segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vingado

Francisco Seixas da Costa

 

Eu tinha sete anos. De visita a Lisboa, fui com o meu pai, primos e tios, ao estádio do Jamor. Portugal jogava contra a Suécia. Nada de muito importante, apenas um jogo particular.

 

Portugal, por esses tempos, andava muito longe das provas mundiais ou mesmo europeias. Pelo contrário, em jogos internacionais o nosso país tinha então um comportamento medíocre e levava "abadas" monumentais, de que (felizmente) já nos esquecemos, entretidos que andávamos com os paroquiais Sporting-Benfica, com o Porto então a levantar a cabeça apenas a espaços, nesses tempos em que o sr. Andrade (daí o nome de "andrades", sabiam?) pagava as bancadas do estádio da Constituição e o sr. Adriano Pinto ainda não tinha levado a gestão da arbitragem para locais à sombra do viaduto Gonçalo Cristóvão.

 

Como é óbvio, não tenho a menor recordação do jogo de 1955. Ou melhor, desde sempre uma vaga ideia de que o mítico Matateu fazia parte da equipa. A minha precocidade futebolística nem sequer registou os dois golos com que (agora verifico) José Águas terá atenuado, na segunda parte, o seis "secos" que Costa Pereira encaixou.

 

Ontem, num hábil desvio de cabeça a um cruzamento precioso de Miguel Veloso, Cristiano Ronaldo vingou-me, não obstante ser na Luz, essa tarde de 1955, no velho Jamor. Tudo está bem quando acaba bem.


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