esta semana, a Rússia anunciou regras ainda mais rigorosas para os produtos lácteos de origem lituana. Evidentemente, isto implica perdas económicas tanto para as empresas de transportes lituanas como para os exportadores. Se isto não é uma ação punitiva do Kremlin por causa da proteção aos Estados da Parceria Oriental, então o que é?

A batalha do Cáucaso

Bom, qual é a situação atual desta guerra geopolítica? Muito rapidamente, o Presidente Putin conseguiu puxar a Arménia para a união aduaneira controlada pelo Kremlin. E o resultado é que a Arménia não assinará qualquer acordo com a UE, em Vílnius.
Apesar da enorme pressão, a Ucrânia mantém-se firme
Com a Arménia controlada, o Azerbaijão será o alvo seguinte – tem-se especulado que passos serão dados por Putin, e quando, no que diz respeito ao conflito de Karabakh; e isso, no entanto, pode não ficar limitado a meras frustrações aduaneiras. Apesar da enorme pressão, a Ucrânia mantém-se firme, inflexível à chantagem do Kremlin; o Governo ucraniano já aprovou uma proposta de associação comercial com a UE e espera assiná-lo em Vílnius. À Moldávia, foram feitas ameaças ainda mais cruéis.
As ameaças podem ser ainda mais cruéis em relação à Moldávia. Segundo o vice-primeiro-ministro russo, caso a Moldávia continue a ter aspirações europeias, poderá perder o controlo sobre a Transnístria e ter de enfrentar um inverno gelado, ou seja, perder o seu fornecimento de energia.
Parece que a UE está em vias de perder (ou já perdeu?) a batalha do [Norte do] Cáucaso; no entanto, a norte do Mar Negro, a pressão do Kremlin teve o efeito contrário, levando a Ucrânia, a Moldávia e a UE a uma cooperação mais estreita – e mais rápida.
Parceria Oriental: Moscovo atravessa-se no caminho da UE | Presseurop.eu: atualidade europeia, ilustrações e revistas de imprensa

Literatura: 2011 - o ano do tradutor

Literatura: 2011 - o ano do tradutor | Presseurop.eu: atualidade europeia, ilustrações e revistas de imprensa

Biotecnologia: Monsanto renuncia a cultivar OGM na Europa.

Biotecnologia: Monsanto renuncia a cultivar OGM na Europa | Presseurop.eu: atualidade europeia, ilustrações e revistas de imprensa

Polónia: “Enganar a UE por causa de dinheiro”

Os agricultores polacos mentem frequentemente quando se candidatam a subsídios diretos da UE,escreve o Rzeczpospolita, que acrescenta que muitas dessas fraudes são cometidas ‘por ignorância’ uma vez que nem todos os agricultores conhecem bem os limites e as normas dos subsídios da UE.
Segundo o gabinete do procurador-geral, os casos de fraude que envolvem fundos europeus para a agricultura aumentaram nos últimos dois anos, subindo de 1500 em 2011 para 1812 em 2012. As irregularidades mais comuns são a inflação da área de terra plantada e a falsificação de documentos, escreve o diário.
Entre 2007 e 2013, a Polónia recebeu 35 mil milhões de euros do orçamento da Política Agrícola Comum (PAC) da UE. Segundo o Rzeczpospolita,
apesar dos números estarem a subir, a Polónia não está entre os piores infratores no que diz respeito a enganar a UE. A situação observada em Itália, na Roménia e na Bulgária é muito pior.

Roménia: Mina de Roşia Montana, em breve um problema europeu?

“Vários eurodeputados húngaros e romenos, entre os quais o ex-vice-presidente da assembleia
Laszlo Tökes, pediram à Comissão Europeia” que se oponha ao início da exploração da mina de ouro e prata de Roşia Montana, escreve oAdevărul.
Numa carta enviada ao comissário europeu para o Ambiente, Janez Potočnik, os eurodeputados pedem-lhe que intervenha “com firmeza” contra as tecnologias à base de cianeto usadas para a extração de metais preciosos. Em 2010, lembra o jornal, o Parlamento já tinha pedido à Comissão para proibir a utilização de cianeto nas minas.
A 2 de setembro, a Hungria escreveu à Roménia e à Comissão Europeia, opondo-se à reabertura de Roşia Montana, porque teme uma nova catástrofe ecológica nas suas fronteiras: em 2000, em Baia Mare,derramaram-se 100 mil toneladas de cianeto nos rios Somes e Tisza, provocando uma catástrofe ecológica que atingiu igualmente a Hungria.