quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Mônica e Portugal


Há uma regular comentadora brasileira deste blogue, de seu nome Mônica (no Brasil usa-se o acento circunflexo no nome), cuja candura chega, algumas vezes, a baralhar a nossa lógica. A Mônica gosta de Portugal e assume, face a realidades que por aqui reflito, sentimentos simples e ternurentos.

Ontem, como poderão ler, a propósito do euro, a Mônica dizia-me: "Tenha um bom fim de tarde sem pensar em Portugal. Pode? Porque acho que está certo, mas fazer o quê?".

Eu agradeço imenso à Mônica o seu cuidado. Mas tenho de responder-lhe: não posso, Mônica, provavelmente o defeito é meu, talvez eu devesse "desligar", mas não consigo. Cada vez menos.

Para melhor nos tentar perceber - as pessoas como eu -, a Mônica tem de ler um grande poeta português que, infelizmente (e bem tentei!), não está ainda editado no Brasil. Chama-se Alexandre O'Neill e escreveu, por exemplo, isto*:

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...

De qualquer forma, e com sinceridade, muito obrigado, Mônica!

* Já um dia por aqui publiquei isto. Mas nunca é demais.

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