sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
duas ou três coisas
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Posted: 20 Feb 2014 05:49 PM PST Na minha infância, nas estantes da sala, havia um livro com um título que sempre me intrigou: "Aqui havia uma casa". A autora era Ilse Losa. Só anos mais tarde li o livro. Retratava a comoção de uma refugiada que regressa à sua casa de infância, que abandonou por virtude da guerra, e só encontra o espaço vazio no lugar onde nascera. Há dias, lembrei-me deste título. No início da passada semana, numa montra em Londres, vi um sobretudo a um preço convidativo. Era um saldo. Entrei, negociei e comprei. Era necessários uns arranjos. Estaria pronto no dia seguinte. Só pude voltar três dias depois. Entrei na rua e procurei a loja. Não a encontrei. Pensei ter-me enganado mas, por outras referências na área, concluí que estava no lugar certo. Pensei para comigo: "aqui havia uma casa" de roupa! De súbito, notei um espaço vazio, uma loja abandonada. Devia ser ali. Perguntei na vizinhança, mas ninguém se lembrava da loja. Mas que distração minha! Então eu não tinha o talão?! Claro que sim, só que o endereço nele indicado era... fora de Londres. Pelo endereço, cheguei a um telefone. Começou uma longa saga. A certo passo, apareceu na linha alguém que sabia da loja desaparecida. Tinha sido um espaço alugado apenas para a época dos saldos. Fechara na véspera! E o meu sobretudo? Era difícil saber o seu paradeiro. "Talvez daqui a uns dias apareça", disse-me um cavalheiro, que me deixou um número de telemóvel e me pediu uma morada para onde "tentaria que o sobretudo fosse enviado". Tudo muito vago. Eu partia nessa noite para Lisboa; não podia ser ainda nesse dia? "Sorry! No way!" Chegado a Lisboa, bombardeei a empresa com emails. Sem resposta. O meu único interlocutor respondeu, numa chamada telefónica, que... deixara de trabalhar na empresa. Mas que sabia que o assunto estava a ser tratado. Vi o caso mal parado. Sobretudo, vi o sobretudo cada vez mais longínquo. "To make a long story short": o sobretudo (espero que seja o mesmo!) apareceu ontem! Uma semana depois. Um amigo cuidou de o ir buscar. Agora está em Londres, o que não dá jeito nenhum. Se alguém souber de um portador, ficaria agradecido. A sério! |
Posted: 20 Feb 2014 03:55 PM PST É uma sensação curiosa voltar a um local que conhecemos bem, que nos foi íntimo, e olhar em volta, notar as diferenças, as novas caras que agora o ocupam, o novo discurso que as atravessa. Aconteceu-me esta tarde, na mesma sala que a fotografia mostra, sentado àquela mesma mesa. Não estive presente no momento retratado, em fins de abril de 1974, naquela que creio que foi a segunda aparição pública da Junta de Salvação Nacional (havia estado na primeira, na noite de 25 de abril, na RTP). Trata-se da sala de reuniões do palácio da Cova da Moura, que até então fora o Secretariado-Geral da Defesa Nacional e que se tornaria a sede da Junta. Na foto há muitas caras conhecidas, mas noto o meu amigo João Paulo Guerra, então repórter do "Rádio Clube Português". Algumas semanas mais tarde, eu viria a ser chamado a trabalhar com a Junta, como assessor. Nessa qualidade, várias vezes estive naquela sala, na altura sob a alçada do gabinete do general Costa Gomes, que herdou o gabinete de António de Spínola, quando este se mudou para o palácio de Belém, depois de entronizado presidente da República. Cerca de 20 anos depois, e por mais de cinco anos, em funções governativas, tive o gosto de vir ocupar esse mesmo gabinete, com esta mesma sala a servir-me para muitas reuniões, em especial para os encontros semanais da Comissão Interministerial dos Assuntos Comunitários (CIAC) - um exercício de coordenação com representantes de todos os ministérios envolvidos na vida europeia (apenas o Ministério da Defesa não tinha razão para estar regularmente presente). Um dia, Jaime Gama e eu decidimos atribuir àquela sala o nome de Ruy Teixeira Guerra, uma homenagem simples a um grande embaixador, um precursor da política de integração europeia de Portugal. Passaram mais 20 anos. Regressei hoje uma vez mais àquela sala, para um debate, com um convidado estrangeiro, sobre o acordo comercial entre a UE e os EUA. Verifiquei que alguém, entretanto, se lembrou - bela lembrança! - de nela colocar, numa moldura, a fotografia que recorda a célebre reunião da Junta de Salvação Nacional. Sabe sempre bem regressar a um lugar que nos diz muito. |
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Má Despesa Pública: Vasco da Gama: até dá vontade de chorar só de olha...
Má Despesa Pública: Um país a comer bola
Optimus multada em 4,5 milhões no caso secretas.
Optimus recorre para o tribunal
Optimus multada em 4,5 milhões no caso secretas - Expresso.pt
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Não, a natureza não está zangada.
A minha mãe garante-me que a natureza está zangada com a humanidade. Eu gosto quando a minha mais-do-que-tudo-mais-velha diz estas coisas, porque o realismo mágico soprado por alentejanas faz parte da minha educação literária. O problema surge quando oiço pivots, comentadores e políticos a namorar a mesma léria para explicar de forma séria o mau tempo dos últimos dias. É assim a religião verde, um portento de realismo mágico que se julga um tratado científico. A natureza, dizem, está a castigar o homem devido aos pecados provocados pelo motor de combustão; estas tempestades só existem por causa da actividade industrial do homem. Ora, as parecenças entre este ambientalismo e o fanatismo religioso de outrora são impressionantes: em 1755, após o terramoto de Lisboa, muitos padres afirmaram que aquilo era um castigo de Deus. Como já vimos, a linguagem apocalíptica dos ambientalistas segue à risca esta forma de pensar. E o problema está aqui. Ao recuperarem a visão religiosa da natureza, ao transformarem a natureza numa divindade castigadora, os ambientalistas estão a pôr em causa os princípios racionais que presidem ao triunfo da ciência.
1755 foi um momento fundamental no pensamento europeu. Após o terramoto de Lisboa, Deus deixou de contar para a explicação dos fenómenos naturais. Tendo o nosso Katrina como ponto de referência, homens como Kant estabeleceram para sempre a diferença entre o mal natural provocado por uma onda gigante e o mal moral provocado por um exército. É por isso que nós conseguimos distinguir entre Katrina e Guerra do Iraque. Parece óbvia e natural, mas esta ferramenta só estabilizou no século XVIII. E esta separação conceptual e moral entre Deus (mundo moral) e natureza (mundo natural) foi a chave decisiva para o avanço da ciência tal como a conhecemos: se a natureza não é a extensão moral de Deus, se não é Deus que movimenta os ventos da Stephanie, estamos então livres para explicar os fenómenos naturais através de um pensamento não-teológico, não-moral, um pensamento livre de constrangimentos religiosos e políticos.
Não, a natureza não está zangada. Antes e depois do tubo de escape, a natureza não é a resposta aos nossos pecados. Deixem o realismo mágico na literatura.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/nao-a-natureza-nao-esta-zangada=f855323#ixzz2t0KUvE90
AINDA A COMPRA DOS SUBMARINOS
Um comentador europeu dizia a um canal francês :
– " Reparem o que aconteceu com o caso dos submarinos que envolve alemães, gregos e portugueses:
– Na Alemanha prenderam 3 indivíduos , na Grécia prenderam 1 e em Portugal mandaram 1 deles para presidente da Comissão Europeia e o outro é o vice primeiro ministro do país"
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
duas ou três coisas
duas ou três coisas | |
Posted: 06 Feb 2014 06:11 PM PST Imagino que, para alguns jovens de hoje, o termo "saneamento" não ultrapasse a ideia de redes de esgotos e canalizações. Porém, se acaso tivessem vivido uma vida adulta após a Revolução de abril, saberiam que o termo foi então abundantemente utilizado para significar o afastamento forçado de pessoas de algumas estruturas e instituições, quer por alegadas ligações ao regime ditatorial quer, num momento subsequente, por acusações de resistência ao "processo revolucionário" então em curso. O caso do afastamento de mais de duas dezenas de jornalistas do "Diário de Notícias" foi um dos "saneamentos" que então gerou mais polémica. É que muitos dos "saneados" estavam longe de poderem ser qualificados de "fascistas", sendo apenas pessoas que resistiam ao controlo do jornal por uma linha muito próxima do PCP. Pode dizer-se que pelo DN passou então a fronteira da clivagem mais evidente no seio da Revolução. Nomes como José Saramago ou Luis de Barros emergiram, a partir daí, como os principais responsáveis por essa operação política, que ficou na história do jornalismo português. Foi agora anunciado o lançamento de um livro que recolhe uma tese universitária sobre o tema. Atento o que se conhece sobre o nível da orientação académica do trabalho, deve esperar-se um texto rigoroso. Veremos se assim é. Alguma polémica em torno da utilização de uma imagem do jornal como capa está a funcionar como involuntária propaganda para o lançamento da obra, que irei ler com cuidado, como julgo que fiz com quase tudo o que se escreveu sobre aquela época. Zita Seabra, a operosa editora da Alethêa, que publica o livro, aparece, uma vez mais, na linha da frente de uma iniciativa que, diga-se o que se disser, pretende confrontar os comunistas com o seu passado. Como "voyeur" regular desses tempos, só me posso congratular com o facto de novos dados virem à tona. Isso não teria, assim, nada de mal, não fora dar-se o caso dessa mesma Zita Seabra ter sido, à época, uma das mais ferozes e sectárias militantes do PCP. Reconheço o direito a que as pessoas mudem de opinião e assumam a sua distância face a um passado a que entendem já não deverem fidelidade. Mas acho que alguma maior contenção seria recomendável. Nunca é agradável ouvir um membro de um casal desavindo fazer revelações sobre a intimidade dos seus antigos tempos. |
Posted: 06 Feb 2014 11:10 AM PST Começava a ser estranho! O avião chegara à Portela já há cerca de uma hora e nem sinais havia do advogado britânico que, nessa manhã, se deslocara a Lisboa para aquela reunião. E, por imprudência, ninguém na empresa tinha o seu telefone. Ter-se-ia perdido? Era a primeira vez que o homem vinha a Portugal e, infelizmente, não fora possível enviar um carro para ir buscá-lo ao aeroporto. Mas o trajeto era relativamente curto e, de taxi, bastaria, no máximo, um quarto de hora. Que fazer? Começar a reuniào sem ele? De súbito, um dos contactos do advogado na empresa recebe um telefonema. Era o homem! Vinha de taxi e informou: "Estou a chegar! Já estou a atravessar a ponte!" Os taxistas do aeroporto de Lisboa são um dos "orgulhos" do nosso país. Lembrei-me ontem à noite desta história, que alguém há dias me contou, ao sair do aeroporto de Lisboa para casa. Pelo caminho mais direto. |