quarta-feira, 30 de setembro de 2009

TAP


Tenho o maior respeito pelas greves e pelo direito de cada um poder fazê-las, quando muito bem entende e pelas razões que acha oportunas.
Gosto, no entanto, de perceber a racionalidade das reivindicações e, devo confessar, isso para mim não foi nada evidente na recente paralização dos pilotos da TAP. Agravar o défice de uma companhia aérea, que está num difícil processo de recuperação, parece-me uma atitude masoquista e quase suicidária.
Mas devo ser eu que estou a ver mal as coisas. Eu e a totalidade dos funcionários da companhia com quem falei numa deslocação a Lisboa no último fim de semana.

Các sự kiện hữu nghị và ngoại giao nhân dân

 Mark Kent

Tuần trước đã diễn ra một số sự kiện thú vị. Đầu tiên là buổi Liên hoan Giai điệu Hữu nghị Việt-Anh do Hội Hữu nghị Việt-Anh Thành phố Hà Nội tổ chức vào ngày 19-9 với các màn múa hát, hầu hết là rất hiện đại, và một vài màn trình diễn rất ấn tượng của các em bé.

Vào 27-9, Hiệp hội Doanh nghiệp Anh tại Việt Nam (BBGV) đã tổ chức cuộc chạy bộ từ thiện lần thứ 10 tại Thành phố Hồ Chí Minh. Tôi xin chúc mừng cô Jakki Lydall cùng những người đã giúp cô tổ chức thành công sự kiện nổi tiếng này. Tôi biết có hơn 6.000 người tham gia. Con số này dường như còn cao hơn năm ngoái. Bạn có thể xem ảnh bên (nguồn Vnexpress), hoặc ghé thăm trang web của Hiệp hội Doanh nghiệp Anh tại Việt Nam, hoặc bạn cũng có thể trở thành "fan" Facebook của họ. Hiệp hội Doanh nghiệp Anh tại Việt Nam cũng phối hợp với Hội Hữu nghị Việt-Anh tổ chức lễ kỷ niệm 36 năm thiết lập quan hệ hữu nghị Anh-Việt.

Chúng tôi cũng tổ chức một buổi giao lưu cho Cộng đồng người Anh tại Trung tâm Nấu ăn Hà Nội vào ngày 24-9 vừa qua. Tôi xin có vài lời với những công dân Anh đang đọc bài viết này. Xin quý vị hãy đăng nhập vào hệ thống LOCATE của chúng tôi bởi việc này sẽ giúp chúng tôi dễ dàng liên hệ với quý vị trong trường hợp khẩn cấp hoặc mời quý vị tham dự các sự kiện chung của cộng đồng.

Ngoài ra, tôi đã dành một vài ngày ở Bangkok để gặp gỡ các công ty Anh có quan tâm tới việc kinh doanh tại Việt Nam và kiểm tra hoạt động của hệ thống cấp thị thực đi Anh cho người Việt Nam của chúng tôi tại Bangkok. Hè vừa rồi đã có một vài vấn đề kỹ thuật xảy ra khiến quá trình cấp thị thực không phải lúc nào cũng nhanh chóng và hiệu quả như chúng tôi mong muốn. Nhưng tôi hoàn toàn tin tưởng rằng vấn đề này đã đuợc giải quyết và dịch vụ cấp thị thực của chúng tôi đã được nâng cấp. Quý vị có thể ghé thăm trang web của chúng tôi và đọc kỹ quy định nộp hồ sơ xin cấp thị thực. Xin hãy liên lạc với chúng tôi (email: behanoi@hn.vnn.vn) nếu quý vị gặp bất kỳ khó khăn nào.

Về mặt giáo dục, chúng tôi đã đạt được nhiều tiển triển trong quan hệ hợp tác với Bộ Lao động-Thương binh và Xã hội trong lĩnh vực đào tạo dạy nghề. Tôi đã vinh dự được gặp lại Bộ trưởng Nguyễn Thị Kim Ngân để đánh giá lĩnh vực hợp tác này và thảo luận về những vấn đề khác. Vào ngày 24-9, trường Đại học Central Lancashire của Anh đã mở một văn phòng hợp tác với Đại học Hà Nội. Trang thiết bị của văn phòng rất hiện đại và ấn tượng. Ngoài ra, ông Robin Rickard đã tổ chức một bữa tiệc chính thức ra mắt các đồng nghiệp và đối tác với tư cách là Giám đốc Hội đồng Anh ở Việt Nam. Ông sẽ có rất nhiều việc phải làm trong lĩnh vực giáo dục. Đây cũng chính là một trong những ưu tiên chung trong quan hệ Anh-Việt. Tôi xin chúc Robin luôn may mắn!

*Xem nguyên văn bài bằng tiếng Anh
Click here
for English text of blog

Chiado


A disparidade dos padrões culturais tem consequências curiosas, embora nem sempre cómodas.
Precisamente há uma semana, no Chiado, decidi engraxar os sapatos. Era uma bela tarde e, aí durante dez minutos, lá estive a ler o jornal, num engraxador que costuma parar em frente à Bénard. Na altura, lembrei-me - juro! - do poema do O'Neill: "O senhor engenheiro hoje não engraxa? Engraxo na Baixa".
A meio da função, levantei os olhos e reparei que um grupo de turistas estrangeiros fotografava a cena, de vários ângulos, com uma curiosidade quase antropológica. Senti-me uma espécie rara. Quem sabe se, entretanto, não apareci já nalguma publicação nórdica, a ilustrar o tipicismo da vida lisboeta.
Já agora, espero que algum dos fotógrafos tenha tomado um ângulo mais alargado e fixado o nome da casa comercial ao lado da qual estávamos: "Paris em Lisboa"...

Irlanda

Francisco Seixas da Costa O meu próximo 5 de Outubro inicia-se com um pequeno-almoço de debate sobre os resultados do referendo irlandês, para o qual fui gentilmente convidado pelo actual Secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês, também com a presença de um seu antecessor e meu antigo contraparte, Pierre Moscovici. Devo dizer, aqui entre nós, que considero uma verdadeira tragédia civilizacional o facto desta prática americana dos pequenos-almoços de trabalho ter já "pegado" por aqui. Mas, enfim...
Se lhes contar que, ao final da tarde desse dia, terei ainda, na Embaixada da Suécia, uma mesa-redonda sobre os desafios da Presidência sueca da União Europeia, já perceberão melhor o glorioso destino do meu feriado republicano. O que nós fazemos pela Europa!
Deixo-lhes na foto a imaginativa bandeira do convite para o debate matinal, uma espécie de "wishful thinking" pelo sucesso do Tratado de Lisboa.

Praxes


Acabam de ser anunciadas novas medidas de natureza coerciva para pôr termo às mais degradantes formas de praxe académica - esse modo primário de "integração" que tem vindo a converter-se, progressivamente, num processo cada vez mais violento de humilhação intergeracional.
Aquilo a que a sociedade portuguesa tem vindo a assistir, nas últimas décadas, é à transformação do que era uma prática de conteúdo lúdico, mais ou menos divertido e consentido, num ritual de violência gratuita, muito potenciado pela anormalidade alcoolizada dos seus executores, com requintes de sadismo que chegam a levar a violações, agressões e até a mortes.
Um incompreensível imobilismo colectivo deixa quase sempre impunes os executores dessas práticas, absolvidos por um manto de alegada tradição que mais não é do que um alibi para a discricionariedade e o arbítrio. Veremos se, finalmente, algumas regras de natureza oficial conseguem abrir caminho para obrigar os dirigentes das escolas - os principais responsáveis e os únicos a terem condições de proximidade para poderem actuar - a serem mais rigorosos, menos permissivos e, essencialmente, menos cobardes.

Juiz impedido de ver documentos do caso dos submarinos (???)

Não entendo nada de leis e, por isso pensava que numa investigação os investigadores tinham acesso a toda a informação relevante para o assunto, e que seria o Juiz a decidir, o que!

Afinal parece que não é assim. Os será que por esta desobediência os elementos do escritório não deveriam ser imediatamente detidos por obstrução à justiça?

Sigilo profissional. Foi este o argumento invocado pelo escritório Sérvulo & Associados, cujo sócio principal é Sérvulo Correia, para impedir que o juiz de instrução que ontem acompanhou as buscas ao escritório do advogado tivesse acesso a toda a documentação apreendida, relativa ao negócio da compra, em 2004, de dois submarinos pelo Estado português. Por isso mesmo, os documentos foram selados e remetidos ao Tribunal da Relação de Lisboa, que avaliará a possibilidade de os mesmos serem integrados no inquérito.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Operação Furacão com equipa de investigação reforçada

Pode ser que assim, daqui a umas duas gerações, se arquive o caso, por falta de provas, etc...
A equipa do procurador Rosário Teixeira, que lidera a investigação da Operação Furacão, foi reforçada este mês com mais dois magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), avança hoje o Diário Económico.

Frases

"Sócrates, o negociador? Isso seria como pedir ao Conde Drácula: 'A partir de agora, só sumos naturais, se faz favor'".
João Miguel Tavares, "Diário de Notícias", 29-09-2009

Sistema Nacional de Saúde mal classificado por organização europeia

Sistema Nacional de Saúde mal classificado por organização europeia de consumidores
Portugal tem um dos piores sistemas de saúde da Europa, concluiu a Health Consumer Powerhouse (HCP), uma organização sueca que desde 2005 constrói um índice a partir da avaliação da informação fornecida aos doentes, das taxas de mortalidade e de uma série de outros indicadores. A organização diz que o seu objectivo é "tentar medir e avaliar o desempenho dos sistemas de saúde do ponto de vista do consumidor".

Frases

A diferença entre Portugal e a República Checa é que esta tem o governo em Praga e Portugal tem a praga no governo.

Europa veste a camisola "Libertem Polanski"

Um crime com 32 anos e muitas histórias judiciais e pessoais mal contadas cruzam-se numa quase luta diplomática entre o Velho e o Novo Mundo. O realizador de O Pianista e A Semente do Mal foi preso no sábado e arrisca a extradição para os EUA, de onde fugiu em 1978 depois de ter mantido relações sexuais com uma menina de 13 anos. Ela perdoou-o. E nós?
A história tem os contornos de qualquer detenção de uma celebridade particularmente amada e detestada, sobretudo quando envolve um crime sexual com menores. Tal como aconteceu com Winona Ryder ou Michael Jackson, do embate de Polanski com a justiça já resultou um ícone do consumismo na cultura pop. É verdade, elas aí estão - as t-shirts "Free Roman Polanski" já emergiram na Internet e estão à venda por preços entre os 10 e os 22 dólares. É o preço a pagar por uma história com 30 anos de sexo, mentiras e vídeo.
Há já muitos dispostos a vestir a camisola da causa "Libertem Polanski". Amigos, admiradores, artistas, nomes de todo o mundo estão a mobilizar-se. Barbet Schroeder, Costa-Gavras, Wong Kar-wai, Fanny Ardant, Ettore Scola, Giuseppe Tornatore e Monica Bellucci são alguns dos cerca de 70 signatários célebres da petição que exige a libertação imediata de Polanski e que contestam a "armadilha policial" que o apanhou.
Roman Polanski foi detido no sábado à noite em Zurique, onde vai ser homenageado com um prémio de carreira no festival de cinema da cidade. Já passou três noites na prisão por um crime cometido e admitido há 32 anos. E cuja vítima abdicou da queixa. Polanski teve relações sexuais com uma menina de 13 anos em 1977. O crime é público, pelo que a acusação e o mandado de captura se mantêm. A Suíça tem acordo de extradição com os EUA e desta vez sabia onde encontrar Polanski.
O realizador de Chinatown e O Pianista (que lhe valeu um Óscar, recebido em 2003 por Harrison Ford pela impossibilidade de Polanski viajar até aos EUA devido ao mandado de captura) agradece a todos os que têm manifestado o seu apoio após a sua detenção. E, segundo o seu agente Jeff Berg, mantém o ânimo. "A voz dele é forte... está muito ansioso para resolver isto e ir para casa", disse Berg à BBC Radio 4.
Ontem, os advogados do realizador de 76 anos rejeitaram o pedido de extradição para os EUA. "Tendo em conta as circunstâncias extravagantes da sua detenção, o seu advogado suíço solicitará que ele seja posto em liberdade sem demora", disse ontem o advogado Hervé Temime em comunicado, citado pela AFP. "A sua defesa sustentará a ilegalidade do pedido de extradição de que ele é alvo." Em causa estará a possível prescrição do caso, defendem os advogados do realizador.
Europa vs EUA
Vários países europeus saíram já em defesa de Polanski e ao ataque não só dos EUA, mas também da Suíça. A organização do Festival de Zurique está estupefacta com a detenção do realizador, presença habitual na Suíça - onde, aliás, tem uma casa, em Gstaad, na qual passou o Verão. A Associação Suíça de Realizadores critica "o escândalo jurídico que danificará a reputação" do país da neutralidade, do sigilo bancário, das estâncias de esqui e dos chocolates.
A imprensa suíça reflectia ontem o que dizia ser o mal-estar causado no país pela emboscada ao realizador de O Quê? "Vergonha", "desgaste na imagem", afronta à Polónia e à França (países que partilham a filiação de Polanski), "choque aos cinéfilos e aos amigos das artes", "ridículo", lê-se nos editoriais.
E as críticas continuam, ao mais alto nível: "Abominável", categorizou o ministro francês da Cultura, Frédéric Mitterrand; "chocante", lamentou a directora-geral da UNESCO, a búlgara Irina Bokova. Entretanto, o chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, e o seu homólogo polaco, Radoslaw Sikorski, escreveram à secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, pedindo a libertação do cineasta. A justiça americana dispõe de 40 dias para pedir oficialmente a extradição, com um prazo extra de 20 dias. E Polanski pode recorrer em qualquer fase do processo.
Regresso a 77
Mas voltemos a 1977. No dia 10 de Março, uma jovem de 13 anos, Samantha Gailey (hoje de apelido Geimer, mãe de três filhos), participava numa sessão fotográfica para a Vogue. Por trás da câmara estava Roman Polanski e o cenário era a casa de Jack Nicholson. A sessão foi autorizada pela mãe de Samantha, que queria ver a filha ser uma estrela. A dada altura, o champanhe e os analgésicos entraram em cena. Polanski argumentaria que o sexo entre os dois teria sido consensual, Samantha nega.
"Eu disse: ‘Não, não! Não quero ir para ali! Não, não quero fazer isto! Não!', e depois não sabia o que fazer. Estávamos sozinhos e eu não sabia o que aconteceria se eu fizesse uma cena. Estava com medo e, depois de resistir um pouco, pensei, bom, a seguir posso ir para casa", disse Geimer numa entrevista, recuperada ontem pelo Times. Dia 15 de Abril começava o processo judicial por violação de menor, apresentado pelos pais de Samantha. Polanski declara-se inocente.
Em Agosto, muda de estratégia e assume o crime de relações sexuais com uma menor, no âmbito de um acordo. O juiz Laurence J. Rittenband condena-o a três meses no hospital-prisão de Chino para ser submetido a "exames mentais" - dá entrada em Chino em Dezembro, de onde é libertado ao fim de 47 dias. No final de Janeiro de 1978, Polanski sabe que Rittenband planeia tentar condená-lo e que incorre numa pena que pode chegar aos 50 anos de prisão. Foge para Paris e nunca mais volta aos EUA. Há dez anos, pôs fim ao processo cível interposto por Geimer pagando uma indemnização de 225 mil dólares.
De novo em 2009, a detenção de Polanski foi cuidadosamente planeada pela comarca judicial de Los Angeles, que na semana passada reenviou às autoridades suíças um mandado de detenção depois de ter sabido que o realizador estaria no festival. "Sempre que sabemos que o sr. Polanski planeia estar num país que tem acordo de extradição com os EUA, enviamos o mandado de detenção através dos canais diplomáticos", disse Sandi Gibbons, porta-voz do Gabinete do Ministério Público (MP) de Los Angeles, ao New York Times.
O jogo do gato e do rato nunca parou, mantêm as autoridades judiciais americanas. Não é verdade, dizem os advogados americanos de Polanski, Chad Hummel e Douglas Dalton, tendo como base garantias de delegados do MP de Los Angeles.
A ministra suíça da Justiça, Eveline Wildmer-Schlumpf, disse que "não havia outra solução" a não ser deter Polanski, algo que não aconteceu antes porque as suas idas e vindas não eram conhecidas de antemão. A explicação não convence as diplomacias francesa e polaca: "Não acusamos a justiça internacional, mas sim a forma como ela foi utilizada", explicou Kouchner à rádio France Inter. "Tudo isto é muito feio", classifica Kouchner. "Um homem de tal talento, reconhecido no mundo inteiro, reconhecido sobretudo no país que o prende", suspira o ministro.
Tanto as declarações contraditórias no campo judicial quanto o apoio fervoroso da Europa em torno de um dos seus realizadores de culto são mais um adágio - no mesmo tom - de uma sinfonia ácida de 32 anos. Na Europa, Polanski é reverenciado e visto como uma espécie de vítima de uma justiça americana fanática; nos EUA, é o viúvo de Sharon Tate, cujo brutal assassinato às mãos da seita de Charles Manson, grávida de oito meses, nunca descolou da imagem do cineasta e que, oito anos depois desta tragédia, violou uma menina de 13 anos.
Polanski: Wanted and Desired, um documentário produzido pela HBO em 2008, apenas tornaria essa divisão mais visível e, ao mesmo tempo, daria força a uma tese que até aí tinha ficado na penumbra: Geimer perdoou Polanski, não o considera uma ameaça pública e junta-se ao coro de críticos da forma como o Tribunal de Los Angeles geriu (mal) o processo.
A figura em xeque é o juiz Laurence J. Rittenband, propenso a casos envolvendo celebridades e sensível ao que chamava a "pressão do público", e que o próprio delegado do Ministério Público da época, Roger Gunson, considera ter agido de forma duvidosa. Mais, o documentário revela que, em 1997, o juiz de Los Angeles Paul Fidler tinha informado Polanski de que ele poderia voltar ao país sem ser preso, mas que a sua audiência em tribunal teria de ser transmitida pela televisão. Polanski recusou.
Depois disto, os advogados de Polanski tentaram pedir a anulação das acusações que pendem sobre o realizador. Mas quiseram que esse pedido fosse julgado fora daquela comarca por acreditarem que o Ministério Público de Los Angeles é tendencioso e que quereria fazer do caso Polanski um exemplo. O pedido foi indeferido em Fevereiro deste ano, tendo o juiz sublinhado que Polanski continua a ser um fugitivo - mas tendo também admitido que houve uma "substancial má conduta" no processo judicial original. A defesa recorreu.
Hoje, Geimer acusa o Ministério Público de Los Angeles de recuperar os detalhes mais "chocantes" da história para afastar essa outra história: a da perversão do próprio sistema judicial de Los Angeles. "Por mais que sejam verdadeiros, a publicação continuada desses detalhes prejudica-me", diz Geimer.
Em suma, o caso divide opiniões e vestir uma camisola de apoio a este movimento é um acto que pede apurada reflexão. Winona Ryder, de facto, roubou numa loja. As acusações contra Michael Jackson nunca foram provadas. Roman Polanski admitiu o seu crime e a sua vítima diz já tê-lo perdoado. Mais do que um jogo da apanhada judicial ou de marketing pop, a detenção do realizador confronta-nos com a questão: até onde estamos dispostos a levar o perdão, mesmo quando envolve um cineasta cujo trabalho fala mesmo por si, com a crueza, o humor e a exploração dos seus fantasmas patente em (quase) todas as suas obras?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

TAP: Pilotos têm salário médio de 8.600 euros

Já não somos só nós que chamamos a atenção para este assunto.

O aumento de 9% pedido pelos pilotos custaria à TAP mais de 11,5 milhões de euros. A TAP conta nos seus quadros com 800 pilotos que ganham um salário médio bruto na ordem dos 8.600 euros, que subiria em mais mil euros face ao aumento de nove por cento exigido pelo Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC). "Os 800 pilotos da TAP têm um salário médio bruto de 8.600 euros mensais e o aumento de nove por cento exigido pelo SPAC faria subir esse valor para os 9.600 euros. Mais mil euros por mês para cada um, vezes os 14 meses de vencimento, num custo total anual para a TAP de mais 11,5 milhões de euros", revelou hoje à agência Lusa fonte oficial da transportadora aérea. Em Portugal existem mais de 2 mil pilotos comerciais de linha aérea, uma profissão que exige formação, foge à rotina e é bem remunerada, mas à qual também estão associados riscos. Saúde, vida pessoal e familiar podem ser afectadas. Considerado uma das regalias das profissões, o salário de um piloto acabado de formar começa nos "1.000 euros por mês, mas ao fim de uma carreira longa, um piloto que, por exemplo, assume funções de instrução na Airbus pode receber 15 mil euros por mês", disse à agência Lusa João Moutinho, professor do Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC). As outras regalias da profissão passam, segundo João Moutinho, pelo "acesso ao conhecimento, a viagens e a cultura. Não é um trabalho sedentário, rotineiro, há oportunidade de lidar com um universo de pessoas muito díspar, o que pode ser encarado como uma vantagem".
Mas também há riscos: "Há um risco de integridade física que tem de se assumir e que é permanente e há também o risco de volatilidade da profissão", disse o coordenador da formação aeronáutica do ISEC. Francisco Toscano, secretário-geral da Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), explicou à Lusa que existem três níveis de formação civil: piloto particular de aeronaves (PPA), piloto comercial de aeronaves (PCA) e piloto de linha aérea (PLA).
Nestes três níveis, que são iguais para os pilotos de aviões e de helicópteros, existem dois escalões: oficial piloto e comandante.
Ter o 12.º ano de escolaridade e "passar os testes médicos e psicotécnicos específicos", são, segundo Francisco Toscano, os requisitos mínimos para se poder ser piloto de linha aérea. Cumpridos estes requisitos, é necessário frequentar uma escola certificada. Os mais de 2.000 pilotos comerciais de linha aérea que, segundo a APPLA, existem em Portugal, correm também alguns risco de "manutenção de integridade familiar", uma vez que trabalham por turnos e estão sujeitos a constantes mudanças do fuso horário.

TAP Pilotos têm salário médio de 8.600 euros - Expresso.pt

Retrato de uma morte política

A crónica podia também chamar-se vitória de Pirro, pois a questão que o líder do PS tem pela frente é simples: ou (e nada o indica) tem uma vitória folgada ou sofre um destino de agonia política. Há um quadro famoso do francês Jacques-Louis David, pintado em 1787, que retrata a morte de Sócrates, o filósofo. No quadro, aquele que é considerado o pai da filosofia ocidental, depois de condenado à morte por razões essencialmente políticas (relacionadas com a derrota de Atenas face a Esparta), discursa convictamente perante os seus discípulos desanimados. Um deles, que lhe entrega a cicuta (o veneno que, de acordo com a lei, o matará), leva uma mão à cara como se não pudesse crer no destino do seu mestre. Sócrates morre convicto das suas ideias, mas desprezado pelos seus concidadãos. Digamos que a transposição para a actualidade tem pouco a ver. Há a convicção de Sócrates, a sua teimosia, existem os discípulos descrentes do seu destino, mas evidentemente não há cicuta nem a condenação. Mas há uma pergunta: como perdeu o líder do PS tanto apoio em quatro anos? Como chegou a este ponto, de ser o único primeiro-ministro eleito, em Portugal, a ter em dúvida a sua reeleição? Haverá várias explicações, entre as quais a do seu adversário há quatro anos ter sido Santana Lopes, o que lhe deu muitos votos de mera oportunidade; há as medidas do Governo que provocaram descontentamento; há lacunas de comunicação; há erros políticos, mas há, sobretudo, um exercício do poder que não foi de molde a criar qualquer empatia e um passado, entretanto posto a descoberto, que levanta muitas dúvidas sobre a probidade de alguns dos seus actos. Sócrates tomou todas as críticas e ataques políticos, incluindo os justos e injustos, como afrontas pessoais. Zangou-se, irritou-se, tornou-se irascível e - enquanto pensou que teria facilmente a maioria absoluta outra vez - pesporrente, arrogante, olímpico. Agora, e apesar de ter perante ele uma líder do PSD cuja imagem de seriedade não esconde a desadaptação ao tempo que vivemos - demasiado conservadora nos costumes, demasiado convencional e tradicional para agradar a eleitorados jovens - vê-se aflito para construir uma alternativa. Se recuássemos seis meses, veríamos o seu destino actual como o do filósofo: inacreditável. Claro que o líder do PS não tem tudo perdido. Mas se não tiver uma vitória distanciada do PSD (com mais de meia dúzia de pontos de diferença) terá muitas dificuldades em governar com partidos e líderes com quem levou tão a peito tantas divergências. Será, para citar Guterres na hora da sua demissão, um "pântano", um compasso de espera. Quando o PS voltar às grandes vitórias, por muito que ele fique na sua história, já não será com José Sócrates à frente.

Henrique Monteiro (www.expresso.pt)

UE processa Portugal por défice excessivo.

 As noticias que chegam tarde!

A Comissão Europeia irá abrir em Novembro um procedimento de "défice excessivo" contra Portugal, uma situação em que se encontram mais de metade dos Estados-membros da União Europeia, que viram as suas contas públicas derrapar com a crise. Bruxelas irá fazer uma série de recomendações, colocar Lisboa sob "vigilância orçamental" e avançar com um calendário para sair da situação de desequilíbrio das contas superior a 3% do PIB (défice excessivo), seguindo as regras que estão estipuladas no Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia. O período que será dado para corrigir o "défice excessivo" português será negociado com as autoridades nacionais. Os prazos já aplicados a outros Estados-membros variam entre 2010, para a Grécia, e 2013/14 para a Irlanda e Reino Unido. Em Novembro adoptaremos propostas de correcção do défice para os oito países da zona euro que, segundo as previsões, vão violar o défice este ano", declarou no início de Junho o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, Joaquin Almunia. Ao todo, catorze dos 27 países da União Europeia, incluindo Portugal, vão em 2009 exceder o limite autorizado por Bruxelas para o défice. Todos os Estados-membros comunicam (reportam) à Comissão Europeia e ao Eurostat (Abril e Outubro) o estado das suas contas públicas (últimos números do ano anterior e previsão para o corrente ano). Em ano de crise económica, praticamente todos os países no espaço UE esperam apresentar défices orçamentais, à excepção da Bulgária, que conta com um excedente das suas contas públicas em 1,5% do PIB (ao nível do reportado no ano anterior). O governo português já avisou que o seu défice deverá chegar este ano aos 5,9% do PIB, agravando-se assim o valor face aos 2,6% estimados pelo Executivo de José Sócrates para 2008. Os países que esperam os maiores saldos negativos são, no entanto, o Reino Unido e a Irlanda, com os governos a esperarem défices de 12,6 e 10,7% do PIB, respectivamente, depois de ambos terem, em 2008, reportado uma estimativa de 7,1% do PIB. Acima dos 3% ficam ainda os défices da Letónia (8,5%), Espanha (5,8%), França (5,6%), Roménia (5,1%, Polónia (4,6%), República Checa (3,9%), Grécia, Itália e Eslovénia (3,7%), Bélgica (3,4%) e Holanda (3,3%).  De acordo com os dados reportados em Abril pelos vários governos ao Eurostat, em 2008 já quebraram a regra dos três por cento o Reino Unido e a Irlanda, ambos com 7,1%, a Roménia (5,4%), a Grécia (5%), Malta (4,7%), a Letónia (4%), a Polónia (3,9%), a Espanha (3,8%), a Hungria e a França (3,4%) e a Lituânia (3,2%). O executivo comunitário já iniciou em Fevereiro passado procedimentos por défice excessivo contra seis Estados-membros da União Europeia: Espanha, França, Grécia, Irlanda, Malta e Letónia que tiveram em 2008 um défice orçamental superior ao valor de referência permitido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento.

Expresso.pt

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ainda os pilotos da TAP.

Uma greve talvez amis politica, que laboral! O problema dos pilotos foi terem começado a serem pagos a peso de ouro em vez de começarem por exemplo, com o salário minimo ou algo similar. Depois e ao longo dos anos terem acrescimos sucessivos - como acontece nas outras profissões- até chegarem perto dos (actualmente) cerca de 8.000€. Assim, seria uma verdadeira razoavel ascenção na carreira, mas não é isso os pilotos querem.
Sugestão para o Sr. Fernando Pinto:
- se os pilotos actuais não querem trabalhar nessas condições, o Sr. não terá hipotese de abrir os quadros, a pilotos nacionais ou estrangeiros? e rescindir os contratos aos que estão contra o TAP e contra o país?
Penso que assim se acabaria com esta palhaçada de uns, que se consideram acima dos restantes trabalhadores portugueses, e com as suas atitudes só prejudicam a empresa e o país.
"Mário Lino critica greve dos pilotos da TAP dois dias antes das eleições"

Extremadura constituye una "eurorregión" hispano-lusa

Portugal y España han firmado la constitución de la segunda eurorregión entre ambos países que, en este caso, abarcará las regiones de Alentejo y Centro y la comunidad autónoma de Extremadura. La nueva eurorregión (EUROACE), de 3,3 millones de habitantes, tiene como objetivo fomentar la cooperación ... presidente de la EUROACE se ejercerá por periodos de dos años, que alternará el titular de la Junta extremeña sucesivamente con los presidentes de las dos regiones portuguesas. La primera eurorregión de la península Ibérica se constituyó en septiembre del año pasado entre Galicia y Norte de Portugal ...  Lisboa, 21-09-2009

Portugal y España.

TRIBUNA: LUÍS FELIPE DE MENEZES LOPES

Entrevista ao jornal espanhol – El País

Fui educado bajo la égida de un nacionalismo trasnochado y rural, que quiso hacernos creer que éramos todavía uno de los imperios más poderosos del mundo. Y por si fuera poco, además, un imperio irreprensiblemente ético y justo.

Pese a todo, la valoración crítica que retroactivamente hago de ese período del salazarismo no ciega mi mente hasta el extremo de renegar de nuestros héroes y de nuestra magnífica historia. Me considero un patriota, un nacionalista moderno. Me sigue emocionando leer la epopeya de Magallanes, las gestas de Afonso de Albuquerque o la osadía mística de Frei Nuno de Santa Maria.

Soy también un europeísta convencido, por más que deteste a los burócratas cenicientos de Bruselas, ¡y sobre todo su odio por el queso serrano, los embutidos y los lechones de la Bairrada! Creo en la Europa de las naciones, en la que un federalismo pragmático sólo debe prevalecer en lo que atañe a las grandes políticas de Estado: defensa, seguridad y relaciones exteriores.

La campaña electoral en curso, la más intelectualmente mediocre de la historia de la democracia portuguesa, se está extraviando en pormenores acerca de quién tiene o no capacidad para presentar propuestas concretas con poder de movilización.

Está siendo también una campaña en la que nadie ha sido capaz de señalar cuáles son los grandes proyectos que deben condicionar en concreto las propuestas programáticas. Sin proyectos de conjunto, todas las propuestas no dejan de ser una mera adición de ideas inconexas e incomprensibles.

De este modo, dada la creciente polémica sobre la alta velocidad y España, no puedo dejar de tomar posición pública sobre un asunto que fue una de las principales banderas de mi reciente liderazgo en el mayor partido de la oposición.

Crítico ante el iberismo capitulador que desde 1383/85 ha tentado en tantas ocasiones a las élites portuguesas, soy, pese a todo, de los que defienden con mucha convicción que España es el principal objetivo y desafío del Portugal de las próximas décadas.

Somos un país pequeño en el contexto de la Unión Europea, y de los pequeños, el más excéntrico; de los pequeños, el único con frontera con un gigante imperial, a más de 2.000 kilómetros del centro de Europa, cada vez más desplazado hacia el este. En el pasado interpretamos con inteligencia estos condicionamientos y supimos hallar durante 800 años soluciones que preservaron, al menos, la defensa de nuestra independencia e identidad de forma perenne.

Lo hicimos volviéndonos ha

-cia el mar y hacia los grandes viajes de los siglos XV y XVI, mediante la elección de aliados estratégicos de confianza -Inglaterra, señaladamente- cada vez que las amenazas continentales se hacían más vehementes, u optando por una neutralidad evasiva cada vez que una opción más clara podía situarnos bajo el fuego devastador de los grandes conflictos internacionales.

Pero entretanto había algo de lo que tales condicionamientos difícilmente podían permitirnos escapar: el empobrecimiento progresivo. A causa de nuestras pequeñas dimensiones, acentuadas por esa condición excéntrica, a causa de nuestra escasa densidad demográfica, a causa de nuestra pobreza en riquezas naturales y materias primas y, por último, a causa de nuestra dejadez en la formación y cualificación de nuestros ciudadanos, particularmente acentuado en los 50 años de dictadura.

No es de extrañar que, por todo ello, la economía portuguesa se haya caracterizado únicamente, a partir de la revolución industrial, por pequeños estertores expansionistas: en el momento de la adhesión a la AELC y, en la década de los ochenta, con la adhesión a la Comunidad Económica Europea. Estertores pasajeros, porque los problemas estructurales nunca consiguieron ser superados.

El principal problema, síntesis de muchos de los anteriores, ha sido siempre las escasas dimensiones de un mercado interior diminuto y cerrado. De tal manera que no sorprende que no hayamos pasado nunca de ser un país de pequeñas y medianas empresas y que el sector exportador sea el resultado, casi se diría que exclusivamente, de la sufrida supervivencia de sectores industriales de mano de obra intensiva, circunstancialmente beneficiados por la existencia de una mano de obra poco cualificada pero muy barata.

La progresiva apertura de las fronteras en Europa y en el mundo, y la entrada en el club de la moneda única fueron la gota que colmó el vaso. La innovación, la progresiva mejora del sistema educativo y el genio emprendedor de algunos tropezaban ante la incontrovertible falta de masa crítica con suficiente dimensión para dotar de competitividad a las empresas.

Pues bien, es ahí donde España era, y es, nuestra solución.

El gran mercado interior europeo es un "horizonte" demasiado distante. Lo que da cuerpo y confiere solidez a una economía es, en primer lugar, la pujanza de un mercado interior de proximidad. Sólo después de esa maduración, tan saludable para las pequeñas y medianas empresas, pero que consigue también que muchas se vuelvan mayores y hasta gigantes, puede despegarse de forma sólida hacia el estatuto de potencia exportadora.

España nos ofrece ese mercado de proximidad. ¡La península Ibérica supone un gran mercado con más de 52 millones de consumidores! Es la primera vez que tenemos una oportunidad así en 200 años. Debemos ser conscientes de ella y aprovecharla.

De esta forma, un programa electoral inteligente debería incorporar soluciones y propuestas que nos situaran en condiciones de vencer en esta pacífica batalla peninsular.

La modernización de todos los grandes puertos de la costa atlántica, su enlace inmediato -por carretera y ferrocarril- con ese espacio central ibérico, el desarrollo competitivo de un interior que está tres horas más cercano a esos 42 millones de consumidores adicionales, la armonización fiscal ibérica alcanzable en un período razonable, la introducción, en régimen de reciprocidad, del castellano y del portugués como idiomas de enseñanza obligatoria en Portugal y en las regiones fronterizas de España, se cuentan entre algunas de las medidas impostergables que deberíamos afrontar.

También la conexión mediante la alta velocidad ferroviaria de pasajeros y mercancías entre Portugal y España es ineludible a partir del momento en el que España impuso en todo su territorio tal opción. Lisboa y Oporto no pueden quedar fuera de una carrera de calificación en la que ya están incluidas Sevilla, Valencia, Barcelona, San Sebastián... ¡y Vigo!

La Aljubarrota de hoy no se vence con lanzas ni con "alas de los enamorados", ni mucho menos con ningún tipo de aislacionismo. Se ganará compitiendo con confianza, agresividad y con una estrategia concertada.

Considero que, a pesar de su posición sobre la alta velocidad, el PSD es el partido mejor situado para liderar una trayectoria de esa clase. Al PS, durante cuatro años y medio, se le ha llenado la boca con España, pero lo cierto es que no ha hecho nada para armonizar nuestro desarrollo con el de nuestro vecino. La alta velocidad no es más que un detalle de una visión de fondo global y coherente. Un detalle que puede y que debe ser corregido. Con todo, el PSD es lo suficientemente abierto y democrático para que muchos que piensan igual que yo puedan defender y llevar al triunfo esa visión nuestra del interés nacional.

Luís Filipe de Menezes Lopes es médico pediatra y político portugués.Traducción de Carlos Gumpert.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rios

 Francisco Seixas da Costa O tema do Festival de Loire, de que Portugal é este ano convidado de honra, foi a comparação de culturas de regiões com rios. Ontem, em Orléans, o rio Loire aproximou-se do Douro, da ria da Aveiro e do Tejo. Algo insólito foi ver o Loire percorrido por barcos rabelos, por moliceiros e por canoas lisboetas, com sons do nosso folclore a encherem as ruas da cidade e a Radio Arc-en-Ciel / Rádio Arco-Íris a espalhar horas de boa música portuguesa.
Cada vez mais, as municipalidades francesas, conscientes da crescente importância da comunidade portuguesa e luso-descendente, têm iniciativas que mobilizam a sua ligação a regiões do nosso país, acordando lentamente para uma realidade que, infelizmente, ainda é por aqui muito desconhecida ou tocada de forma caricatural.
Ontem, no jantar português que o "maire" de Orléans nos ofereceu, pude constatar que a esmagadora maioria dos presentes nunca se tinham deslocado a Portugal, embora mantivessem alguma curiosidade por esse país quase vizinho, de onde lhes chega gente séria e trabalhadora, com que se cruzam nas ruas e no trabalho, mas do qual quase só conhecem o vinho do Porto e onde sabem que se canta uma coisa nostálgica que é o fado.
A França está tão perto mas ainda tão longe de Portugal!

Pilotos da TAP, com elevados prémios de jubilação.

É por estas e por outras que os pilotos fazem greve?

Já algum jornalista lhe pediu o recibo de vencimento?

Cada piloto da TAP que se reformou em 2007, quando a idade da reforma era 60 anos, recebeu um prémio de jubilação, uma espécie de plano poupança reforma atribuído pela companhia, com o valor médio de 160 mil euros. O prémio, que é atribuído desde o início da década de 80, custou à TAP, nesse ano, mais de 2,2 milhões de euros. Para fazer face à despesa com este benefício a curto prazo, a empresa já constituiu uma provisão de 2,5 milhões de euros.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vartan


Sylvie Vartan apresentou-se no Olympia. Por um segundo, tive a tentação "anos 60" de ir ver, pela primeira vez, quem então cantava o "La plus belle pour aller danser" e enchia as páginas do "Salut les copains", com o seu badaladérrimo romance com Johnny Halliday. Depois, pensei melhor: deixemos o passado onde ele está.
Esta minha reacção prova que "la nostalgie n'est plus ce qu'elle était", para citar as memórias de Simone Signoret.

Crime Público

Portanto, o Governo está a espiar a Presidência da República! Gravíssimo! Que fazer? Há várias alternativas para um presidente espiado. Denunciar o Governo espião e dar-lhe um ralhete exemplar em público (nunca no "Público") utilizando uma comunicação nacional na TV como o fez com irrepreensível dramatismo e inigualável teatralidade com o estatuto dos Açores. Desta vez, teria de incluir a demissão do Parlamento e a convocação de novas eleições. O caso não seria para menos. Um governo a usar serviços secretos do Estado para espiar outro órgão de soberania exige demissões e eleições. Mas não. O presidente da República, o mais alto magistrado da nação, o comandante em Chefe das Forças Armadas, sabe que está a ser espiado. Tem a certeza disso porque, da sua doutrina passada ficou o axioma de que "raramente se engana e nunca tem dúvidas". Estando a ser espiado qual é a actuação realmente presidencial para este caso? Exigir do procurador-geral da República uma investigação imediata? Convocar o Conselho de Estado (já com a respeitabilidade recuperada desde a saída de Dias Loureiro)? Fazer uma comunicação ao Parlamento como é seu privilégio e, neste caso, obrigação? Nada disso! A Presidência de Cavaco Silva, através da sua Casa Civil, decide encomendar (mandar fazer in: Dicionário Porto Editora) uma reportagem a um jornal de um amigo. Como os jornalistas são por vezes um bocado vagos e de compreensão lenta, a Casa Civil da Presidência da República achou por bem ser específica na encomenda dando um briefing claro a pessoa de confiança no jornal. "Vais falar com fulano e pergunta-lhe por sicrano, vais aqui, vais ali, fazes isto e aquilo e trazes a demasia de volta". O homem ainda tentou cumprir com a incumbência, mas a coisa não tinha pés nem cabeça e parece que lhe disseram isso repetidamente. Por isso, logo, por causa disso, houve mais um ano e meio de fartar espionagem enquanto no Pátio dos Bichos continuavam todos a ouvir vozes Cavaco Silva deve ter tido uma birra monumental com a sua Casa Civil e mandou perguntar ao amigo do jornal: "Sócrates está quase a ser reeleito e essa notícia não sai"? Como o que tem de ser tem muita força, a história lá saiu. Mal-amanhada, mas era o que se podia arranjar. Lá se meteu a Madeira no meio porque, como ninguém gosta do Jardim, gera-se logo um capital de boa vontade. Depois, como tinha pouca substância, puseram na mesma página duas colunas ao lado a dizer que, há uns anos, o procurador-geral da República tinha dito que também estava a ser escutado, e a encomenda ficou mais composta. Que interessa que tudo isto seja bizarramente inverosímil? Nos média, o que parece, é. Cavaco Silva julga que está a ser escutado, portanto, está a ser escutado, tanto mais que o seu recente depoimento presidencial é que "não é ingénuo". Com tudo isto, fica-me uma certeza. O trabalho de reportagem do "Diário de Notícias" é das mais notáveis e consequentes peças jornalísticas na história da Imprensa em Portugal. O e-mail com registos claros da encomenda feita por Fernando Lima não é "correspondência privada" que se deixe passar pudicamente ao lado. É uma infâmia pública de gravidade nacional que exige denúncia. Invocar aqui delações, divulgação de fontes ou violação de correspondência é desonesto. Ao ver o presidente e a Casa Civil metidos nisto fica-me também uma inquietante dúvida. Aníbal Cavaco Silva, referência do PSD, ainda tem condições para continuar a ser o presidente de Portugal depois de causar uma trapalhada desta magnitude a dias das eleições?



Instale o novo Internet Explorer 8 otimizado para o MSN. Download aqui

Moratti: «Mourinho é uma pessoa respeitadora»

Não é só em Portugal que se vê maus arbitros! O Mourinho protestou e tinha toda a razão! A decisão da Liga italiana em castigar José Mourinho por um jogo foi mal recebida no Inter de Milão, com o presidente do clube, Massimo Moratti, a sair em defesa do técnico português, que considera ser uma pessoa respeitadora.
"Não esperávamos a suspensão de Mourinho. Espero que a sua vivacidade não seja confundida com agressividade. Não estive em Cagliari, por isso não posso fazer julgamentos, mas pelo que me disseram, Mourinho não insultou o árbitro. É possível ver a sua agitação, mas ele é uma pessoa respeitadora e nunca o ouvi dizer nada sobre os árbitros. Espero que a sua personalidade extrovertida não seja confundida com uma atitude agressiva", afirmou o responsável "nerazzurro".
Moratti salientou ainda a importância que o treinador português tem para si e para o clube milanês. "Se ele é o nosso escudo? Mais do que ser uma proteção, ele é uma referência importante com quem estamos muito felizes", acrescentou o líder do Inter.
Outro dos assuntos em destaque na última semana foram os insultos racistas de que o jovem avançado Mario Balotelli foi alvo no jogo com o Cagliari e Massimo Moratti não teve dúvidas em afirmar que o encontro não deveria ter continuidado. "Em certos casos, é bom suspender a partida para transmitir um sinal aos adeptos", concluiu


Novo Internet Explorer 8: mais rápido e muito mais seguro. Baixe agora, é grátis!

Conheça os bancos que cobram as comissões mais baixas

Todos os anos os portugueses pagam dezenas de euros em comissões bancárias, entre transferências, requisições de cheques, anuidades de cartão de crédito, comissões de gestão de conta, etc. Ainda assim, os bancos nacionais são das instituições que cobram menos, na Europa.
O Diário Económico fez uma pesquisa sobre quais os bancos com as comissões mais baratas, tendo como base o simulador de contas à ordem da Deco. Foram analisadas as instituições que oferecem as comissões mais vantajosas associadas a alguns serviços, ao longo de um ano, tais como: requisição de 12 cheques, 12 transferências de 250 euros e a anuidade do cartão de crédito 'classic'. Isto para o exemplo de uma conta à ordem com um saldo médio mensal de 1.000 euros.


Novo Internet Explorer 8: mais rápido e muito mais seguro. Baixe agora, é grátis!

Estado gasta seis milhões com europeias e legislativas.

Lei estipula gratuitidade mas prevê ajudas

As televisões e as rádios vão receber cerca de seis milhões de euros, pelos tempos de antena passados nas eleições europeias e legislativas. A compensação é atribuída pelo Ministério da Administração Interna em função das audiências.
Ora, segundo o JN apurou junto de fonte do Ministério da Administração Interna, as compensações são distribuídas em função, sobretudo, das audiências. É por isso que a TVI aparece no topo da lista, com mais de 965 mil euros, seguida da SIC, com cerca de 677 mil euros, e a RTP, com 509 mil euros.
De segunda a sexta-feira, cada operador concede-lhe 15 minutos, aumentando para o dobro ao fim-de-semana. Os valores referentes às últimas eleições europeias revelam ainda que a Rádio Renascença recebeu mais de 333 mil euros, a Rádio Comercial cerca de 147 mil euros e a RDP pouco mais de 118 mil euros.


Novo Internet Explorer 8: mais rápido e muito mais seguro. Baixe agora, é grátis!

Reinvidicações em periodo eleitoral.

É, deveras, impressionante a oportunidade reinvidicativa de alguns sindicatos, aproveitando-se do momento eleitoral.
Também o é um governo que até ia controlando muitas destas situações, e algumas, senão a maioria, bem, deixar descambar, com cedencias apenas para efeitos eleitoralistas.


Conheça os novos produtos Windows Live. Clique aqui!

TVI - A Minha Leitura (José Niza) sobre MANUELA M. GUEDES.

(vale MUITO a pena ler este artigo. O que a imprensa escrita e as TV's não contam)

Fui director de programas da RTP e depois seu administrador. E garanto-vos que, se alguma vez algum apresentador ou jornalista desse uma entrevista a chamar-me "estúpido", a primeira coisa que aconteceria seria o cancelamento imediato do seu programa, independentemente de haver ou não eleições em curso.
Por isso me parece incompreensível que, embora rios de tinta já se tenham escrito sobre o cancelamento do jornal nacional que Manuela Moura Guedes (MMG) apresentava na TVI, todos os analistas e comentadores tenham ignorado a explosiva e provocatória entrevista que MMG deu ao Diário de Notícias dias antes de a administração da TVI lhe ter acabado com o programa.
Em meu entender essa entrevista, realizada com antecedência para ser publicada no dia do regresso de MMG com o seu jornal nacional, foi a gota de água que precipitou a decisão da TVI. É que, o seu conteúdo, de tão explosivo e provocatório que era, começou a ser divulgado dias antes. E se chegou ao meu conhecimento, mais cedo terá chegado à administração da TVI.
Nessa entrevista MMG chama "estúpidos" aos seus superiores. Aliás, as palavras "estúpidos" e "estupidez" aparecem várias vezes sempre que MMG se refere à administração.
É um documento que merece ser analisado, não somente do ângulo jornalístico, mas sobretudo do ponto de vista comportamental. É uma entrevista de uma pessoa claramente perturbada, convicta de que é a maior ("Eu sou a Manuela Moura Guedes"!) e que se sente perseguida por toda a gente. (Em psiquiatria esse tipo de fenómenos são conhecidos por "ideias delirantes", de grandeza ou de perseguição).
MMG diz-se perseguida pela administração da TVI; afirma que os accionistas da PRISA são "ignorantes"; considera-se "um alvo a abater"; acusa José Alberto de Carvalho, José Rodrigues dos Santos e Judite de Sousa de fazerem "fretes ao governo" e de serem "cobardes"; acusa o Sindicato dos Jornalistas de pessoas que "nunca fizeram a ponta de um corno na vida"; diz que o programa da RTP 2, Clube de Jornalistas, é uma "porcaria"; provoca a ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social); arrasa Miguel Sousa Tavares e Pacheco Pereira, etc.
E quando o entrevistador lhe pergunta se um pivô de telejornal não deve ser "imparcial", "equidistante", "ponderado", ela responde: "Então metam lá uma boneca insuflável"!
Como é que a uma pessoa que assim "pensa" e assim se comporta, pode ser dado tempo de antena em qualquer televisão minimamente responsável?
Ao contrário do que alguns pretendem fazer crer - e como sublinhou Mário Soares - esta questão não tem nada a ver com liberdade de imprensa ou com a falta dela. Trata-se, simplesmente, de um acto e de uma imperativa decisão administrativa, e de bom senso democrático.
Como é que alguém, ou algum programa, a coberto da liberdade de imprensa, pode impunemente acusar, sem provas, pessoas inocentes? É que a liberdade de imprensa não é um valor absoluto, tem os seus limites, implica também responsabilidades. E quando se pisa esse risco, está tudo caldeirado. Há, no entanto, uma coisa que falta: uma explicação totalmente clara e convincente por parte da administração da TVI, que ainda não foi dada.
Vale também a pena considerar os posicionamentos político-partidários de MMG e do seu marido.
J. E. Moniz tem, desde Mário Soares, um ódio visceral ao PS. Sei do que falo. MMG foi deputada do CDS na AR.Até aqui, nada de especialmente especial.
O que já não está bem - e é criminoso - é que ambos se sirvam de um telejornal para impunemente acusarem pessoas inocentes, sem quaisquer provas, instilando insinuações e induzindo suspeições.
Ainda mais reles é o miserável aproveitamento partidário que, a começar no PSD e em M. F. Leite, e a acabar em Louçã e no BE, está a ser feito. Estes líderes políticos, tal como Paulo Portas e Jerónimo de Sousa, sabem muito bem, que nem Sócrates nem o governo tiveram qualquer influência no caso TVI. Eles sabem isto. Mas Salazar dizia: "O que parece, é"!
E eles aprenderam.
- 1984. Eu era, então, administrador da RTP. Um dia a minha secretária disse-me que uma das apresentadoras tinha urgência em falar comigo: - "Venho pedir-lhe se me deixa ir para a informação, quero ser jornalista"! Perguntei-lhe se tinha algum curso de jornalismo. Não tinha. Perguntei-lhe se, ao menos, tinha alguma experiência jornalística, num jornal, numa rádio... Não tinha. "O que eu quero é ser jornalista"! Percebi que estava perante uma pessoa tão determinada quanto ignorante. E disse-lhe: "Vá falar com o director de informação; se ele a aceitar, eu passo-lhe a guia de marcha e deixo-a ir". A magricelas conseguiu. Dias depois, na primeira entrevista que fez - no caso, ao presidente do Sporting, João Rocha - a peixeirada foi tão grande que ficou de castigo e sem microfone uma data de tempo.
P.S.
A jovem apresentadora chamava-se Manuela Moura Guedes.
E se eu soubesse o que sei hoje...
Ribatejo - Portugal


Conheça os novos produtos Windows Live. Clique aqui!

A justiça ao Juiz Rui Teixeira, em que uma decisão inédita o castiga...

Que se pode esperar mais da justiça em Portugal?
Quando o conselho Superior da Magistratura faz tabua rasa da propria essencia!
"Natureza e Funções
O Conselho Superior da Magistratura é um órgão constitucional, colegial e autónomo.
O Conselho Superior da Magistratura é o órgão do Estado a quem estão constitucionalmente atribuídas as competências de nomeação, colocação, transferência e promoção dos Juízes dos Tribunais Judiciais e o exercício da acção disciplinar, sendo, simultaneamente, um órgão de salvaguarda institucional dos Juízes e da sua independência.
É um órgão colegial que funciona em Plenário e em Conselho Permanente, sendo as deliberações tomadas à pluralidade dos votos, cabendo ao presidente voto de qualidade. 
O Conselho Superior da Magistratura é dotado desde o dia 1 de Janeiro de 2008 – data da entrada em vigor da Lei n.º 36/2007 de 14 de Agosto - , de autonomia administrativa e financeira, dispondo de orçamento próprio, inscrito nos Encargos Gerais do Estado, do Orçamento do Estado"

Como se pode ver pelas decisões provocadas no ambito do Conselho Superior da Magistratura, em que pelo que se sabe os juizes nomeados pelo Partido Socialista, vetaram a nota de "Muito Bom", ao juiz Rui Teixeira, congelando-a portanto. Compreende-se que este orgão de "soberania", que devia ser isento e não o é, afectou a seriedade e idoneidade do juiz Rui Teixeira. Porque o juiz em causa, com as suas atitudes, no processo Casa Pia (e eventualmente noutras), prejudicou seriamente a reputação de um elemento, do PS, o deputado Paulo Pedroso, arguido no processo Casa Pia.
O deputado Paulo Pedroso conseguiu, depois do afastamento deste juiz, ser absolvido, sem ser julgado!!!
Todos nos recordamos da cena pouco edificante, que o grupo parlamentar do PS, fez, aquando do seu regresso à Assembleia da Republica.  
"Sim. Foi a primeira vez que aconteceu." O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, Ferreira Girão, admitiu ontem que o congelamento da nota de um juiz em função de um processo judicial que se encontra pendente, como aconteceu com Rui Teixeira, é "uma situação inédita".
Uma semana depois de ter sido tornada pública a decisão de suspender a atribuição da nota 'Muito Bom' ao juiz que presidiu ao processo Casa Pia, tomada a 14 de Julho, o Conselho voltou a discutir a questão, suscitada ontem por alguns dos membros durante o plenário.

O CSM, vem agora emitir um comunicado "esclarecedor", vide em CSM comunicado 05/2009, e depois ler o CONTEÚDO RELACIONADO


Novo Internet Explorer 8: mais rápido e muito mais seguro. Baixe agora, é grátis!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Frases

 "Os factos deram-me razão, agora resolvam o imbróglio, chamem o Sherlock Holmes ou um gajo qualquer."

Alberto João Jardim sobre o caso das escutas em Belém. I, 22/09/2009

Conficker: Chegou o vírus informático que ninguém sabe matar

Se ainda não foi atingido pelo vírus que está a ameaçar a Internet então esteja atento. O Conficker deverá infectar cinco milhões de computadores só na Austrália. Saiba como defender-se. Ver no Expresso: conficker-chegou-o-virus-informatico-que-ninguem-sabe-matar

"TGV será o maior fiasco em 50 anos", diz economista

 Álvaro Santos Pereira defendeu que a concretização do projecto português do TGV, no actual contexto económico, vai ser "o maior fiasco financeiro dos últimos 50 anos".

Belmiro e as condições para apoiar Manuela

Está dito e redito: Belmiro de Azevedo é o melhor empresário não-financeiro que surgiu em Portugal depois de 1974. A obra que construiu é notável e o Grupo Sonae é hoje o maior empregador privado do país. Os seus interesses vão da indústria às telecomunicações, passando pelo sector da distribuição, que renovou profundamente. Nesta caminhada, nem tudo lhe correu bem. As suas tentativas de controlar um grande banco nacional falharam sempre, embora se tenha retirado destes negócios com significativas mais-valias. No sector do papel, foi impedido pelo Governo de António Guterres de controlar a Portucel. E falhou aquela que seria a sua maior operação, a compra da Portugal Telecom, através de uma Oferta Pública de Aquisição, já durante o mandato do actual Executivo.

A derrota ficou-lhe sempre atravessada e Belmiro continua a afirmar publicamente que a aquisição da PT pela Sonaecom só não se concretizou porque o Governo não quis, exemplificando com o facto de a CGD ter votado contra a desblindagem dos estatutos da operadora telefónica na decisiva assembleia geral que derrotou a operação. É uma tentativa de reescrever a história, mas não é verdadeira. Na assembleia de 2 de Março de 2007, estiveram representados 67,5% do capital da PT. A abstenção foi de 9,52% do capital presente e 51,5% manifestaram-se contra o decisivo ponto 3 da ordem de trabalhos. Ora, Paulo Azevedo, à altura presidente do ofertante, precisava de mais 15% dos votos que teve para fazer vencer a sua posição - e a Caixa votou contra com pouco mais de 5% do capital. O Estado, que tinha 1,88% do capital, absteve-se. Por outras palavras, mesmo que a totalidade da participação pública votasse a favor da proposta, ainda faltariam à Sonaecom quase 7% do capital para que a proposta fosse validada.

Esta é a realidade e não aquela que o líder da Sonae quer fazer passar. A Sonaecom perdeu a OPA por vários factores. 1) Inabilidade total de Belmiro de Azevedo na conferência do anúncio da OPA, em que disse que venderia a participação da PT na Vivo, no Brasil; 2) a fortíssima resposta da administração da PT, liderada por Henrique Granadeiro, apresentando aos accionistas uma proposta de remuneração mais favorável que o preço por acção que a Sonaecom oferecia; 3) o longuíssimo tempo que a Autoridade da Concorrência levou a decidir sobre o processo, que permitiu uma inflexão da opinião dos analistas e dos accionistas face à proposta da Sonaecom.

Perdida a PT, Belmiro passou agora para outro patamar da sua estratégia, sintetizada em dois pontos: a) criticar o actual Governo, retirando-lhe a sua confiança; b) dar a entender quais são as suas condições para apoiar um eventual futuro executivo do PSD. E essas condições, como já se percebeu, é que o futuro Governo apadrinhe a fusão da Sonaecom com a Zon. O mercado, aliás, já há muito se deu conta do namoro entre as duas organizações e que essa seria uma via para a Sonae resolver um problema que tem em casa - a Optimus, que estacionou como terceiro operador de telemóveis e não parece capaz de sair dessa posição.

O problema é que a Sonae ficou escaldada com o falhanço da OPA sobre a PT e com os muitos milhões de euros que gastou na operação. Por isso, não avançará com nova OPA hostil - até porque, aqui sim, a posição da Caixa, já que os estatutos estão blindados a 10% do capital, é decisiva para o sucesso de uma OPA ou de uma proposta de fusão. Até por isso, Paulo Azevedo, que agora lidera o grupo, tem tentado mudar a imagem da Sonae, afirmando que aceitam participar em projectos mesmo que não tenham a maioria, que não lançarão novas OPA hostis e que não são oposição aos governos. Fica apenas por esclarecer o que é que os consumidores ganham com esta fusão. Mas para quem já defendeu que a fusão da Optimus com a TMN tornava o mercado de telemóveis mais eficiente e competitivo, a resposta não deve ser difícil.

O empresário que o PCP detestava

Nunca percebi a sanha do PCP contra José Manuel de Mello. A CUF, fundada por seu avô, Alfredo da Silva, era, antes de 1974, uma empresa modelar. Dava emprego a milhares de trabalhadores, que beneficiavam de uma importante obra social. Além disso, a CUF foi a melhor escola de formação de trabalhadores e jovens quadros, donde saíram excelentes dirigentes empresariais e mesmo políticos do país. Para completar o quadro, nunca os Mellos, ao longo de várias gerações, que inclui a actual, deixaram de ser criadores de riqueza neste país e nunca a esbanjaram ou fizeram da sua ostentação um modo de vida, primando antes pela austeridade e discrição. Finalmente, se houve grupo que teve os seus bens nacionalizados em 1975 e pouco ou nada beneficiou das ajudas do Estado para os reconquistar foi certamente o Grupo Mello.

Mas José Manuel de Mello, um homem tão frontal que por vezes chegava a ser áspero, também não foi amado por muitos dos seus pares. Na última entrevista que concedeu ao Expresso, então com 76 anos, não teve papas na língua. Disse que Cavaco tinha conseguido o que Cunhal não obtivera: a destruição dos grupos económicos em Portugal, ao privilegiar o encaixe financeiro em vez da sua reconstrução. Quanto aos novos grupos que apareceram, fizeram-no, segundo dizia, com capital comprado - e, a partir daí, gerem a dívida. E assim não previa nada de bom para o país, dando como exemplo o facto de uma pessoa como Silva Lopes não ver nenhum inconveniente em que a EDP estivesse em mãos espanholas.

Foi ele o principal dinamizador do Manifesto dos 40, que visava consciencializar o país para o perigo das empresas portuguesas serem vendidas a interesses espanhóis. O Manifesto foi acusado de reunir o interesse dos que queriam o proteccionismo do Estado. Manteve-se firme mas reconheceu que o documento serviu para muito pouco. José Manuel de Mello foi um exemplo de coerência, coragem e integridade, tento dado um enorme contributo para o desenvolvimento e modernização do país. Houvesse mais como ele e não estaríamos na situação em que nos encontramos.  Nicolau Santos Expresso.pt

Ditado Popular





 



Instale o novo Internet Explorer 8 otimizado para o MSN. Download aqui

Sócrates pediu abertura do processo que moveu contra João Miguel Tavares

É curioso que o primeiro-ministro, José Sócrates, tenha requerido a abertura de instrução do processo que moveu contra o jornalista João Miguel Tavares, noticia hoje o blogue da TSF "Governo Sombra", enquanto os factos relactados pelo jornalista andem pleas secretárias do Ministério publico sem que nada saia para a barra dos tribunais.
Como o priemiro-ministro convive mal com a democracia, o Ministério Público tinha determinado que o processo fosse arquivado, considerando que o artigo de opinião, "José Sócrates, o Cristo da política portuguesa", publicado no "Diário de Notícias", não ultrapassava os limites da crítica a Sócrates, enquanto figura pública. O primeiro-ministro, ao pedir a abertura de instrução do processo, mostra vontade de continuar com o litígio. É natural esta atitude do primeiro-minstro pois os seus poderes devem estar acima da lei, porque todos aqueles que de algum modo se lhe opuseram foram para a rua, ou foram processados!
O artigo de Março deste ano criticava o líder socialista quando este pediu "a decência da vida democrática", durante a abertura de um congresso. João Miguel Tavares defendeu que Sócrates deveria manter o "mínimo de decoro e recato em matérias de moral", depois de ser confrontado com as polémicas da sua licenciatura, do Freeport, entre outros casos.
Para o jornalista, ainda mais grave foram as declarações feitas por José Sócrates que insinuavam a sua ilibação automática por ter sido o governante mais votado pelo povo, mantendo uma lógica semelhante à de Fátima Felgueiras ou Valentim Loureiro. Tavares termina o seu texto de opinião comparando o primeiro-ministro ao líder da Venezuela. "Como político e como primeiro-ministro, não faltarão qualidades a José Sócrates. Como democrata, percebe-se agora porque gosta tanto de Hugo Chávez."
Na altura em que o processo foi arquivado o jornalista disse ao PÚBLICO que esperava que a decisão do MP fosse a do arquivamento do processo, já que no passado tinha escrito "coisas mais violentas sobre Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite e que nenhum deles o processou".
O primeiro-ministro já processou nove jornalistas. Cinco são da TVI, três do PÚBLICO e um do DN.



Conheça os novos produtos Windows Live. Clique aqui!

Gatos


A tensão na vida político-partidária portuguesa foi subitamente atenuada pela presença de figuras políticas num programa humorístico dos "Gatos Fedorentos". Aí está a ser possível ver tais personalidades num registo mais solto e descontraído, em que a interlocução com a genialidade de Ricardo Araújo Pereira consegue, muitas vezes, trazer ao de cima algumas dimensões humanas dos entrevistados. Fico com a sensação de que, para a generalidade da opinião pública, essas "entrevistas" têm sido um bálsamo, num ambiente de crispação pré-eleitoral que não tem facilitado a normalidade do seu quotidiano.

Porém, e à revelia do que me parece ser a ideia mais generalizada, pergunto-me se esta "dessacralização" das figuras políticas, com a respectiva recondução a um ambiente de obrigatório humor, não acaba por funcionar em detrimento de uma certa dignidade da política, como se a aceitação desta tivesse necessariamente que passar por uma rendição às versões mais palatáveis da linguagem mediática.

Mas pode ser que eu esteja a ver mal as coisas, concedo.

"Libé"


O "Le Figaro" e o "Libération", os principais diários franceses de acompanhamento da vida política, decidiram efectuar reformas gráficas, com vista a tornar a leitura mais fácil ou, para utilizar um bom termo anglo-saxónico, ser mais "reader-friendly". A aposta do "Libération", o "Libé" para os franceses, que tem já mais de uma semana, parece-me bastante melhor que a do "Le Figaro", que hoje se iniciou.

Estas mudanças gráficas recordaram-me uma história divertida, passada num concurso de admissão para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, nos anos 90, de cujo júri eu fazia parte.

Havia então um prova - não sei se, no actual regulamento, ainda existe - chamada "de apresentação", que consistia numa conversa de 20 minutos com cada candidato, e que tinha lugar entre as provas escritas e as orais. Três diplomatas "seniores" faziam parte desse painel, que entabulava uma conversa variada com o candidato, pretendendo saber um pouco dos seus interesses culturais e de vida, ao mesmo tempo que se aferia a sua capacidade de expressão, nomeadamente em línguas estrangeiras (parte da conversa era em francês ou inglês). Confesso que achei sempre essa prova um dos momentos de verdade da admissão à carreira diplomática: dela não se percebia se o candidato seria um bom diplomata, mas deduzia-se imediatamente se ele fosse totalmente não-dotado para a profissão.

Num dos dias, um dos jovens candidatos quis "dar-se ares" e, ao ser perguntado por mim se seguia a política internacional, adiantou, com grande firmeza: "Há vários anos que acompanho a imprensa internacional. Todos os dias leio o 'Libération'". Confesso que fiquei espantado! Se tivesse dito o "Le Monde", o "International Herald Tribune" ou mesmo o "Financial Times", era mais plausível. O "Libération", contudo, era um jornal que chegava a Portugal em quantidade muito limitada e era "obra" tê-lo como de leitura diária. Eu lia-o esporadicamente.

Decidi testar o rapaz: "Isso é muito interessante! Então você lê regularmente o "Libération"?! Nesse caso, talvez me possa dar a sua opinião sobre a reforma gráfica pela qual o jornal passou no último mês. Até deve lembrar-se, com certeza, do editorial da semana passada, no qual o Serge July avaliava esse esforço de auto-reconversão do jornal".

O nosso candidato embatucou, mas apenas por uns instantes. Com jeito e artes para não cair em contradições, lá disse umas coisas que, revelando ter uma vaga ideia do "Libération", demonstraram agilidade de raciocínio e capacidade de improviso. E, por isso, passou.

Há uns anos, encontrei-o num corredor das Necessidades e perguntei-lhe: "Então! Continua a ler o "Libération"?". Ambos demos uma boas gargalhadas. Se ele vê este blogue, este post é-lhe dedicado.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gestores públicos ganham prémios de 1,4 milhões

Os cinco administradores executivos da REN – Redes Energéticas Nacionais – receberam, em 2008, quase 1,34 milhões de euros em prémios de gestão. Ao todo, no ano passado, a REN pagou à administração executiva, incluindo gestores de outras firmas participadas pela REN, 1,41 milhões de euros. José Penedos, presidente desta empresa de maioria de capital público, diz que "quem responde pelas remunerações das empresas cotadas [em Bolsa, como é o caso da REN] são as comissões de remuneração e não os gestores". O presidente da REN, que foi reconduzido no cargo em 2007 pelo actual Governo, frisa que a empresa registou "o melhor desempenho, em 2008, no PSI 20", índice de referência da Bolsa.  A COMPOSIÇÃO É ESTA.
Nome Idade Cargo Ano da primeira eleição Ano do termo do mandato
José Rodrigues Pereira dos Penedos 63 Presidente 2001 2009
Aníbal Durães dos Santos 61 Administrador executivo 2001 2009
Vítor Manuel da Costa Antunes Machado Baptista 56 Administrador executivo 2001 2009
Rui Manuel Janes Cartaxo 57 Administrador executivo 2007 2009
João Caetano Carreira Faria Conceição 35 Administrador executivo 2009 2009
Luís Maria Atienza Serna 51 Administrador 2007 2009
Gonçalo José Zambrano de Oliveira 39 Administrador 2007 2009
Manuel Carlos Mello Champalimaud 63 Administrador 2007 2009
Filipe Maurício de Botton 51 Administrador 2008 2009
José Isidoro d'Oliveira Carvalho Netto  64 Administrador 2008 2009
José Luís Alvim Marinho 56 Administrador/ Presidente da Comissão de Auditoria 2007 2009
José Frederico Vieira Jordão 64 Administrador/ membro da Comissão de Auditoria 2007 2009
Fernando António Portela Rocha de Andrade 38 Administrador/ membro da Comissão de Auditoria 2008 2009 


Novo Internet Explorer 8: traduza com apenas um clique. Baixe agora, é grátis!

domingo, 20 de setembro de 2009

Adeus, Pedras

 

Raras vezes na vida me tem acontecido acabar por ter mais razão do que aquela que julgava ter.
Quando suscitei a questão do atraso dos projectos da Unicer para o Parque Termal das Pedras Salgadas (ver o texto aqui), parti de informação esparsa, que havia recolhido localmente. Daí a minha "extrema ignorância", como bem referem as declarações da Unicer, a qual, aliás, é comum à da generalidade da população das Pedras Salgadas, como então pude constatar. Coisa que se teria resolvido se a Unicer tivesse explicado publicamente, e de forma muito clara, o estado das coisas. Mas, pelo que agora disse, fica melhor a perceber-se o seu anterior embaraçado silêncio.
Os esclarecimentos que o jornal "i" agora trazem por parte da Unicer - finalmente! - falam por si e dão bem a medida do que, afinal, as Pedras Salgadas (não) podem esperar da Unicer.
Nas declarações prestadas ao jornal pela Unicer há uma sequencial e reveladora evolução nos termos utilizados quanto ao agora já apenas hipotético "hotel" nas Pedras Salgadas. Senão, vejamos.
Inicia-se com um imperativo "o hotel vai ser construído". Excelente, ficamos assegurados!
Segue-se, porém, um mais dubitativo: "É necessário rentabilizar a operação de Vidago para saber que projecto será viável para Pedras Salgadas". Mau! E quanto tempo vai isso demorar? Anos, com certeza!
Um pouco a seguir, o jornal adianta que a Unicer resolveu "suspender" a construção da unidade hoteleira, que está a ser "redesenhada". Prazos para isso? Nem vê-los!
A pedrada final nas Pedras vem a seguir, nas próprias palavras da Unicer: "Trata-se de um investimento de rentabilidade muito limitada. Diria mesmo que questionável".
E, finalmente, linhas adiante, fica a saber-se, pela boca da Unicer, que o hotel das Pedras Salgadas "está em reavaliação".
O leitores julgarão a extrema coerência evolutiva (a expressão "economia com a verdade" seria talvez um melhor eufemismo) que ressalta destas declarações, que são bem o espelho do que as Pedras Salgadas podem (não) esperar por parte da Unicer.
Restará agora ouvir vozes autorizadas da AICEP e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, para que possamos ver definitivamente mais claro neste assunto e saber se estes atrasos (confessados!) pela Unicer têm ou não cobertura oficial. E, mais do que isso, se são conformes aos seus compromissos, à luz dos quais receberam ajudas financeiras para estes projectos.
Os "projectos tartaruga" da Unicer para os parques termais, como bem os qualifica o "i", seguem, assim, o seu pachorrento ritmo. Mas no que toca à exploração dos lucros das águas, a Unicer sabe poder contar com Pedras Salgadas... em ponto!

Europa



Há dias, numa busca nocturna nas estantes mais recônditas dessa mina bibliográfica que é a "Shakespeare and Company", o alfarrabista de livros ingleses com melhor vista para a catedral da Notre Dame, dei com o livro "The Memoirs of an Ambassador", de Freiherr Von Schoen. Nunca tinha ouvido falar da personagem: foi membro do governo alemão, embaixador de Berlim em Paris de 1910 a 1914 e a pessoa que entregou o ultimatum alemão aos franceses, nas vésperas da 1ª Guerra Mundial. O livro havia sido editado em Londres em 1922, quatro anos depois da guerra, e a minha curiosidade maior era, naturalmente "et pour cause", o capítulo "Ambassador in Paris". E decidi matá-la, por uns meros 4 euros.
Retiro do livro esta passagem, cujo teor deve ser contextualizado à época precisa em que foi escrito: "Se ela (França) tivesse querido a paz, teria sido natural procurá-la mantendo-se em "tolerably" (deixo a expressão inglesa) bons termos connosco, enquanto vizinhos; nós queríamos isso, mas a França não se decidia a isso de forma incondicional. Estava, e continuou a manter-se, irreconciliável. Não obstante vários actos de cortesia e amizade da nossa parte, não obstante muitos, e nem sempre sem sucesso, esforços nossos para se chegar a um entendimento em aspectos pontuais, em trabalhar com a França em algumas questões internacionais de ocasião, que pudessem conduzir a um "rapprochement" (em francês no texto) em termos globais, e mesmo a despeito de intervalos de acalmia, a grande distância entre nós manteve-se aberta".
Deixo-lhes esta longa citação, a meu ver significativa do modo como um responsável de uma Alemanha derrotada viu, já em 1922, momento ainda traumático da relação do seu país com a França, como ínvia introdução a uma outra história, bem mais recente, mas que envolve também ambos os países.
Nas últimas semanas, estabeleceu-se aqui por França, nas colunas do "L'Express", entre Jacques Attali e o embaixador alemão em Paris, Reinhard Schafers, uma polémica a propósito da importância da queda do muro de Berlim e do papel relativo dos alemães nesse contexto. O primeiro desvalorizou o papel de Bona num artigo e o segundo contrariou-o, numa carta à revista, dizendo-se "chocado ao constatar que o medo do 'demónio alemão' esteja assim tão presente em alguns dos nossos amigos franceses", depois de "décadas de reconciliação, partenariado e vasta cooperação" entre os dois países.
Mas é a tréplica, que o prolífico escritor e antigo conselheiro especial de François Mitterrand Attali faz no último número da revista, que aqui me importa destacar. O que diz ele? No essencial, três coisas.
A primeira é que a queda do muro, em Novembro de 1989, "não é um acontecimento histórico importante", porque desde Agosto desse ano que milhares de alemães de Leste estavam já a sair para o Ocidente através da Hungria.
A segundo é que "os alemães não tiveram nenhum papel naquela queda" e que tudo ficou a dever-se apenas à vontade de Gorbachev. E afirma isto: "Sem ele, nada se teria produzido: se as tropas soviéticas tivessem atirado sobre os manifestantes na Polónia, na Hungria ou na Alemanha de Leste, como em 1956, 1968 e 1981, tudo teria entrado na ordem, a NATO não teria naturalmente levantado o mais pequeno dedo, o muro estaria lá e a URSS sem dúvida existiria ainda".
A terceira coisa que Attali relembra - e ele considera-se a si próprio "mais do que uma testemunha (como o embaixador o havia qualificado na sua carta), um actor desta história" - são as três condições que terão sido colocadas por Mitterrand para a unificação alemã: o reconhecimento da fronteira Oder-Neisse (entre a Alemanha e Polónia), a concretização do euro e a renúncia prévia da futura Alemanha à arma nuclear.
E Attali termina "choqué, pour dire le moins", por ver um embaixador alemão recusar-se a reconhecer a existência de um "demónio alemão", afirmando que "todos nós temos os nossos demónios e não é negando-os que os exorcizamos".
Este é um debate que, até na forma, não deixa de ser muito sintomático. Por ter lugar, por ainda mobilizar desta forma pessoas como Attali e, enfim, por provar que a Europa é também, e pergunto-me se para sempre, precisamente isto mesmo.

Gustave Flaubert

«A censura, seja ela qual for, parece-me uma monstruosidade, uma coisa pior do que o
homicídio: o atentado contra o pensamento é um crime de lesa-alma».

Pedras Salgadas.

 

Acaba de ser anunciado que a Unicer decidiu fazer entrega do Hotel Palace de Vidago ("do" Vidago, como dizem as gentes de lá) a um grupo hoteleiro de luxo francês, depois da intervenção feita por Siza Vieira naquele belo edifício - e cujo resultado arquitectónico ainda não tive o gosto de conhecer.
Mas o que eu já conheço - e bem! - é o impressionante atraso em que a Unicer está a arrastar as obras a que se comprometeu no Parque Termal das Pedras Salgadas, onde concentra todo o seu sistema industrial de engarrafamento de águas minerais, essa mina de ouro líquido que se esvai daquela terra, sem que para ela redunde um mínimo de contrapartidas. O já considerável atraso de tais obras está a criar uma situação angustiante para o comércio local, cujos últimos anos foram altamente penosos, precisamente devido ao encerramento do Parque e à perca progressiva da habituação da frequência do complexo termal.
Que fique claro: esta não é uma questão de natureza política, como alguns, de ambos os lados do espectro partidário, no calor das eleições que aí vêm, querem fazer crer e pretendem instrumentalizar, cada um à sua maneira. Trata-se apenas de um simples teste de honorabilidade da palavra de uma empresa que, perante as instituições oficiais do país, se comprometeu, para além de um conjunto de outras medidas, a abrir o Parque Termal das Pedras Salgadas e a construir, num prazo contratualmente bem determinado, um novo hotel - e não a estimular o surgimento de quaisquer sucedâneos, como já consta como pode vir a ser a alternativa.
A realidade é muito clara: o parque esteve e permanece fechado, as obras do hotel ainda não se iniciaram. Ora tudo isto contraria, em absoluto, aquilo a que a Unicer se comprometeu. Já corre que, como um também atrasado paliativo, a Unicer terá feito saber que o parque poderá abrir em 2010. Logo veremos, mas a grande questão, para a população local, aquilo que seria essencial a que a Unicer respondesse com clareza e precisão, seria dar a conhecer a data exacta do início e termo das obras do hotel - a única estrutura que tem verdadeiras condições para poder alavancar o renascimento das Pedras Salgadas como destino termal. Ou será já não haverá nenhum hotel, como muitos suspeitam já? O grande teste para a boa fé da Unicer, em toda esta questão, seria ela responder - sim ou não - a esta simples pergunta. Terá frontalidade para isso?
Se a Unicer quer continuar a ser vista no país como uma entidade económica de bem, prolongando a relação de confiança que havia construído inicialmente com as Pedras Salgadas, e também para justificar os fundos públicos que entretanto já recebeu, tem de devolver todo o conjunto termal das Pedras Salgadas... em ponto!
Se o fizer, exactamente nos termos que subscreveu, sem recuos nem revisões de projecto, efectuados com o acordo ou não de complacentes entidades sensíveis aos seus argumentos dilatórios, serei o primeiro a reconhecer que estive enganado e pedirei desculpas à Unicer por esta minha tomada de posição.
Se não o fizer, estarei entre os primeiros a ajudar a denunciar publicamente, por todos os meios que forem possíveis e necessários, que a empresa está a enganar as Pedras Salgadas e, em geral, a enganar o país, cujos fundos públicos lhe serviram para subsidiar esta sua operação de exploração económica, efectuada sob a condição de contrapartidas em matéria de melhoramentos turísticos, que até agora continuam a ser uma miragem. A escolha é da Unicer, claro.
Este post foge um pouco do tom normal deste blogue, mas até um embaixador tem o direito à indignação. E eu estou sinceramente indignado com esta situação, que diz bastante a uma terra a que estou muito ligado.